Scientia Ad Sapientiam

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“Não há homem imprescindível, há causa imprescindível. Sem a força coletiva não somos nada” - blog da retórica magia/arte/foto/imagem.

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Sociedade da Informação, o grande arquivo do conhecimento

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Sociedade da Informação - O arquivo,  o mostro e o império


A possibilidade da desinformação em processos informativos como componente intrínseco da comunicação humana. Em parte é fenômeno normal, por conta de dupla seletividade: nosso aparato perceptor capta o que lhe é viável captar, e cada sujeito capta de acordo com seus interesses. O problema está, sobretudo, na manipulação excessiva da informação, provocando efeitos imbecilizantes mais ou menos ostensivos. É o caso do advertising que pretende causar um tipo de influência imperceptível muito efetiva, porque se apóia em estratégias refinadas de conhecimento especializado. É fundamental preservar o ambiente crítico e autocrítico para poder reduzir e controlar a informação.

Utiliza-se a nomenclatura da “sociedade do conhecimento” praticamente como sinônimo de “sociedade da informação”, mesmo que esta última noção contenha, como mostra com grande verve Castells, ainda a perspectiva da “rede”. O conceito de rede está bem mais próximo do campo da informática, apontando ademais para o mundo virtual da rede não física, embora não menos real. Sem rebuscar filigranas conceituais, creio que a problemática se concentra em dois patamares mais visíveis:


a) de um lado, temos o desenvolvimento sem precedentes do conhecimento como bases emancipatória ambíguas desta sociedade, provocando condições mais favoráveis de condução autônoma, como bem mostram Böhme/Stehr em sua discussão sobre a  sociedade do conhecimento:

“O que distingue uma sociedade do conhecimento acima de tudo, do ponto de vista de suas precursoras históricas é que se trata de uma sociedade que é, a um nível sem precedentes, o produto de sua própria ação. A balança entre natureza e sociedade, ou entre fatos além do controle dos humanos e aqueles submetidos a seu controle, elevou-se de modo impressionante. Elevou-se mais e mais para as capacidades que são construídas socialmente e permitem que a sociedade opere por si mesma” (p. 19);

Embora se trate de uma trajetória de emancipação muito ambivalente, por conta dos efeitos colonizadores persistentes, não se pode evitar de reconhecer que a capacidade de condução da história aumentou  flagrantemente; o processo galopante de informatização pode ser reconhecido como seu carro chefe, porque condensa os mais evidentes impactos teóricos e práticos do conhecimento;


b) de outro lado, porém, é mister observar que outra mola mestra comparece à cena, que é a competitividade econômica baseada na produção e uso intensivos de conhecimento, revelando que a dinâmica desta sociedade do conhecimento é feita de modo preponderante pelo mercado neoliberal; em termos teóricos, estaríamos vivendo agora a “mais-valia relativa”, como assinalava Marx, fundada em ciência e tecnologia, ou seja, a produtividade econômica é alimentada essencialmente, não mais pela força física do trabalhador, mas por sua inteligência; Marx, sem fazer maiores aprofundamentos sobre a mais-valia relativa, previu que traria consigo repercussões inimagináveis no processo produtivo, embora sem desfazer seu caráter espoliativo; ao contrário, como mostram outros autores, o trabalho duro, em vez de recuar, parece, amplamente, tornar-se ainda mais dramático; enquanto para uma menor parte dos trabalhadores é sempre possível produzir mais e melhor com menos horas trabalhadas, para muitos, sob o efeito da mais-valia, é mister trabalhar ainda mais para obter ou manter os mesmos salários, cuja tendência de decréscimo é geral.

O Arquivo e o Monstro

Ou como utilizar os conhecimentos ocidentais para marginalizar

Impressão de domínio e compreensibilidade do real. Mais do que uma ação coordenada e centralizada...

A existência de um “arquivo” substitui a própria existência de um controle efetivo, mais fácil unificar dados do que o próprio território. Utopia do “arquivo imperial”. Saber compreensivo, objetividade do dado factual. Explosão documental  =  simulação da imagem total e exaustiva da realidade. O monstro e o perigo do controle. Inexistem monstros na literatura vitoriana. Drácula – o monstro – significa desvio do que é conhecido, mutabilidade da forma.

Escrito, oral ou filmado, o arquivo é sempre o produto de uma linguagem própria, que emana de indivíduos singulares ainda que possa exprimir o ponto de vista de um coletivo (administração, empresa, partido político etc.). Ora, é claro que essa língua e essa escrita devem ser decodificadas e analisadas.
Mas, mais que de uma simples "crítica interna", para retomar o vocabulário ortodoxo, trata-se aí de uma forma particular de sensibilidade à alteridade, de "um errar através das palavras alheias", para retomar a feliz expressão de Arlette Farge. É esse encontro entre duas subjetividades o que importa, mais que o terreno sobre o qual ele se dá ou o tipo de rastro que o torna possível através do tempo.

Nesse sentido, muitas vezes esquecemos que muitos arquivos escritos não passam eles próprios
de testemunhos contemporâneos ou posteriores aos fatos, dotados de um componente irredutível de
subjetividade e de interpretação que sua condição de "arquivo" absolutamente não reduz: é o caso dos autos policiais - para tomar apenas um exemplo entre os arquivos ditos "sensíveis" -, que muitas vezes são apenas o resultado de transcrições escritas e conservadas de depoimentos orais que foram objeto de uma mediação, de uma narrativa, a qual não pode senão alterar a declaração original feita pelo ator ou a testemunha interrogada. A escrita, a impressão, portanto a possibilidade de um documento resistir ao tempo e acabar um dia sobre a mesa do historiador não conferem a esse vestígio particular uma verdade suplementar diante de todas as outras marcas do passado: existem mentiras gravadas no mármore e verdades perdidas para sempre.

O Arquivo utópico. Na impossibilidade de controlar o território, produzam dados. Um grande arquivo utópico.


Finalmente, o testemunho assim como o arquivo dito escrito revelam por sua própria existência uma falta, idéia esta tomada emprestada a Michel de Certeau. O vestígio é, por definição, o indício daquilo que foi irremediavelmente perdido: de um lado, por sua própria definição, o vestígio é a marca de alguma coisa que foi, que passou, e deixou apenas o sinal de sua passagem; de outro, esse vestígio que chega até nós é, de maneira implícita, um indício de tudo aquilo que não deixou lembrança e pura e simplesmente desapareceu... sem deixar vestígio - todos os arquivistas sabem que perto de nove décimos dos documentos são destruídos para um décimo conservado. Que historiador um dia não foi tomado de desespero diante da tarefa que o espera e dos milhões de documentos a serem lidos, para, no dia seguinte, ser tomado de vertigem diante de tudo o que jamais poderá saber, de tudo o que nunca será nem "memória", nem "história"?



Monstruosidade = desconhecido.




O monstro e o Império



Entretanto, a questão mais dura refere-se ao processo manipulativo por vezes ostensivo que a sociedade da
informação nos impinge. Basta olha para a lógica do advertising: seu objetivo é claramente manipular nossas
motivações, atingindo de preferência níveis subliminares. Somos levados a comportamentos atrelados sob a
expectativa de que estamos exercendo nossa liberdade mais criativa. Rushkoff, em tom irritado, pergunta-se por que acreditamos nisso tudo de maneira tão inocente, se o pano de fundo é de nítida coerção. O problema é que se trata de coerção muito bem construída, tão bem que não se percebe como tal. Algo similar pode-se dizer do marketing, que representa estratégias inteligentes de convencimento sub-reptício, armadas com refinados processos de informação dirigida. Vivemos numa época em que o marketing se tornou cultura e a cultura marketing, enredando-se no mesmo novelo, dificultando extremamente o surgimento de contraculturas. Há ainda a queixa constante contra a invasão da privacidade, tornando tudo informação devassada, como é o caso já público e notório das câmaras eletrônicas de controle, supostamente para fins de segurança. Pode haver o lado da transparência, como quer Brin*, mas dificilmente não predomina o lado da prepotência manipulativa.

* BRIN, D. The transparent society: will technology force us to choose between privacy and freedom? Reading : Perseus Books, 1998.

O Império contra-ataca


Necessidade de mobilização de imensa quantidade de dados, mais do que um arquivo real, o arquivo imperial implica na possibilidade de qualquer arquivo. Quanto mais se envolve nas malhas informacionais do Império, mais vulnerável sua resistência.


Como não é possível fugir da manipulação, o que de melhor conseguimos até hoje é montar estratégias
abertas de controle, sabendo que controle total é impraticável, sobretudo indesejável. A contra-interpretação é o corretivo da interpretação, sempre sob risco, assim como a coerência da crítica está na autocrítica. Destarte, a manipulação menos prejudicial é aquela que se oferece à discussão aberta. Falando, por exemplo, de noticiários da televisão, alguns diriam que o “Jornal Nacional” da Globo tende a ser “oficial”, no sentido de veicular o que favorece a ordem vigente. A seletividade manipulativa da informação aparece na ênfase sobre notícias favoráveis ao status quo, bem como na maneira de arrumar as notícias e na retórica e estética que as cercam, em particular nos locutores e efeitos especiais. É imbecilizante no sentido de que nos tolhe a visão crítica, fazendo-nos crer que a maneira mais atraente de dar notícia é a própria. Desfaz seu caráter disruptivo, induzindo-nos à acomodação. Outros noticiários também são manipulativos, por certo, mas podem, em seu contraponto, conclamar algo de espírito crítico e, quando menos, não ser tão manipulativos.
Marcas globais que vendem notícias
Marcas globais que vendem notícias hegemônicas


No pano de fundo de todos, tremula a bandeira certa do mercado:
notícia de verdade é aquela que vende.





