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barra da tijuca – A historia e o sonho do brazilian dream way of life

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BARRA DA TIJUCA – A história e o sonho do Brazilian Dream Way of Life. Sua origem e a mega ultra blaster plus modéstia


Introdução


Sorria, você está na Barra!

A Avenida das Américas atravessa toda extensão do bairro, desde a Pedra da Gávea até o Recreio, é repleta de condomínios, shoppings, supermercados e prédios comerciais em todo seu trajeto. Para nossa análise, escolhemos a Avenida das Américas pela sua riqueza de comunicação visual e grande diferença dos demais bairros do Rio de Janeiro. Ela é a avenida principal da Barra e possui uma identidade muito forte e característica do bairro
.
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Histórico do Bairro


A ocupação da Barra e de Jacarepaguá começou em 1594, com a concessão de duas sesmarias pelo governador do Rio de Janeiro da época, Salvador Corrêa de Sá, a seus dois filhos, Martim de Sá e Gonçalo Corrêa de Sá.
As terras de Gonçalo Corrêa de Sá foram legadas em testamento por sua filha, Victória Corrêa de Sá, ao Mosteiro de São Bento. Os monges tomaram posse da área em 1667 e fundaram várias fazendas, onde se dedicaram por mais de 200 anos à cultura de cana de açúcar, mandioca e criação de gado.
A sesmaria de Martim de Sá ficou em poder de seus descendentes até 1694, quando foi vendida à família Serpa Pinto, que fundou ali a Fazenda da Restinga. Em 1920, esta passou ao controle de uma companhia ferroviária inglesa.

Em 1938, o industrial Euvaldo Lodi fez o primeiro loteamento da Barra, ele também foi o responsável pela fundação do loteamento do Jardim Oceânico.
No fim dos anos 60, com a abertura do túnel Dois Irmãos e do elevado do Joá, ligando a Zona Sul à Barra pela costa, deu o início para o projeto de urbanização idealizado pelo arquiteto Lúcio Costa. Esse plano tinha por objetivo controlar a expansão urbana e preservar a geografia do lugar, suas belezas naturais como as praias, as dunas, restingas e lagoas, já que era uma das últimas áreas disponíveis para onde a cidade poderia se expandir.


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O ponto central do plano era a construção de duas vias principais, a Avenida das Américas e a Avenida Alvorada (atualmente Avenida Ayrton Senna), que fariam a ligação de todo o bairro, e também limitava os gabaritos para construção dos prédios, dentre outros aspectos. Também definia os usos do espaço: residencial, comercial, lazer e preservação ambiental. As moradias se concentrariam em uni ou pluri-familiares, formando os já conhecidos condomínios fechados, que tentam reproduzir dentro deles um pequeno centro com comércio e serviço, dando segurança a seus moradores.

Lúcio Costa pretendia ordenar essa “nova área” da cidade, caracterizada por ser uma extensão das áreas de Copacabana, Ipanema e Leblon, em a nova zona Sul da cidade. Impedindo que acontecesse o que ocorreu nesses mesmos bairros – com uma barreira de cimento” construída nas avenidas litorânea- bloqueando a vista do mar dos demais quarteirões. Com esse plano, Lúcio Costa pretendeu harmonizar a urbanização e a natureza.


chico landi vence na barra da tijuca na época não tinha pardal 1964
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O bairro apresentou a partir da década de 70 um grande impulso de ocupação, caracterizado por um rápido processo de expansão e urbanização, no qual transformou rapidamente uma área pouco habitada, onde predominava a agricultura, em um espaço bastante ocupado e movimentado, e que atualmente é um dos mais valorizado do Rio de Janeiro. De acordo com a contagem de 2000, feita pelo IBGE, o bairro apresenta uma população de aproximadamente 174.353 habitantes.

Desenvolvimento


1980_thumb

A Barra da Tijuca apresenta uma urbanização totalmente diferente da maioria dos bairros do Rio de Janeiro, com uma predominância de ruas largas de alta velocidade onde há poucos pedestres e ciclistas. Em alguns pontos da cidade, a urbanização ainda se assemelha com a dos bairros mais tradicionais, porém nesta análise vamos trabalhar com a Avenida das Américas, que é uma das maiores da cidade e a mais característica da Barra.