Heróis e vilões em papéis trocados


O Conde Drácula não é capturado por sua incapacidade de controlar os fluxos informacionais, sua vulnerabilidade encontra-se na necessidade de mediações culturais e físicas no deslocamento para o centro do mundo imperial. Sua mutabilidade é transformada em novos conhecimentos pelo Império. Neste sentido, não seria correto falar de “contaminação”, porque a ambiguidade é intrínseca ao fenômeno comunicativo, como qualquer hermenêutica atestaria sem maiores problemas: todo processo interpretativo supõe um sujeito culturalmente contextuado. Desinformar faz parte da informação, assim como a sombra faz parte da luz. Trata-se do mesmo fenômeno, apenas com sinais inversos. Estudos sobre a tessitura do conhecimento apontaram freqüentemente para esta característica ambivalente, a começar pela idéia de “conhecimento proibido”. Esta noção tão comum na sociedade e em muitos de seus mitos e narrativas religiosas (por exemplo, no Gênesis, o pecado propriamente dito de Adão e Eva foi comer da árvore do conhecimento), aponta para a periculosidade própria do conhecimento: quanto mais inovador, menos bem comportado. Emancipar-se, com efeito, implica capacidade de confronto, quebra da ordem vigente considerada impositiva e injusta, consideração de alternativas.

Sua face disruptiva parece evidente, porque conhecer implica intrinsecamente questionar. Sua tendência desconstitutiva é frontal, embora possa ser facilmente dissimulada.

Questões


   
  • Você consegue agora perceber melhor as relações entre racionalidade, cultura e poder?
  • De que forma as relações de poder passam pelo controle informacional?
  • É possível pensarmos hoje em um novo colonialismo informacional? Em que termos?
  • Como ajuda a um futuro profissional da informação entender esse controle?




Vulnerabilidade = ignorância

A inteligência está na habilidade de lidar com a ambivalência. Aprender é sobretudo saber pensar, para além da lógica retilínea e evidente, porque nem o conhecimento é reto, nem a vida é caminho linear. Saber criar depende, em grande parte, da capacidade de navegar em águas turvas, saltar onde menos se espera, vislumbrar para além do que é recorrente. A informação não pode ser receita pronta, mas o desafio de a criar, mudar, refazer. O risco de manipulação é intrínseco, mas é no risco que podemos reduzir a manipulação.

A sociedade da informação informa bem menos do que se imagina, assim como a globalização engloba as pessoas e povos bem menos do que se pretende.


Na sociedade da mercadoria, mercadoria vem antes. A informação é em si ambivalente, tanto em quem a pronuncia, quanto em quem a recebe. Em todos os momentos passa pelo filtro da subjetividade, além de sua dimensão estar limitada pelo aparato perceptor e conceitualizador. Mas é esta ambivalência que resgata
sempre a possibilidade de criar, inventar. Se tudo fosse apenas lógico, seria apenas repetitivo. O mundo da informação é agitado, conturbado, porque é, ao mesmo tempo, intrinsecamente manipulado e impossível de ser totalmente manipulado.

A matriz é real

Poderia ser uma história em quadrinhos ou um conto de fadas, mas não é. A Matrix é real e está no controle do sistema para inevitavelmente eliminar o ser humano, consumindo toda sua energia vital transformada em lucro para sustentar os donos do sistema. {In}felizmente o ser humano tem a capacidade de escolha. E a raça humana poderá decidir qual será seu futuro. Enquanto isso guerreiros surgem e apavoram o status quo das leis e das regras do jogo impostos pelo mercado. Este sim é o dono do jogo, o Estado é seu juiz e a sociedade é o tabuleiro. Você, um simples peão. 

Na  sequencia de imagem abaixo vemos um deses personagens da vida real.

Poderia ser o NEO de MATRIX, mas é apenas um cidadão fugindo dos capatazes do Estado, aplicando uma belíssima voadora no agente Smith e escapando pela única saída possível: a busca por sua liberdade.


E a vida continua...



Fontes:
Thomas RICHARDS.O arquivo e o mostro. The imperial archive: knowledge and the fantasy of empire. London, New York: Verso, 1993.
Pedro DEMO. Ambivalências da sociedade da informação. Ci. Inf., Brasília, v. 29, n. 2, p. 37-42, maio/ago. 2000
Henry ROUSSO.O ARQUIVO OU O INDÍCIO DE UMA FALTA. Revista Estudos Históricos, Rio de Janeiro, n. 17, 1996
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Globalização e Multiculturalismo – um alerta de controle total PARTE 1

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Globalização e Multiculturalismo – um alerta de controle total PARTE 1

Este post era pra ser inicialmente sobre saúde, apenas.
Acontece que existe a necessidade de contextualizar a urgência que se tem agora, no exato momento que escrevo isso, de reafirmar quais são as premissas de uma consciência em torno de temas como saúde, educação, informação e controle social. Urge o tempo para a mudança ou o caos dominará a cena que, de uma forma ou de outra acabará, ou na transição das eras mas a que esta custa a nos deixar.
Temos as ferramentas prontas, tecnologia, medicina, gente e mapeamento do genes, sistema de informação em redes, porém faltam-nos os agentes, os recursos humanos que ainda estão adormecidos, embriagados na era que já se foi. Uma espécie de ressaca do milênio.
As fontes textuais, neste caso, são tão diversas quanto é a complexidade. E ao mesmo tempo, a simplicidade a que se pode chegar ao ler e concatenar todas estas ideias, podem nos levar ao entendimento.  Ou não, como diz nessa bela canção de Tom Zé:

A gente mente no gene da gente, no gene da mente a gente mente.

Então boa viagem!

Globalização e Multiculturalismo – um alerta de controle total

As pessoas têm direito a serem iguais sempre que a diferença as tornar inferiores;
Contudo, têm também direito a serem diferentes sempre que a igualdade colocar
em risco suas identidades.
(Boaventura de Souza Santos)
O período em que vivemos, é marcado por diversas transformações em todo o mundo.
As formas de vida bastante rígidas ou severas que eram utilizadas para regular as relações em sociedade, vêm sendo, pouco a pouco, desgastadas.
Isto traz diversas consequências no dia-a-dia das pessoas.
É, pois, um momento de crise nestas formas de vida.

O Homem racional e o Cidadão da modernidade. Choque de civilizações e a vitória do terror?

MULTICULTURALISMO E A SOCIOLOGIA
“Em meio à luta contra o terror detonada pelo 11 de Setembro, o presidente americano George W. Bush referiu-se à empreitada da coalizão ocidental no Oriente Médio e no Afeganistão como uma "cruzada".
"O terrorismo continua atuando, não devido a seu poder ideológico ou físico, mas porque as nações que dele são vítimas não conseguem detê-lo".
(A.M. Rosenthal. "O Globo", 02/08/96, p. 07)
A civilização é um processo social em si, inerente aos agrupamentos humanos que tendem sempre a evoluir com a variação das disponibilidades econômicas, principalmente alimentares e sua decorrente competição por estes
com os agrupamentos vizinhos.
Civilização é um complexo conceito da antropologia e história. Numa perspectiva evolucionista é o estágio mais avançado de determinada sociedade humana, caracterizada basicamente pela sua fixação ao solo mediante construção de cidades, daí derivar do latim civita que designa cidade e civile (civil) o seu habitante.
Para Darcy Ribeiro, a evolução sociocultural consiste no movimento histórico de mudança dos modos de ser e de viver dos grupos humanos, desencadeado pelo impacto de sucessivas revoluções tecnológicas (agrícola, industrial, etc.) sobre sociedades concretas, tendentes a conduzi-las à transição de uma etapa a outra, ou de uma a outra formação sociocultural.

Identidade cultural

A "Civilização" também pode se referir à cultura de uma sociedade complexa, e não apenas à sociedade em si. Toda sociedade civilização, ou não, tem um conjunto específico de idéias e costumes e um determinado conjunto de manufaturas e artes que a tornam única. As civilizações tendem a desenvolver culturas complexas, que incluem a literatura, a arte, arquitetura, uma religião organizada e costumes complexos associados à elite.
Centralidade nos fenômenos sociais contemporâneos e em suas análises.
Papel constitutivo da cultura.
Revolução cultural.
Diversidade de culturas.
Associação das diferenças culturais às relações de poder.

A cultura popular e o gênio de alguns escritores também falam de certas civilizações lendárias, que supostamente foram esquecidas pelo tempo, mas das quais de fato não existem provas concretas.
O padrão comum nestes casos é o de uma terra utópica de riqueza e prosperidade de alguma forma isolada do resto do mundo e que eventualmente é destruída em uma catástrofe. Dentre estas civilizações lendárias se destacam:
O afundamento de Atlântida corresponde ao Dilúvio Universal?

Currículo e a Cultura

Ampliação do termo currículo.
Currículo, como a cultura: prática social; produz significados; contribui para a construção de identidades.
Políticas de identidade.
Como respondemos, no campo do currículo, ao caráter multicultural de nossas sociedades?
ATITUDE A SER DESENVOLVIDA EM RELAÇÃO À PLURALIDADE CULTURAL.
META A SER ALCANÇADA EM UM ESPAÇO SOCIAL.
ESTRATÉGIA POLÍTICA.
CORPO TEÓRICO DE CONHECIMENTOS.
CARÁTER ATUAL DAS SOCIEDADES OCIDENTAIS.
MULTICULTURAL: características sociais e problemas de governabilidade apresentados por sociedades com diferentes comunidades culturais.
MULTICULTURALISMO: estratégias e políticas usadas para governar ou administrar problemas de diversidade e multiplicidade em sociedades multiculturais.
STUART HALL


ALERTA GERAL

Fim do velho sistema europeu e lutas de libertação das colônias.
Fim da Guerra Fria e ruptura da União Soviética.
Globalização e seus efeitos.
MULTICULTURALISMO CRÍTICO
– Sensibilidade para a pluralidade;
– Redução de preconceitos e discriminações;
– Responsabilidade de todos no esforço por reduzir a opressão;
– Contextualização e compreensão da produção das diferenças.

 

Mercenários como agentes de instabilidade regional

No século XVI, o pensador florentino Nicolau Maquiavel já alertava para os desafios de se empregar mercenários em um conflito. O filósofo apontava principalmente para a efemeridade da lealdade desses soldados, motivados por razões pecuniárias e capazes de mudar de lado em uma batalha sem grandes ultimatos.
Algumas centenas de anos depois, a volatilidade dos soldados contratados ainda é um ponto sensível no cenário global. Apesar da existência de normas internacionais claras que proíbem a utilização de mercenários – melhor codificadas no 1º Protocolo Adicional de 1977 da 4ª Convenção de Genebra de 1949 – o emprego desse tipo de combatente está longe de se ver extinto. Mais importante, a privatização do uso da força ganhou novo fôlego com a entrada de atores ainda mais sofisticados: as chamadas Companhias Militares Privadas (CMP). Famosas principalmente pelo seu emprego maciço nas guerras do Afeganistão e do Iraque, principalmente por parte dos Estados Unidos, tais empresas acabaram tendo seus nomes ligados a uma série de violações humanitárias. A mais famosa, envolvendo a morte de civis iraquianos por contratados da norte-americana Blackwater, trouxe à tona a dificuldade de se classificar juridicamente tais empresas. Apesar de poderem, a priori, ser definidas como mercenárias, não há consenso internacional sobre como enquadrá-las juridicamente.  O uso de soldados contratados, vale ressaltar, não está restrito às potências Ocidentais.

Leia a matéria completa aqui:
http://www.pordentrodaafrica.com/cultura/mercenarios-como-agentes-de-instabilidade-regional-o-caso-da-libia-por-fernando-luz-brancoli#ixzz334IJpOhW

Mais referencias
http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/sociedades-secretas-brasil-lado-oculto-poder-


Tecnologia, Ética e Poder

Acadêmico - Artigos
por Jana de Paula
24-Out-2006

Todos os dias, lemos ou ouvimos sobre novos lances no jogo de forças entre os gigantes mundiais que definem os rumos da tecnologia no mundo. Ou sobre lançamentos de produtos
e serviços mais abrangentes e simples de usar. Enquanto os boards dos colossos tecnológicos deslocam somas fantásticas para o desenvolvimento de novas tecnologias ou os grandes
consultores predizem os rumos deste ou daquele padrão, um outro grande grupo se expande no mundo. O daqueles que buscam respostas para duas simples perguntas:

A quem a tecnologia beneficia?

A quem ela deve beneficiar?

Este grupo é antigo. Ele surgiu simultaneamente ao esforço do homem de facilitar a própria vida, através da técnica, das ferramentas, do engenho. Ele não forma uma organização
estabelecida, com estatutos e corpo de diretores. Mas seus membros - pensadores, filósofos, cientistas, empresários, tecnólogos, médicos etc. - prestam contas, sistematicamente, de seus
insights. Eles se preocupam com a origem da Ciência e Tecnologia; e reúnem conceitos sobre o valor que elas têm para o benefício da vida no planeta. Eles aplicam a Ética.
Desde o primeiro engenho criado para o seu bem estar, o homem produz tecnologia. Mas não vamos começar de tão longe. Vamos partir de período mais adiantado no tempo, quando este tipo de discussão passou a ser sistematizado. No momento em que o filósofo grego Sócrates (470 a 399 a.C.) reconheceu:

"Só sei que nada sei"

Deu um dos primeiros "gritos de guerra" desta confraria que se preocupa com a distribuição o mais igualitária possível do conhecimento. Ele sugeria, assim, que por fantástica que uma ideia fosse ela
sempre poderia ser superada por outra e que se estabilizar num status quo de uma vez por todas era o maior erro que se pode cometer. Mas a este pensamento, ele acrescentou outro:

"Conhece-te a ti mesmo".

A evolução do homem na Terra, recomendava Sócrates, deveria visar a busca constante de perfeição a partir de uma evolução intrínseca e, não, de dados externos, fossem eles quais fossem. Apesar de conferir aos artesãos e fornecedores de serviços um importante papel na vida das cidades gregas, na Antiguidade, era à evolução do homem em valores internos que ele conferia o verdadeiro valor da atuação humana no mundo.
Francis Bacon é outro ‘pai' desta comunidade.
Ao cunhar a expressão

"Conhecimento é poder",

ele formou um dos mais poderosos insights entre os seres humanos na busca da qualidade de vida no planeta. É claro que, naquela época (séculos XV e XVI), e hoje, muitos
interpretam - e praticam - o oposto do que o cientista quis dizer; e tomam para si o poder do conhecimento de modo a subjugar sociedades inteiras. Mas Bacon pensou no poder de um conhecimento disseminado e horizontal, pois, como Sócrates, seu objetivo era a evolução pessoal, particular de cada indivíduo como único meio de se alcançar uma sociedade verdadeiramente justa.

Muitos outros pensadores, filósofos e cientistas continuaram e continuam a desenvolver as idéias iniciais destes dois sábios. E, dando um salto quântico, aportamos de chofre no século 21, Terceiro Milênio, onde estas idéias são inseridas no conceito de bioética.

Bioética, a nova geração

"Apesar de aparecimento relativamente recente, em verdade, as suas raízes (da bioética) estão implantadas no mesmo instante em que o homem teve a audácia de dizer não à crueldade, não à injustiça e sim ao respeito pelo indivíduo".

O pensamento é de Rodolfo dos Santos Teixeira, professor emérito da Faculdade de Medicina da UFBA, estudioso do assunto. A bioética surgiu do chamado Código de Nuremberg (1947), a que se seguiram a Declaração de Helsinque (1964), os congressos de Tóquio (1975), de Manilha (1980), do Rio de Janeiro (1992) e, mais recentemente, o de Kioto (2001). A eles acrescentaram-se o Colóquio de Azilomar (1974) e o Congresso do Movimento Internacional da Responsabilidade Científica em Paris (1976). Nesses processos, estão envolvidos homens de múltiplas especialidades - biólogos, médicos, juristas, religiosos, pesquisadores de várias áreas e mesmo cidadãos -,
todos voltados para proteger e respeitar a vida numa visão que inclui homens, animais, vegetais bem como os ecossistemas onde vivem todas essas criaturas.

"Hoje, o pesquisador não pode perder a visão dos princípios que fundamentam e dão o sentido da bioética: a beneficência, a maleficência, a autonomia e a justiça", acrescenta Teixeira.

A tecnologia está inserida no contexto da bioética e, entre outras preocupações, deve determinar com extremo cuidado o limite da produção necessária de equipamentos e serviços e o que se configura consumo exagerado e produção de coisas inúteis; refrear o ímpeto do interesse comercial puro e simples e a perseguição pelo poder como meio de dominar povos, no intuito de beneficiar os diversos e heterogêneos grupos de seres humanos.

 

Sociedade da Informação

Ninguém duvida do aumento de qualidade que a chamada Sociedade da Informação traz ao homem em longevidade, intensificação do intercâmbio sócio-cultural entre os povos e desenvolvimento econômico de algumas sociedades. No entanto, o outro lado desta moeda é o aumento nas taxas de desemprego, exclusão digital, exclusão social, recrudescimento da pobreza e concentração de renda. Enquanto a mídia cria intenso desejo de consumo, a irregularidade da capacidade de renda das diversas sociedades gera insatisfação e revolta. Há muitos indivíduos incapazes financeiramente de satisfazer os desejos estimulados pela Sociedade da Informação.
O especialista Helio Teixeira Leite, no artigo "Tecnologia da Informação e Ética: elementos de reflexão", publicado na revista Direito, recorda que o conceito atual de modernidade tem desviado a atenção da sociedade do medir e avaliar os aspectos benéficos e maléficos deste processo.