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A Avenida das Américas se estende desde o início da Barra até o bairro de Vargem Grande, passando ainda pelo Recreio dos Bandeirantes, e é uma via de alta velocidade onde os motoristas costumam andar em velocidades superiores a 80 km/h.

olha a dura dos “homi” esconde o flagrante!velocidadeacimade80km_thumb1
Esse fato é determinante no que diz respeito ao planejamento de design da comunicação visual dos estabelecimentos comerciais que se instalam ao longo da Avenida.

anos 60 - dava pra namorar na praia sem tomar dura ou perder nadaanos60_thumb

Os shoppings – é tudo free!

Ao longo “das Américas” como é chamada, estão várias lojas de automóvel, supermercados, prédios comerciais, condomínios residenciais, shoppings abertos e fechados.

Os shoppings abertos são aqueles que dispõem suas lojas para o lado de fora, e a circulação dos freqüentadores é ao ar livre. Nesses shoppings a comunicação das lojas é semelhante à de lojas de bairros como os da Zona Sul, por exemplo, pois a experiência dos freqüentadores é parecida com de pedestres que andam em calçadas.

o templo shopping – amém irmãosotemploshopping_thumb3
Os shoppings fechados como o BarraShopping - principal shopping do bairro - já dispõe suas lojas para dentro, ou seja, o freqüentador tem que entrar no shopping para ver as lojas, o que também altera a comunicação das lojas com os clientes.
Existem ainda shoppings mistos, onde as lojas são dispostas para fora e para dentro, e ainda existem escritórios e consultórios médicos de diversos ramos instalados nos andares superiores e em prédios anexos.

Totens e letreiros

supercentermegaultraplusOutro fator de grande relevância nessa área de comunicação visual da Barra é a dimensão do bairro em si e dos shoppings e lojas que o ocupam.
Devido à extensão da Barra, todos esses estabelecimentos são muito grandes e tem necessidade de mostrar essa grandeza em sua identidade visual. Esse fato é comprovado pelo tamanho dos totens que expõe as marcas dos supermercados e shoppings.
Alguns, ainda acumulam marcas de estabelecimentos que não existem mais, pois estes já se tornaram indicadores da localidade, como o supermercado Pão de Açúcar que ainda tem o totem do Freeway, que foi o primeiro supermercado a se estabelecer naquele prédio,tornou-se o nome do lugar.
freeway - o sonho americano - tudo freefreewayosonhoamericanotudofree_thumb
E usado até como ponto de referência por algumas pessoas. Isso acontece com muitos shopping e lojas ao longo da Avenida das Américas, como o Hipermercado Extra, que abriu uma loja onde antigamente existia o Paes Mendonça, hoje em dia muitas pessoas chama o Extra de Extra Paes Mendonça, até mesmo para diferenciar de outras filiais do supermercado que existem na Barra
.
info na barra porque tudo na texas-brasileira é muito grandeinfonabarraporquetudonatexasbrasilei[2]
Um fato que ocorre com alguma freqüência também é a identificação de um shopping por causa de uma loja que está dentro deste, como no caso do Info Barra, que identifica mais o shopping do que o próprio nome original American Mall.
o bairro pop star
obairropopstar_thumb1Isso acontece também no shopping Città América, que apesar de não perder a identidade como o American Mall, é identificado muitas vezes mais pela enorme guitarra do bar Hard Rock Café.



A americanização – the brazillian way of life

A ocupação da Barra aconteceu tardiamente em comparação com os demais bairros da cidade e por conta disso outro fenômeno característico da Barra é a americanização dos nomes dos shoppings e lojas.