"A tecnologia da informação acumula saber (produção científica e tecnológica); propicia a capacidade de produzir bens e serviços de maneira crescente e permanente; mas também é certo que leva a processos de exclusão. É cada vez mais visível que o antigo argumento a favor da tecnologia de informação não é mais totalmente cabível, ou seja, de que esta propiciaria o crescimento do bem estar e acesso ‘por todos os indivíduos do mundo de renda justa'".

A internet é ponto chave desta discussão, pois provoca profunda revisão de conceitos e determinação de novas competências profissionais, de organizações e, sobretudo, de indivíduos. Como nas sociedades reais, as sociedades virtuais devem criar parâmetros de convivência entre os diversos grupos, o que ainda não foi feito na escala necessária.
"Temos sociedades voltadas para o aprendizado e para informação; outras, privadas, para acesso à tecnologia da informação; e aquelas que flutuam entre um cenário e outro, as ditas sociedades emergentes", categoriza Teixeira Leite.
Entre os parâmetros a serem desenvolvidos, a professora Patrícia Zeni Marchiori, define a necessidade de reconhecimento de que as áreas e setores econômicos se tornarão dependentes de uma força de trabalho com acesso e compartilhamento do conhecimento; de que as habilidades de criação e interpretação da informação são essenciais para indivíduos e grupos; e de que as necessidades de geração e disseminação de conhecimento tornam-se mais complexas e dependentes de múltiplas fontes, incorporando o trabalho do profissional e do leigo.

Conhece-te


Os pensadores, hoje, têm as mesmas perguntas de sempre diante da inovação baseada em tecnologia. Como fica o espírito humanístico moderno, a responsabilidade moral e política do homem em relação ao próprio homem, do forte em relação ao fraco?

"À medida que a humanidade reflete e amadurece estas questões, no aspecto macro, novas responsabilidades, ao nível de indivíduos, grupos, organização, países e nações se solidificam; assim como a responsabilidade dos profissionais que operam com tecnologia de informação, nas organizações, em relação à sociedade, e consigo próprios, adotando padrões de conduta ética com competência, respeito à privacidade, integridade, objetividade e transparência",

continua Teixeira. Das organizações, em especial, espera-se que se insiram nos padrões éticos e assumam, no cumprimento de suas missões e na lógica da maximização dos lucros, uma postura responsável em suas ações.
A questão da ética na tecnologia parece ser consequência da falta de difusão da ética como prática cotidiana entre as pessoas.
Os valores e referências de uma sociedade competitiva e centrada em resultados parecem sugerir uma constante necessidade de superação, valorizando a diversidade da busca e vendo qualquer limitação como um problema.
E a ética é uma limitação. Sendo a ética um limite em si, ela se torna um problema.
A grande questão que se nos apresenta é a de escolher coletivamente quais os traços delimitadores da ética. Essa escolha determinará o rumo e o perfil de nosso futuro.
O professor Alberto Cabral Fusaro, no artigo "Ética na Tecnologia: Uma Abordagem Histórica", publicado no site do CEFLE (Centro de Estudos Filosóficos Laboratório Evolutivo), acredita que definir o atual momento como Era da Informação seja prematuro. Segundo ele, não se pode esquecer que, na opinião de muitos pesquisadores, atravessamos a "Era Genômica", pelo risco de a espécie humana vir a depender das tecnologias de controle e manipulação dos genes. Da recente "Era Atômico-Relativista", iniciada por Albert Einstein, rumamos para uma possível "Era Quântico-Supercordal", no campo da Física.
Em comum, estes diversas ‘eras' têm pelo menos dois fatores - a capacidade de transformar profundamente a realidade, em seus aspectos tecnológicos; e a alta volatilidade ética desse poder de transformação quase absoluto. "Se não delimitarmos a atuação da tecnologia pela ética, mas apenas pela incontrolável necessidade de progresso, podemos vir a construir um amanhã nada desejável", adverte Fusaro.
Se, como afirmou Bacon, conhecimento é poder, quanto mais a tecnologia avança no conhecimento, mais numerosos são instrumentos de controle que produz. O crucial, aí, não é saber quem terá acesso a este poder, mas conhecer os fatores que o delimitam.

"A proposta mais coerente é a de este poder se submeter apenas aos princípios éticos, independentemente da área de atuação. Diferentemente dos antigos, que puderam se abster de uma manifestação mais premente da ética, dado o estágio tecnológico em que se encontravam, a geração atual não pode se permitir tal indulto. Tal permissividade seria uma espécie de "suicídio" por "asfixia tecnológica", já que a falta de ética poderia levar a humanidade a consequências desastrosas",
acredita Fusaro.

 

O lugar é o homem

Ivan Domingues, professor do Departamento de Filosofia da Universidade Federal de Minas Gerais, no estudo "Ética, ciência e tecnologia", publicado na Kriterion, revista de filosofia, escreve:


"Nesse quadro cambaleante, desenhado no curso de um processo longo e sinuoso em que partimos do olhar otimista de Bacon, de Descartes e dos iluministas, passando pelo olhar crítico, porém ambivalente, de Marx, até chegarmos ao olhar pessimista de Adorno, constatamos, no entanto um ponto em comum entre eles, o qual gostaríamos de ressaltar. O ponto é que todos eles, em maior ou menor grau, seja para combater, seja para endossar ou apoiar, falam da ciência e da técnica a partir de um mesmo lugar ou ponto de vista e com base no mesmo parâmetro: o lugar é o homem e o ponto de vista, o homem; o parâmetro é a ciência e a técnica como instrumento e meio de poder, e, como tal, vinculada ao homem e a suas ações, seja para libertá-lo e oferecer-lhe uma nova morada, seja para manipulá-lo e sujeitá-lo".

Ante este quadro, o filósofo lembra que para muitos a saída e a resposta estejam na arte. Mas, desde que esta se tornou niilista e estranha ao homem, como demonstram as obras de Kafka, Camus, Musil e outros, pergunta-se: "Como as artes poderiam ajudar e, mais ainda, triunfar lá onde, antes, a filosofia, as humanidades e as ciências falharam e simplesmente perderam?".
Para Domingues, tendo chegado à descoberta de que a solução não é fácil, é hora de perguntar o que foi que aconteceu, quando as tecno-ciências com seu poder avassalador deixaram de ser um instrumento e um meio de poder a serviço dos homens e se converteram em sujeito e potência autônoma, abocanhando o homem e convertendo-o em objeto e instrumento para seus fins.
Para o presidente do Pontifício Conselho para as Comunidades Sociais, John P. Foley, embora os individualistas e os empresários radicais sejam, obviamente, dois grupos muito diferentes entre si, existe uma convergência de interesses entre aqueles que querem que a internet seja um lugar para quase todos os tipos de expressão, independentemente de quão ignóbeis ou destruidores os mesmos sejam, e aqueles que desejam que ela constitua um veículo de atividades comerciais incondicionadas, segundo o modelo neoliberal que

"considera o lucro e as leis de mercado como parâmetros absolutos, em prejuízo da dignidade e do respeito das pessoas e dos povos".

A internet pode servir às pessoas no seu uso responsável da liberdade e da democracia, aumentar a gama de opções em vários sectores da vida, alargar os horizontes educativos e culturais, abater as divisões e promover o desenvolvimento humano de inúmeras formas.
Contudo, esta visão não é completa.

"Paradoxalmente, as mesmas forças que contribuem para o melhoramento da comunicação podem levar, de igual modo, ao aumento do isolamento e à alienação", acredita Foley.

Para ele, seria dolorosamente irônico se este instrumento de comunicação, com um potencial tão elevado para unir as pessoas, voltasse às suas origens da guerra fria e se tornasse uma arena para o conflito internacional. Para Froley, um dos principais perigos diz respeito ao que se convencionou chamar "divisão digital", forma de discriminação que separa os ricos dos pobres, tanto dentro das nações como entre elas mesmas, com base no acesso, ou na falta de acesso, às novas tecnologias de informação. Neste sentido, trata-se de uma versão atualizada da diferença mais antiga entre as pessoas "ricas de informação" e as outras "pobres de informação".

"Deve-se encontrar formas de tornar a internet acessível aos grupos minoritários, ou diretamente ou pelo menos a vinculando aos meios de comunicação tradicionais, cujo custo seja inferior. O espaço cibernético deve constituir um recurso de informações e serviços abrangentes, disponíveis gratuitamente para todos, e numa vasta gama de línguas. As instituições públicas têm a particular responsabilidade de criar e de manter sites deste gênero",

acredita Foley.

A Ética, seja ela aplicada à tecnologia ou qualquer outra área de atuação, é uma escolha do indivíduo. Se ela é um conceito do homem e para o homem, é no escolher que o ser humano define seu caminho e seu futuro. Neste debate sobre Ética deve se ter sempre em mente que a escolha final é de cada um. O que há de oficial?

A UNESCO reconhece a necessidade de que, no desenvolvimento de tecnologias, bem como na elaboração de políticas de gestão do desenvolvimento científico e tecnológico dos países, se confira especial atenção às implicações éticas. Os esforços são para que os princípios nela fundamentados sirvam de orientação para alcançar o bem-estar dos seus povos e a autonomia de suas nações.

Dada a importância da ética na Ciência e Tecnologia, a UNESCO estabeleceu, desde 1998, a Comissão Mundial sobre Ética do Conhecimento Científico e Tecnológico (COMEST). Em dezembro de 2003, foi realizada no Rio de Janeiro, a Terceira Sessão da COMEST, pela primeira vez fora do continente europeu. Além disso, a UNESCO no Brasil apoia a Cátedra UNESCO de Bioética, localizada na Universidade de Brasília, e participa do programa de fortalecimento dos Comitês de Ética em Pesquisa (CEPs) de diversas instituições brasileiras que realizam pesquisa em saúde. Este último projeto é uma parceria da UNESCO com a
Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE) do Ministério da Saúde.

Pesquisa e texto final por Jana de Paula
Link original:
http://www.e-thesis.inf.br/index.php?option=com_content&task=view&id=362&Itemid=46




IDENTIDADES NA MODERNIDADE

Parte fundamental da dinâmica pelo qual indivíduos e grupos compreendem elos (mesmo imaginários) que os unem.
Mudanças no campo religioso e revolução científica – centralidade à subjetividade.
Tensões: subjetividade individual X coletiva; concepção concreta e contextual X concepção abstrata.
Identidades reduzidas à lealdade ao Estado
Desestabilizam-se as idéias de identidade pessoal e nacional

NA CONTEMPORANEIDADE

Produto de uma sociedade da qual desaparece um centro produtor de identidades fixas.
Fragmentadas, descentradas, mutáveis, contraditórias.
Definidas nas relações com os outros.
Fragmentação entre os membros de um grupo identitário.

IDENTIDADES E DIFERENÇA

Entidades inseparáveis e mutuamente determinadas.
Diferença: conjunto de princípios organizadores da seleção, inclusão e exclusão que informam o modo como indivíduos marginalizados são posicionados e construídos em teorias sociais dominantes, práticas sociais e agendas políticas.

POLÍTICA DA DIFERENÇA

Os anseios de grupos subalternos expressam ética superior à dos grupos dominantes.
Nada garante a eliminação de conflitos entre os grupos subalternizados e em seus interiores.
Necessidade de fechamento para construir comunidades de identificação.
Impossibilidade de uma política de dispersão infinita. Não fechamento de uma identidade a outra.

DIÁLOGO

Estratégia capaz de favorecer a articulação de diferentes lutas em um projeto comum.
Necessidade de examinar sua viabilidade.
Burbules: diálogo comunicativo, ocasionando descobertas, compreensão, aprendizagem, autonomia, independência, respeito, democracia.
As habilidades para o diálogo se aprendem no diálogo

Artigo 19, Declaração Universal dos Direitos Humanos

“Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e de expressão; esse direito inclui a liberdade de ter opiniões sem sofrer interferência e de procurar, receber e divulgar informações e idéias por quaisquer meios, sem limite de fronteiras”.

“Conhecimento é poder”, afirmou Francis Bacon nos idos de 1605. A aceitação desta máxima implica no reconhecimento de que o acesso ao poder está diretamente relacionado ao acesso a informações. Difundir o conhecimento significa compartilhar e democratizar o poder. Restringi-lo, por sua vez, resulta na concentração do poder nas mãos daqueles que detêm o acesso a informações.
Assim, o exercício prático do princípio constitucional de que “todo poder emana do povo” está condicionado ao acesso da população ao conhecimento e à informação. A noção de democracia, consagrada pela Constituição Federal brasileira, está vinculada à capacidade dos indivíduos de participarem efetivamente do processo de tomada de decisões que afetam suas vidas. Não existe democracia plena se a informação está concentrada nas mãos de poucos. De fato, as instituições provedoras de conhecimento e de informação sempre caminharam lado a lado com a ideia de democracia. A escola, a imprensa e as bibliotecas foram sustentáculos das democracias nascentes, e a ampliação de seu acesso à população resultou na consolidação e no aprofundamento da democracia.
As sociedades modernas também ratificaram um conjunto de direitos que se vinculam à disseminação do conhecimento e da informação. São os direitos à educação, à liberdade de expressão, de imprensa e de manifestação do pensamento e à informação. O direito à informação é o direito de todo indivíduo de acessar informações públicas, ou seja, informações em poder do Estado ou que sejam de interesse público. Embora a Constituição Federal brasileira proteja a liberdade de informação, o exercício deste direito no País é dificultado pela ausência de uma lei que regulamente obrigações, procedimentos e prazos para a divulgação de informações pelas instituições públicas.
O direito de acessar informação detidas pelas autoridades públicas é um direito humano fundamental que deve ser efetivado no nível nacional através de legislação abrangente (por exemplo, leis específicas sobre liberdade de informação), baseada na premissa da máxima abertura, estabelecendo a presunção de que toda informação é acessível, sujeita apenas a um restrito sistema de exceções.
Em 1999, a Artigo 19 preparou e publicou um grupo de princípios com o objetivo de estabelecer clara e precisamente as formas pelas quais os governos podem alcançar a abertura máxima das informações oficiais, de acordo com os melhores critérios e práticas internacionais. Os princípios foram baseados nas normas e em padrões internacionais e regionais, nas práticas estatais em desenvolvimento (legislação nacional e jurisprudência de tribunais nacionais) e nos princípios gerais de direito reconhecidos pela comunidade das nações. São o produto de um extenso processo de estudo, análise e consultas sob a facilitação do Artigo 19 e utilizando a vasta experiência e trabalho realizado por organizações parceiras em diversos países.

PRINCÍPIO 1. MÁXIMA DIVULGAÇÃO

A legislação sobre liberdade de informação deve ser orientada pelo princípio de máxima divulgação.

PRINCÍPIO 2. OBRIGAÇÃO DE PUBLICAR

Os organismos públicos devem estar obrigados a publicar informação considerada essencial. Organismos públicos devem, no mínimo, ter a obrigação de publicar as seguintes categorias de informação: Informação sobre como o organismo público opera, incluindo custos, objetivos, contas já verificadas por peritos, normas, empreendimentos realizados, etc., particularmente nas áreas onde o organismo presta serviços diretos ao público; Informações sobre quaisquer solicitações, queixas ou outras ações diretas que o cidadão possa levar a cabo contra o organismo público; Orientações sobre processos por meio dos quais o cidadão possa exercer sua participação, com sugestões para propostas políticas ou legislativas; O tipo de informação guardada pelo organismo e como é mantida esta informação; e O conteúdo de qualquer decisão ou política que afete o público, juntamente com as razões que motivaram a decisão bem como o material relevante de análise que serviu de apoio à decisão.

PRINCÍPIO 3. PROMOÇÃO DE UM GOVERNO ABERTO

Organismos públicos devem promover ativamente um governo aberto.

PRINCÍPIO 4. ÂMBITO LIMITADO DAS EXCEÇÕES

As exceções devem ser clara e rigorosamente desenhadas e sujeitas a rígidas provas de “dano” e “interesse público”.

PRINCÍPIO 5. PROCESSOS PARA FACILITAR O ACESSO

As solicitações de informação devem ser processadas rapidamente e com imparcialidade, e uma revisão independente de quaisquer recusas deve estar à disposição das partes.

PRINCÍPIO 6. CUSTOS

Custos excessivos não devem impedir o cidadão de solicitar informações.

PRINCÍPIO 7. REUNIÕES ABERTAS

Reuniões de organismos públicos devem ser abertas ao público.

PRINCÍPIO 8. DIVULGAÇÃO TEM PRIMAZIA

As leis que são inconsistentes com o princípio de máxima divulgação devem ser alteradas ou revogadas.

PRINCÍPIO 9. PROTEÇÃO DE DENUNCIANTES

Indivíduos que divulguem informações sobre irregularidades – denunciantes – devem ser protegidos.

A sociedade da informação

O acirramento dos conflitos bélicos, a ampliação dos limites à proliferação de armas nucleares, os conflitos ideológicos que marcaram o século XX e o medo dos “estragos” que uma política ampla de transparência poderia causar ao poder dominante levaram até mesmo democracias consolidadas a garantir liberdades clássicas (como a liberdade de expressão e de imprensa) mas postergar a criação de um sistema coeso de acesso à informação pública.
A abertura de segredos militares e a “transparência excessiva” poderiam ser corrosivas para os governantes de turno, ainda que salutares para cidadãos e cidadãs. Felizmente, uma série de mudanças ocorridas no mundo, nas duas últimas décadas, contribuiu para a aceitação crescente do direito de acesso a informações. A transição de diversos países para a democracia é um desses fatores.
Simultaneamente, o progresso nas tecnologias de informação mudou a forma pela qual as sociedades usam a informação e se relacionam com ela. O avanço dessas tecnologias aumentou a capacidade de a população fiscalizar o poder público e participar dos processos de tomada de decisão. Com isso, a informação se tornou ainda mais importante para os cidadãos. O resultado foi o aumento na demanda pelo respeito do direito de acesso à informação.
(MENDEL, Toby. Freedom of Information: A Comparative Legal Survey. 2ª.edição. Paris: UNESCO, 2008, p. 4).