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Como os nomes em inglês tem uma sonoridade moderna, a Avenida das Américas e o bairro todo em geral sofreram uma influência muito grande da cultura americana.
Essa influência, que é normal em muitos lugares, se tornou exacerbada na Barra a ponto de ter uma réplica da estátua da liberdade de Nova York em um shopping chamado New York City Center. A gringa do Cristo.

a gringa do Cristoagringadocristoredentornovayorkdabar[1]

Distância e proximidade


Mais uma característica peculiar da Barra da Tijuca, em especial da Avenida das Américas, é a existência de dois estabelecimentos iguais muito próximos um do outro, mas separados no que diz respeito ao sentido da via.
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Acontece com postos de gasolina de mesma bandeira e restaurantes como o McDonald’s, que são geograficamente próximos, mas a necessidade que o cliente tem de fazer o retorno em uma via expressa para chegar à loja, gerou a necessidade da abertura de dois restaurantes tão próximos.



Conclusão


Todos estes fatores tornaram a Barra um bairro muito diferente de todos os demais bairros da cidade do Rio de Janeiro. A sua dimensão e sua urbanização fizeram a comunicação visual e a arquitetura de suas lojas e demais estabelecimentos totalmente diferente do que se costumava ver na cidade.


a long long time agoBarramuitomuitoantigamente_thumb3A Barra é um bairro preocupado com o design desde a sua criação até os dias de hoje, e mesmo assim é comum ver alguns erros graves como a poluição visual e o super dimensionamento de alguns letreiros e totens.

A necessidade de que as lojas tem de se destacar nesse ambiente diferenciado, de por junto a outdoors e elementos urbanos, provocam uma grande poluição visual no bairro, que a pesar do aspecto amplo e grandioso muitas vezes sufoca o motorista ou pedestre em meio a tantos elementos de tamanho desproporcional.
Esse exagero acontece também por diversas vezes no uso de palavras, expressões e até mesmo de tradições americanas na escolha do nome das lojas e shoppings.


Formação Histórica do Bairro da Barra da Tijuca e do Rio de Janeiro


Desde o início da formação da Cidade, a Região Barra da Tijuca sempre esteve ligada à história do Rio de Janeiro, apesar de ser a mais nova das regiões, em termos de desenvolvimento e ocupação.
A idéia de criar no Rio de Janeiro uma colônia francesa, apoiada por Henrique II, rei da França (1547-1559), foi de Nicolas Durand de Villegaignon, que desembarcou aqui em novembro de 1555. Os franceses foram senhores do Rio de Janeiro durante quatro anos e três meses. Em 1560, por ordem real, Mem de Sá combateu-os com uma esquadra enviada da metrópole, desalojando os invasores e arrasando suas fortificações, acreditando ter restabelecido o domínio português.

Em fevereiro de 1564, quando Estácio de Sá chegou, incumbido de estabelecer as bases de uma colonização sistemática, encontrou a Cidade novamente dominada, sendo impossível estabelecer-se. Buscando reforços em São Vicente, desembarcou um ano depois, em março de 1565, subjugando os franceses e índios hostis. Estácio de Sá Iniciou seus atos oficiais doando sesmarias aos jesuítas (1o de julho de 1565) e ao patrimônio territorial da Cidade (16 de julho).
Mas as dificuldades em consolidar a destruição das forças inimigas e cumprir sua missão forçaram-no a um pedido de ajuda. Avisado pelo jesuíta Anchieta, Mem de Sá veio em seu auxílio, à frente de tropas organizadas na Bahia. A intervenção derrotou temporariamente os franceses, na batalha onde morreu seu sobrinho Estácio de Sá, em 20 de janeiro de 1567.
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Após a expulsão dos invasores, Mem de Sá nomeou outro sobrinho, Salvador Correia de Sá, capitão e governador (1567-1572) da Cidade, recebendo o mesmo, como benefício da guerra, as terras que hoje constituem o Município. Como governador do Rio de Janeiro, Salvador Correia de Sá doou terras a dois colonizadores portugueses que participaram da luta: Jerônimo Fernandes e Julio Rangel de Macedo receberam sesmarias que partiam de Jacarepaguá e chegavam até a atual Barra da Tijuca.


Em 1594, quase no final do último período de seu governo (1578-1598), Salvador Correia de Sá passou o amplo território que hoje corresponde a Jacarepaguá e a Barra da Tijuca a seus dois filhos, Gonçalo e Martim Correia de Sá, que concordaram em dividir a área. Gonçalo ficou com as terras que hoje correspondem aos atuais bairros da Freguesia, Taquara, Camorim até Campinho, e a maior parte da Barra da Tijuca.
A área de Martim Correia de Sá, mais tarde governador por três vezes da capitania do Rio de Janeiro (1602-1608, 1618-1620 e 1623-1630), ia desde Camorim, atravessava Vargem Pequena e Vargem Grande e chegava ao Recreio dos Bandeirantes, alcançando a extensa faixa litorânea.

As duas partes tiveram uma evolução desigual. Nas terras da planície de Jacarepaguá, foram instalados engenhos e fazendas, em função do terreno plano e dos mananciais de água, o que proporcionou um desenvolvimento econômico baseado em atividades rurais. A área praiana, por outro lado, não teve desenvolvimento regular e crescente, justamente por não ser adequada nem para o plantio nem para a criação de gado. Localizados entre lagoas e alagados, os areais eram mais propícios a atividades de pesca e lazer.
Em 1625, a filha de Gonçalo Correia de Sá, Dona Vitória de Sá e Benevides, recebeu como herança as terras do pai, dadas mais tarde como dote, em 1628, a seu esposo, o fidalgo espanhol e governador-geral do Paraguai, D. Luís Cespede Xeria. Em 1667, as propriedades de Dona Vitória, correspondentes à maior parte da Barra da Tijuca, foram legadas, por testamento, ao Mosteiro de São Bento.
O filho de Martim Correia de Sá, General Salvador Correia de Sá e Benevides, primo de Dona Vitória, além da área herdada do pai, comprou todas as terras que pertenciam aos foreiros e ao marido da prima, que incluíam o atual bairro de Jacarepaguá, ficando dono quase absoluto da região, com exceção da enorme área doada por D. Vitória aos beneditinos, a atual Barra da Tijuca.
Os religiosos fundaram três engenhos, o primeiro em Camorim, depois em Vargem Grande e Vargem Pequena. Os três ocupavam quase a metade da região. A comunicação com a Cidade era feita por uma estrada aberta por eles, que atravessava o maciço da Tijuca.
Os monges beneditinos sempre gozaram de estima junto às populações em que desenvolveram seus trabalhos, entre eles a catequese dos índios, a cultura dos campos nas suas fazendas, a instrução e educação da juventude em seus mosteiros ou em educandários do governo, o conforto espiritual e moral prestado às forças armadas e a colaboração na expulsão do inimigo: primeiro os holandeses - ao longo do século XVII; depois - como os jesuítas, nos primórdios da fundação da Cidade - os franceses, no século XVIII. lebloncolonialparadiselost1


Em 16 de agosto de 1710, uma nova esquadra francesa chegou à vista do Rio, numa expedição enviada por Luís XIV contra o Brasil, mas repelidos pelos canhões da fortaleza de Sta. Cruz, os franceses desistiram de forçar a entrada na baía, desembarcando em 11 de setembro na praia de Guaratiba. A estrada dos beneditinos foi então utilizada por eles que, liderados por Duclerc, chegaram ao Centro, na tentativa de invadir a Cidade, sendo rechaçados pelas tropas aquarteladas nos fortes que guarneciam o morro do Castelo. Duguay-Trouin sucedeu a Duclerc e invadiu a Cidade no ano seguinte (1711), com dezessete navios e 5.764 marinheiros e soldados, tendo os beneditinos participados ativamente da resistência ao inimigo e contribuído para o resgate da Cidade com grande soma de dinheiro. Além dessa, pode-se citar outras ajudas financeiras de vulto por parte dos beneditinos - como doações de terrenos ao governo, a hospedagem da família real e a edificação de inúmeros prédios no Rio de Janeiro.



Sob o poder deles, a Região manteve as suas características rurais. Com a proibição do comércio aos jesuítas e a perseguição movida por Pombal, culminando com a lei de três de setembro de 1759 expulsando-os de Portugal e seus domínios, os beneditinos passam a exercer maior influência política, assumindo o papel dos jesuítas em inúmeros empreendimentos lucrativos na Cidade e na Região.