DOC HOME em Espanhol http://youtu.be/SWRHxh6XepM 

Em Portugues http://youtu.be/Wa546EesVPE?t=52s

A sufocante passagem de

O Processo, do escritor checo Franz Kafka,

é um dos diálogos travados pelo personagem central do livro, Josef K.2, na torturante busca por compreender as razões pelas quais está sendo processado por um Estado Nacional. De forma dramática, ela representa como a tentativa frustrada de acesso a informações que deveriam ser públicas pode ter consequências da maior gravidade para o cidadão ou a cidadã. Não raro, os porteiros da informação são o fiel da balança entre o alcance de pleitos legítimos da cidadania e o seu malogro.

A longa espera de um cidadão ou cidadã pela decisão quanto a um processo seu no INSS ou na justiça; a incansável busca pelos familiares de desaparecidos durante o regime militar por informações quanto aos seus entes queridos; a necessidade de compreender por que um pedido essencial foi recusado por um órgão público; as tentativas sucessivas de se obter uma informação qualquer junto a uma concessionária de serviço público; o anseio de acionistas em entender as circunstâncias de uma decisão dos executivos de uma empresa; e tantas outras situações, com muita frequência, aproximam-se do interminável labirinto kafkiano ilustrativo da busca frustrada de uma informação específica. Institucionalizar instrumentos para o acesso a informações é a forma encontrada pelas democracias para impedir que os “porteiros da informação”, em um claro abuso de poder, desrespeitem um direito fundamental de todos os indivíduos, reconhecido e consagrado por diversos instrumentos internacionais de direitos humanos:

Artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, o artigo 19 do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos,

Artigo 13 da Convenção Interamericana sobre Direitos Humanos,

Artigo 9 da Carta Africana sobre os Direitos Humanos e dos Povos

Artigo 10 da Convenção Europeia sobre Direitos Humanos.

Cada um deles reconhece o acesso a informações públicas como direito humano fundamental.

O PROCESSO

“Diante da lei está um porteiro. Um homem do campo dirige-se a este porteiro e pede para entrar na lei. Mas o porteiro diz que agora não pode permitir-lhe a entrada. O homem reflete e depois pergunta se então não pode entrar mais tarde. ‘É possível, mas agora não’. Uma vez que a porta da lei continua como sempre aberta, e o porteiro se posta ao lado, o homem se inclina para olhar o interior através da porta. Quando nota isso, o porteiro ri e diz: ‘Se o atrai tanto, tente entrar apesar da minha proibição. Mas veja bem: eu sou poderoso. E sou apenas o último dos porteiros. De sala para sala, porém, existem porteiros cada um mais poderoso que o outro. Nem mesmo eu posso suportar a visão do terceiro’. O homem do campo não esperava tais dificuldades: a lei deve ser acessível a todos e a qualquer hora, pensa ele; agora, no entanto, ao examinar mais de perto o porteiro, com o seu casaco de pele, o grande nariz pontudo e a longa barba tártara, rala e preta, ele decide que é melhor aguardar até receber a permissão de entrada. O porteiro lhe dá um banquinho e deixa-o sentar-se ao lado da porta. Ali fica sentado dias e anos. Ele faz muitas tentativas para ser admitido, e cansa o porteiro com seus pedidos.

Muitas vezes o porteiro submete o homem a pequenos interrogatórios, pergunta-lhe a respeito da sua terra e de muitas outras coisas, mas são perguntas indiferentes, como as que costumam fazer os grandes senhores, e no final repete-lhe sempre que ainda não pode deixá-lo entrar. O homem, que se havia equipado bem para a viagem, lança mão de tudo para subornar o porteiro. Este aceita tudo, mas sempre dizendo: ‘Eu só aceito para você não achar que deixou de fazer alguma coisa’. Durante todos esses anos, o homem observa o porteiro quase sem interrupção. Esquece os outros porteiros e este primeiro parece-lhe o único obstáculo para a entrada na lei. Nos primeiros anos, amaldiçoa em voz alta o acaso infeliz; mais tarde, quando envelhece, apenas resmunga consigo mesmo. Torna-se infantil, e uma vez que, por estudar o porteiro anos a fio, ficou conhecendo até as pulgas da sua gola de pele, pede a estas que o ajudem a fazê-lo mudar de opinião. Finalmente, sua vista enfraquece e ele não sabe se de fato está escurecendo em volta ou se apenas os olhos o enganam. Contudo, agora reconhece no escuro um brilho que irrompe inextinguível da porta da lei. Mas já não tem mais muito tempo de vida. Antes de morrer, todas as experiências daquele tempo convergem na sua cabeça para uma pergunta que até então não havia feito ao porteiro. Faz-lhe um aceno para que se aproxime, pois não pode mais endireitar o corpo enrijecido. O porteiro precisa curvar-se até ele. ‘O que você ainda quer saber?’, pergunta o porteiro, ‘você é insaciável’. ‘Todos aspiram à lei’, diz o homem, ‘como explicar que, em tantos anos, ninguém além de mim pediu para entrar?’ O porteiro percebe que o homem já está no fim, e para ainda alcançar sua audição em declínio, ele berra: ‘Aqui ninguém mais podia ser admitido, pois esta entrada estava destinada só a você. Agora eu vou embora e fecho-a”.

(KAFKA, Franz – O processo. Tradução de Modesto Carone. 2ª. Ed. São Paulo: Editora Brasiliense, 1989, pp. 230-232).

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Universidades discutem seu papel e funções na sociedade do futuro

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III Encontro Internacional de Reitores Universia reúne mais de 1.100 reitores e presidentes de universidades de mais de 30 países no Rio de Janeiro

O III Encontro Internacional de Reitores Universia tem quatro grandes objetivos:
1. Fortalecer e confirmar a aposta de todos na modernização da universidade;
2. Conhecer novas referências e tendências que permitam uma evolução sólida da estrutura, organização, governo e gestão universitária;
3. Descobrir novas ferramentas que facilitem a liderança social da universidade;
4. Valorizar a importância da universidade como geradora de conhecimento e como alavanca decisiva no desenvolvimento econômico e social dos diferentes países.


Nesta segunda-feira (28), a programação III Encontro Internacional de Reitores Universia conta com os seguintes debates:

# A Universidade hoje: Como nos veem? Como nós vemos?

# A Universidade e os estudantes: as nossas universidades respondem às necessidades dos estudantes?

# Qualidade e renovação do ensino: respondem às necessidades sociais?

# Investigação, inovação e transferência: é possível um passo à frente?

# Universidade e o entorno social: como podemos contribuir para o desenvolvimento de nossas sociedades?


Para esta terça-feira (29) os temas são:

# Universidade, sociedade e meio ambiente: estamos comprometidos com o nosso tempo?

# Internacionalização: Quais metas? Qual ritmo? Com que estratégias?

# A Universidade e os professores: Do que os professores precisam? Que professores precisaram?

# Organização, governo e financiamento: em que devemos mudar?

# A universidade e as tecnologias: qual o impacto?




No encontro, 1.103 reitores e presidentes de universidades de 33 países se reúnem para debater sobre os desafios que as universidades enfrentarão sobre a Educação Superior nos próximos anos, além de definir qual papel terão no desenvolvimento e crescimento mundial. “Nunca houve uma reunião tão relevante com representantes máximos de tantos países diferentes”, falou Botín.
Universidades de todos os continentes estão presentes no encontro: 80,5% da América Latina, 15,3% da Europa, 2,1% dos Estados Unidos e Canadá, 1,5% da Ásia e Oceania e 0,5% da África. Ao final do evento serão reunidas as conclusões dos debates entre os reitores para a evolução do ensino universitário.

"A Universia tem a sua força e razão de ser, precisamente, nas universidades hoje presentes e em seu compromisso" , falou Botín.

Além das discussões, o encontro tem a proposta de facilitar que os representantes das instituições de ensino se aproximem e troquem experiências - o que contribui (e muito) para o desenvolvimento da educação universitária. Para isso, são oferecidos espaços e salas para reuniões entre as instituições participantes. “Está nascendo uma nova sociedade, na qual o real e o virtual se entrelaçam e convivem. Essa sociedade irá desenvolver suas atividades em um cenário muito diferente do atual. Trata-se de um cenário em constante mudança devido à revolução tecnológica e digital”, comentou Botín.

“As sociedades que forem capazes de se desenvolver em conjunto com essa mudança de era, que conta com o vento favorável da revolução tecnológica e digital, irão gerar emprego qualificado e mais competitividade, internacionalização, progresso e bem-estar”, finalizou.




Nas edições anteriores, o Encontro Internacional de Reitores Universia reuniu, respectivamente, 975 reitores em Guadalajara, no México (em 2010), e 490 em Sevilla, Espanha (em 2005).
Acompanhe toda a cobertura do III Encontro Internacional de Reitores Universia aqui na Universia Brasil e no site www.universiario2014.com

Sobre a Universia


A Universia é uma rede de colaboração universitária que integra 1.290 instituições de Ensino Superior em 23 países iberoamericanos, que contam com 16,8 milhões de alunos e professores sendo 76% da comunidade universitária iberoamericana.

As melhores frases do primeiro dia do III Encontro de Reitores Universia


“Professor de verdade tem amor por seus alunos”, diz Reitor da UNAM

Reitor da mexicana UNAM, José Narro, diz como deve ser o professor nos próximos 5 anos.