No início do século XIX, a população da área - a maior da Cidade - ainda era constituída basicamente de escravos. Entretanto, apesar do enorme contingente de mão-de-obra escrava, os beneditinos não tinham a mesma vocação empreendedora dos jesuítas - estes realizavam trabalhos de cultivo da terra e criação de animais, de carpintaria, marcenaria, engenharia de estradas, hidráulica e militar, cerâmica, tecelagem, construção de embarcações navais, etc. Para realizar tais atividades possuíam inúmeros bens e ganhavam subsídios reais, doações de terras, sesmarias, heranças, prédios, isenções, entre outros.


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Durante mais de dois séculos, a Ordem dos Beneditinos explorou ou arrendou as terras herdadas. Com o passar do tempo, a produtividade dos engenhos declinou. Plantações de café substituíram a cana-de-açúcar, mas com as crises do café, as grandes fazendas foram divididas em pequenos sítios. Em conseqüência da perseguição às ordens religiosas, ocorridas no Segundo Império, e com o fim da escravidão no final do século XIX, os beneditinos ficaram quase arruinados. Em 1891, todas as terras remanescentes foram vendidas à Companhia Engenho Central de Jacarepaguá, sendo repassadas ao Banco de Crédito Móvel, em pagamento de dívidas.





Em 1900, as terras foram vendidas à empresa Saneadora Territorial e Agrícola S.A., ainda hoje grande proprietária de terrenos na área, assim como a Carvalho Hosken, a ESTA e a Pasquale Neto. Desde seus primórdios manifestou-se a vocação local de ter poucos proprietários, como os Sá, os Telles de Menezes e, principalmente, os beneditinos. A concentração de grandes extensões de terras em mãos de poucos foi uma das causas do lento crescimento da Região.
Conhecida como Região dos Sete Engenhos, a Barra da Tijuca hoje tem poucos marcos históricos. O mais importante é a Igreja de N. Sra. do Mont Serrat, construída pelos beneditinos por volta de 1766, em Vargem Pequena. Uma característica interessante da área são os nomes das localidades, que se mantiveram desde o período colonial: Camorim, Vargem Grande, Vargem Pequena e Recreio dos Bandeirantes.
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A dificuldade de acesso foi outro motivo também responsável pela lenta evolução da Barra da Tijuca. A ocupação mais significativa na época colonial começou por Jacarepaguá, justamente porque o acesso podia ser feito, embora de forma lenta, através da antiga estrada dos beneditinos. As características do meio geográfico dificultaram o acesso da Região ao centro da Cidade. Outros caminhos já existentes, como a antiga Estrada Real de Santa Cruz e os canais navegáveis de Irajá, acabaram atraindo a expansão da Cidade, irradiada a partir do seu centro, favorecendo os subúrbios e as zonas leste e sul.

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O sistema de transportes foi outro aspecto que diferenciou a Barra da Tijuca das demais regiões. No caso da Barra, o meio de locomoção utilizado foi o veículo automóvel e não o sistema sobre trilhos, como bondes e trens. abrindocaminho_thumb1Este fato é evidenciado pelo grande número de estradas abertas antes mesmo que a Região se adensasse, como as estradas dos Bandeirantes, do Joá, de Furnas, das Canoas, da Gávea, entre outras. Estas estradas começaram a surgir desde o século XIX, para atender a localidades distantes e de difícil acesso.
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Até as primeiras décadas do século XX, os movimentos de ocupação se mostraram inconsistentes, pontuando apenas pequenas casas de veraneio no Recreio. A ocupação da Barra da Tijuca se deu pelas extremidades. No sentido Zona Sul, surgiram novas vias de acesso, como a Avenida Niemeyer (1920) e a Estrada de Furnas, que se juntavam para alcançar a Barra da Tijuca, contornando a Pedra da Gávea. Em 1939, foi construída uma ponte sobre a Lagoa da Tijuca. A obra foi executada por particulares para atender aos loteamentos Jardim Oceânico e Tijucamar e - no outro extremo - ao loteamento de duas grandes glebas no Recreio dos Bandeirantes, que pertencia ao inglês Joseph W. Finch.

orladorionumseiaondeficaisso1Historicamente, a Barra da Tijuca sempre esteve ligada à Zona Norte e à Tijuca. Esse fator foi decisivo para a sua ocupação. Atraídos pelas águas límpidas de suas praias oceânicas pouco freqüentadas, os moradores dos bairros de ambas as regiões preferiam seguir até a Barra da Tijuca, a qual, segundo o dito popular, foi uma “invenção tijucana”. Isso pode ser constatado devido ao fato de quase todos os grandes investimentos anteriores à década de 60 terem sido destinados às vias de acesso ligando estas regiões, como a Estrada Grajaú-Jacarepaguá, Av. Menezes Cortes, concluída em 1951 pelo prefeito Mendes de Moraes.

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Até 1960, quase todas as melhorias para a Região eram executadas com o objetivo de fazer escoar a parca produção rural ainda existente e para atender ao lazer da população. Em 1969, quando o governador Francisco Negrão de Lima convidou o urbanista Lúcio Costa para elaborar o Plano Piloto da Barra, uma nova fronteira de expansão imobiliária se abriu e a partir daí a ocupação da Barra se deu de forma definitiva.
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pontaldoleblonolhaafavelanapedra1Lúcio Costa elaborou um plano diretor propondo uma urbanização racional e planejada da baixada compreendida entre a Barra da Tijuca, o Pontal de Sernambetiba e Jacarepaguá, rompendo com padrões de gabarito existentes, criando áreas "non aedificandi" e vias expressas, etc. Era uma forma de tentar conter a ocupação caótica e desordenada já iniciada, evitando a repetição dos erros cometidos em outras regiões e fornecendo um novo modelo urbano para a Cidade, baseado no racionalismo modernista e na onda desenvolvimentista surgidos no Brasil a partir do governo Kubitschek, na 2a. metade da década de 1950.

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Com a construção da Auto-Estrada Lagoa Barra, na década de 80, a urbanização da Região se intensificou. Hoje, apesar das profundas modificações do plano original, mesmo tendo uma arquitetura característica que a assemelha mais à cidade de Miami do que ao restante do Rio de Janeiro, com shopping centers que são verdadeiras catedrais de consumo, ainda é impressionante o crescimento da Região.


barra19651As melhores taxas demográficas da Cidade estão na Barra, que apresenta ainda os menores adensamentos, ótimos padrões de ocupação e excelente qualidade de vida, apesar do trânsito cada vez mais problemático e da crescente poluição de suas lagoas e praias, por falta de um eficiente sistema de saneamento básico.

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O encontro entre uma zona até recentemente rural e a pujança urbana moderna resultou num espaço bastante diversificado socialmente, com interações entre forças do Estado, o mercado capitalista, os setores de comércio e serviços e uma população heterogênea formada por diversos grupos sociais emergentes, estabelecidos formal e informalmente. Em suma, a Região Barra da Tijuca é hoje um espaço dinâmico e mutante, um paradigma de desenvolvimento intrigante e discutível e, por isso mesmo, constitui um fenômeno novo na Cidade.

FONTES BIBLIOGRÁFICAS:
Abreu, Mauricio de Almeida, Evolução Urbana do Rio de Janeiro, Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, SMU/IPLANRIO, 3a Edição, 1997
Brasil, Gerson, História das Ruas do Rio de Janeiro
Coroacy, Vivaldo, Memórias da Cidade do Rio de Janeiro
Macedo, Joaquim Manuel de, Um Passeio pela Cidade do Rio de Janeiro
Delta Larousse, Grande Enciclopédia
José Inácio Parente, Guia Amoroso do Rio
Pesquisa realizada na Internet sobre a história dos bairros
PUC - Rio / Departamento de Artes & Design - Análise Gráfica
Guilherme Curado e Henrique Rajão

Portal Barra da Tijuca
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