“Prioriza-se o lucro e não a educação”, diz Vice-Reitor do Unicesumar

Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor da Unicesumar, diz que repensar o futuro se torna vital para as universidades.

“As universidades precisam de mais agilidade”, diz Reitora da PUC-SP

Reitora Anna Maria Marques Cintra comenta como as universidades adquirem agilidade e adaptabilidade diante das novas tendências da educação.

“Toda aprendizagem é social”, diz Reitora da PUC-SP

Reitora Anna Maria Marques Cintra, da PUC-SP, comenta o uso das mídias sociais na educação.

“A pesquisa atualiza, inova e qualifica as atividades acadêmicas”, diz reitor da UFRJ

Reitor da UFRJ, Carlos Levi, fala sobre a importância da pesquisa e os desafios da universidade no III Encontro Internacional de Reitores Universia.

“O grande desafio da Educação é chegar a todos”, diz ex-reitor da Universidade de Salamanca

Don Ignacio Berdugo falou sobre os temas que serão discutidos no III Encontro Internacional de Reitores Universia.

Presidente do Santander abre III Encontro Internacional de Reitores Universia no Rio

Fonte: DivulgaçãoO III Encontro Internacional de Reitores Universia reúne mais de 1.100 reitores e presidentes de universidades de mais de 30 países no Rio de Janeiro.

Don Ignácio Verdugo dá continuidade aos discursos do III Encontro Internacional de Reitores

Na manhã dessa segunda-feira, no Rio de Janeiro, reitores de mais de 30 países se reúnem para discutir o futuro da educação superior.

Universidade ainda é lugar de elite, diz Reitor da PUC-RS

Reitor da PUCRS comenta sobre o tema durante o III Encontro de Reitores Universia, que acontece no Rio de Janeiro.

MiríadaX oferece ensino superior gratuito aberto em espanhol e português

Os presidentes da Telefônica, César Alierta, e do Banco Santander, Emilio Botín, apresentaram na tarde deste domingo (27), no Rio de Janeiro, a primeira plataforma de e-learning em língua espanhola e portuguesano mundo: MiríadaX.

Trata-se de uma plataforma de massive open online course (Mooc’s) – curso online aberto em massa, em inglês -, baseada na aprendizagem colaborativa. Os cursos são livres (qualquer pessoa pode fazê-los independentemente do nível de instrução), gratuitos e a distância. Atualmente, são 33 universidades latino-americanas que oferecem um total de 153 cursos através da MiríadaX, entre elas a prestigiadaUniversidade de Salamanca, na Espanha. A plataforma conta ainda com uma comunidade de 990 professores e 750 mil alunos inscritos.

"As novas tecnologias são fundamentais para ajudar na propagação do conhecimento. Na América Latina, encontramos uma necessidade crescente de educação e uma geração que demanda claramente por tecnologia. Isso suporta uma base sólida para o sucesso de MiríadaX. Sem conhecimento não há inovação”, falou Alierta.

Do ponto de vista econômico, o presidente da Telefônica destacou a formação e o conhecimento como pontos-chaves na competitividade dos países. “Nesse sentido, a tecnologia e a digitalização são cruciais. MiríadaX é um meio de comunicar-se e de educar-se."
Para Botín, a educação online tem potencial para revolucionar a própria história do mundo.
“A imprensa foi uma revolução e, certamente, o conhecimento que pode ser transmitido através da internet é, possivelmente, a próxima grande inovação educacional que temos o privilégio de estar vivendo”, disse.
A plataforma oferece às equipes docentes das 1.290 universidades iberoamericanas parceiras da rede Universia uma plataforma para a publicação e compartilhamento de Moocs. “As universidades enfrentam o desafio de utilizar a tecnologia como elemento de trabalho diário que as ajudem a adquirir uma perpectiva atual e eficaz, além de incorporar estratégias que façam parte ativa da sociedade”, falou Botín.
“As instituições têm a prioridade de adaptar a sua oferta acadêmica ao novo tipo de estudante. A MiríadaX permite que os professores difundam o seu trabalho a todo aquele que tenham necessidade de aprender cada vez mais e melhor. Educação é um objetivo prioritário”, completou Botín.
A apresentação de MiríadaX abre a programação de eventos do III Encontro Internacional de Reitores Universia, que reúne mais de 1.100 universidades de 31 países no Rio de Janeiro, nesta segunda e terça-feira, para discutir o futuro da Educação Superior. Também estavam presentes o CEO da rede Universia,Jaume Pagés; o Reitor da Universidad Nacional Autónoma de México (UNAM), José Narro; Reitor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Joaquim Clotet e o presidente da Conferência dos Reitores das Universidades Espanholas (CRUE) e Reitor da Universidad de Zaragoza, Manuel J. López Pérez.
"Concluir um curso em MiríadaX pode ser um ativo muito importante no currículo", falou Pagés. 

Para o Reitor da UNAM, "educação é um bem público que todos os indivíduos devem ter acesso".
"O conhecimento é o principal motor da nossa sociedade. Contribui para o desenvolvimento das pessoas e para a resolução de problemas. MiríadaX é um projeto de qualidade que pretende oferecer uma educação de qualidade para milhões de estudantes de todas as partes do mundo. Não se trata de educação de segunda categoria. É uma opção para que as pessoas aprendam e não apenas tenham diplomas", disse.
"É uma plataforma excepcional que oferece cursos online gratuitos para a população independentemente da idade, classe social ou vínculo com a universidade. O ensino online exerce um papel insubstituível em nosso mundo moderno. É uma alavanca em prol do acesso ao conhecimento e da cultura", completou o Reitor da PUC-RS.
"Para ter um mundo mais justo precisa ter mais educação. Precisamos trabalhar mais por educação. MiríadaX promove uma educação global, social e acessível. É uma oportunidade de democratizar a educação", finalizou o Reitor da Universidad de Zaragoza, na Espanha.

Brasil no MiríadaX


Em 2014, três universidades brasileiras vão disponibilizar seus cursos em MiríadaX: Unisinos, PUC-RS e Anhembi Morumbi. A partir de agosto, a Unisinos oferecerá um curso sobre Empreendedorismo. Os cursos das demais instituições ainda não têm data prevista de lançamento.
"A PUC-RS acaba de assinar um convênio com a MiríadaX. Estou muito otimista. A educação online facilita o acesso ao conhecimento e ao progresso do país", falou o Reitor da da PUCRS, Joaquim Clotet. 
A MiríadaX nasceu de uma iniciativa da Telefônica e da Universia, que é promovida pela Divisão Global Santander Universidades. O projeto fomenta a difusão de conhecimento aberto em um Espaço Iberoamericano de Educação Superior, seguindo o caminho de outras iniciativas anteriores como o Open Course Ware, que começou na Universia em 2005. As universidades interessadas em cadastrar seu curso na MiríadaX pode obter mais informações através do e-mail relacionamento@universia.com.br
Leia também:
» Conheça todas as universidades participantes do III Encontro Internacional de Reitores Universia
» Siga a cobertura do III Encontro Internacional de Reitores Universia
Fonte: Alexsandra Bentemuller / Direto do Rio de Janeiro

Site cataloga e avalia todas as formas de conhecimento



Um exército está sendo montado para lutar contra os diplomas tradicionais. 

Por Porvir

Desse time já fazem parte a Microsoft Virtual Academy, a Khan Academy, o Coursera e uma série de outros sites que oferecem cursos on-line. Eles são capitaneados pela Degreed, uma plataforma que ajuda a catalogar todas as formas acesso a conhecimento que uma pessoa tem na vida. E dá nota para isso. A graduação em jornalismo na UERJ rende 3.682 pontos. Um curso de 6 horas no Coursera, 12. Livros somam a partir de 10 pontos e artigos de jornal e vídeos valem alguns décimos.

“Se você perguntar para alguém sobre sua educação, essa pessoa vai dizer em que universidade ele estudou. Não temos outras boas ferramentas para comunicar o restante do nosso aprendizado”, afirma David Blake, cofundador da Degreed, em entrevista ao Porvir. 

A plataforma foi lançada em janeiro passado e, com sua missão de “fugir da prisão” dos diplomas já levantou US$ 900 mil em doações e acaba completar o ciclo de três meses de aceleração da TechStars, aceleradora que tem 75 investidores e é uma das mais renomadas e disputadas do mundo da tecnologia –  quase 2.000 startups chegam a disputar suas 11 vagas.

Blake, que com a Degreed já está na sua terceira startup de edtech, critica a ineficiência dos diplomas para mostrar o que um estudante ou funcionário realmente sabe. Para ele, na vida, as pessoas vivem muitas experiências de aprendizado fora das salas de aula universitárias.

“Se os diplomas se tornaram uma moeda, esse mercado está sendo dominado por apenas um tipo de moeda. Com todas essas formas de aprender emergindo, isso se torna algo muito problemático. O diploma universitário é velho e binário”, diz o empreendedor, referindo-se à incapacidade de certificados oficiais de reportar, por exemplo, cursos completados por um aluno que abandonou a faculdade no último ano. 

“Se você desiste faltando uma disciplina para se formar, você não recebe 95% dos créditos da universidade. Você não recebe nada. E nada do que você estuda depois de se formar entra no diploma”, completa.

Baseada nos EUA, a startup surge em um momento de consolidação dos cursos on-line, a maioria gratuitos, voltados para o público universitário. “Os Moocs mudaram o tom da conversa. As universidades estão começando a entender que os estudantes e suas necessidades estão mudando. As instituições estão se fazendo perguntas muito difíceis sobre seu próprio futuro. Mas, dito isso, também acho que elas são estruturadas para avançar apenas muito lentamente”, afirma Blake. Apenas Coursera e EdX, para se ter uma idea, já têm juntos mais de 6 milhões de usuários e 130 instituições de ensino parceiras, com mais de 600 cursos oferecidos. Paralelamente à emergência dos Moocs, o país discute também o endividamento estudantil pelo alto custo de se cursar uma universidade e as altas taxas de abandono.

Segundo Blake, a Degreed é voltada a três tipos distintos de público. O primeiro é formado por empregadores, que passam a entender melhor os talentos da empresa. O segundo conta com recrutadores, que conseguem identificar candidatos com as habilidades de que precisa. O terceiro é o próprio usuário, que pode fazer da plataforma um meio de sistematizar seus conhecimentos, descobrir novas fontes de informação e estabelecer metas individuais de desenvolvimento.

A Degreed de dentro para fora


Criar um perfil na Degreed é grátis. Ao entrar no site, o estudante pode adicionar suas experiências de aprendizado formais e informais na categoria cursos e condecorações. Para acrescentar a universidade, é preciso que ela seja uma das 13.000 já cadastradas ­– existem dezenas de instituições brasileiras nessa lista. Ao inserir o curso, o próprio sistema traz a lista de disciplinas que o usuário cursou e dá uma nota para elas. Só é possível inserir cursos de universidades que tenham sido cadastradas. Na mesma categoria, é possível adicionar cursos on-line feitos em plataformas como Microsoft Virtual Academy, Coursera, EdX, Udacity e NovoEd.

A segunda categoria que o usuário deve preencher é o de conferências e eventos; a terceira, livros; e a quarta é formada por artigos e vídeos. O usuário pode anexar históricos e certificados que comprovem as informações que está prestando. No futuro, a equipe da Degreed vai oferecer um serviço de conferência de dados, para o qual vai cobrar uma taxa.

Além da área de preenchimento de perfil, o usuário tem também a oportunidade de acessar outras seções: aprendizado e caminhos. No aprendizado, a partir do perfil que vai montando, o sistema sugere cursos, livros, artigos e vídeos que possam interessá-lo. Em caminhos, o sistema oferece introdução a alguns temas – se você é um jornalista interessado por educação, poderá ser iniciado aos conceitos de design thinking e gamification, por exemplo.

A forma de cálculo dessa nota é um dos segredos do algoritmo de Blake. Mas, ao colocar cursos formais e informais e demais aprendizados na mesma régua, ele está passando uma mensagem: os diplomas não são mais suficientes. O exército já está em marcha.



GEORGE R. STEIN
em 7 de fevereiro de 2014 às 16:00

Agora sim!
Os cursos tradicionais “3D” (Desconectados da realidade, Desinteressantes e que só oferecem o Diploma, sem aprendizagem) começam a ter a merecida concorrência reconhecida.

A velocidade de atualização do conhecimento, dos conteúdos e da metodologia de cursos acadêmicos tradicionais não tem sido compatível com a proliferação de ótimos cursos tipo MOOC’s (Coursera e EdX conforme citados acima).
Muito bom que o Degreed surgiu para explicitar o valor do real aprendizado, e não do diploma academico na parede!
Ótima dica!



SIDINEY RODRIGUES
em 9 de fevereiro de 2014 às 20:16

Concordo, estou na rede e tenho sido beneficiado indirectamente pelo próprio aprendizado adquirido.
Espero logo encontrar novas oportunidades.
Apesar de ser uma base aberta, plural, o aprendizado on-line encontra resistência massiva pelas instituições 3D, resistência do próprio aprendiz em registrar seu aprendizado.
A derrocada da educação fechada, versus uma educação, plural, livre, heterogênea e completa abre espaço para discutir inclusive quais os objetivos dessas instituições e reafirma a máxima de que as instituições de educação são, aparelhos ideológicos.



fonte: http://porvir.org/porfazer/um-exercito-contra-os-diplomas-tradicionais/20140207

MIT lança Mooc em português para empreendedores

Curso App Inventor será oferecido pela plataforma latino-americana UnX e quer incorporar elementos reais à experiência virtual

Por Patricia Gomes

Empreendedores, estejam a postos. Entra no ar hoje o primeiro Mooc on-line e gratuito oferecido pelo MIT com legendas e material em português. O App Inventor é um curso prático e orientado por desafios, destinado a ensinar os estudantes a desenvolver aplicativos para celulares. Ele será ministrado pela plataforma UnX, uma plataforma latino-americana de Moocs especializada em empreendedorismo. Desde que foi criada em 2012, só havia oferecido cursos em espanhol. O lançamento traz consigo ao menos duas boas notícias: a possibilidade de alunos brasileiros que não falam inglês terem acesso a um curso inteiro de uma universidade de renome e a chance que lhes será dada de experimentar um modelo de curso aberto e massivo que tenta trazer benefícios da experiência de aprendizado real.

O brasileiro Leo Burd, do Center for Mobile Learning, é um dos professores responsáveis pelo curso. Ele explica que as aulas foram pensadas para funcionar em módulos curtos e, a cada semana, será apresentado um desafio. No final das seis semanas, os alunos deverão ter desenvolvido um aplicativo para telefone celular. A intenção, com isso, é criar ambientes estimulantes para os alunos, afirma o pesquisador.

Como o curso não exige conhecimentos prévios de programação, ele tanto ajuda quem quer fazer do app um negócio, quem já tem um negócio e quer fazer um aplicativo quanto quem só quer aprender. Durante as aulas, os estudantes vão analisar os aplicativos disponíveis hoje no mercado e refletir sobre seus modelos de negócio, desenhar interfaces, descobrir formas de torná-los rentáveis e ainda criar modelos de negócios próprios e inovadores. A dedicação semanal estimada é de quatro a seis horas. As inscrições já estão abertas e os interessados podem começar a qualquer momento.

O App Inventor já vá vem sendo oferecido em espanhol pela UnX. Para chegar aos alunos brasileiros, a plataforma fechou parceria com o Cederj, órgão do governo estadual do Rio para o ensino à distância, que será responsável por prover os tutores on-line que acompanharão os inscritos. O curso tem duração de seis semanas e requer um tempo estimado de dedicação de quatro a seis horas por semana. O curso é uma parceria que envolve também as instituições espanholas Csev (Centro Superior para o Ensino Virtual), Uned (Universidade Nacional de Educação à distância), RedEmprendia, Telefónica e Universia (do grupo Santander).

Injetando aprendizado presencial


Diferentemente do que ocorre nos modelos tradicionais de Mooc, a parceria entre MIT e UnX não se resume a oferta e hospedagem de cursos. Outro papel da universidade norte-americana é oferecer uma consultoria para tentar injetar elementos de aprendizado presencial em uma experiência essencialmente virtual na UnX como um todo. Para Burd, que também tem atuado nessa consultoria, o fato de a plataforma ser pequena lhes dá mais flexibilidade para testar. Apenas a título de comparação, em pouco mais de um ano, a UnX já teve quase 25 mil alunos. O edX, também do MIT e fundado mais ou menos na mesma época, já registra mais de um milhão de estudantes.



Segundo Burd, uma das intenções da UnX é experimentar um modelo que consiga engajar mais os participantes a partir do fortalecimento da comunidade.

“A UnX tenta unir Moocs e redes sociais, dando benefícios aos usuários de acordo com os pontos que acumulam em sua atuação no site”, afirma o brasileiro, que destaca a possibilidade de os participantes da rede UnX poderem trocar vários tipos de informação entre si, e não apenas entre aqueles que frequentam o mesmo curso. Na seção “Participa”, por exemplo, os usuários podem oferecer e demandar serviços relacionados com empreendedorismo em um quadro de anúncios público.

Ainda em âmbito virtual, um sistema de condecorações coloca usuários em destaque em diversas categorias, como “pergunta famosa”, “fanático” e “bom cidadão”. As honrarias, que vão sendo concedidas a partir da atuação dos estudantes na comunidade e nos Moocs, a partir do ano que vem vão deixar de trazer benefícios apenas virtuais. Em 2014 estão previstos investimentos semente em iniciativas de usuários atuantes, além de mentoria personalizada.

Já na modalidade totalmente presencial, a plataforma vai organizar e incentivar a organização de eventos locais, de forma que os empreendedores se conheçam e troquem experiências e oportunidades.

“Fico me perguntando qual seria o modelo ideal de Mooc tupiniquim. Como o brasileiro é muito social e criativo, temos que criar essas oportunidades de experimentação reais, que complementem o virtual”, diz Burd.



fonte: http://porvir.org/porfazer/mit-lanca-1o-mooc-em-portugues-para-empreendedores/20131125
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