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Desafios pandemicos - como manter o contato pessoal e direto mesmo remotamente evitando o distanciamento efetivo
Em plena escalada da pandemia, o Brasil se depara com a insólita situação de conviver com dois ministros da Saúde sem ter nenhum de fato. Um foi demitido do cargo, mas ainda está lá: o general Eduardo Pazuello. O outro, o cardiologista Marcelo Queiroga, foi indicado para a função, mas não tomou posse. Na prática, o imbróglio —que já dura uma semana— reforça a ausência de liderança no Ministério. De Brasília, Afonso Benites explica que a demora em empossar o novo dirigente da pasta ocorre porque o presidente Jair Bolsonaro busca uma forma de blindar Pazuello contra uma possível prisão em decorrência de sua suposta omissão no colapso da saúde em Manaus. Por enquanto, o vácuo de poder deixa o Ministério sem direcionamento claro para o futuro. “Até questões burocráticas simples acabam sendo deixadas para depois, porque quem é chefe hoje não sabe se estará no cargo amanhã”, diz um servidor da área de vigilância em saúde.
Enquanto Brasília não se resolve, o Brasil inteiro sofre de asfixia pela covid-19, com o colapso generalizado dos sistemas de saúde estaduais —em São Paulo, o Estado mais rico do país, só há remédios essenciais para as UTIs dos hospitais públicos por mais uma semana. Como chegamos a este ponto? Em sua coluna, Monica de Bolle afirma que na raiz da tragédia está aceitar a falsa dicotomia entre saúde e economia para gerenciar a crise sanitária. "O Brasil perde tempo com a discussão sobre o lockdown e perde tempo ao propor um auxílio emergencial completamente inadequado. Não é possível fechar o país sem o auxílio emergencial. O auxílio não é apenas uma medida econômica, mas uma medida de saúde pública", diz.
Não bastassem os problemas sanitários e econômicos, o home office cansa, as reuniões no Zoom exaurem, as lives permanentes nos esgotam. A pandemia de coronavírus acelerou o desaparecimento dos rituais e espaços comuns, e nos tirou o contato direito com outras pessoas, debate o filósofo sul-coreano Byung-Chul Han em um ensaio para o EL PAÍS. O texto nos convida a aproveitar a crise para uma revisão radical do nosso modo de vida. "A comunicação digital nos esgota muito. É uma comunicação sem ressonância, uma comunicação que não nos traz felicidade. Espero que a pandemia nos faça perceber que a mera presença corporal do outro já tem algo que nos faz sentir felizes, que a linguagem implica uma experiência corporal, que um diálogo bem-sucedido pressupõe um corpo, que somos seres corporais”, escreve.
Ainda nesta edição, um pouco sobre o toque de Midas de Drake na indústria musical. Judeu canadense com pai negro, criado em um subúrbio de Toronto, Drake não se encaixa em nenhum dos estereótipos do mundo do hip-hop, mas isso não impediu seu estrondoso sucesso, com mais de 170 milhões de discos vendidos. Iñigo López Palacios escreve sobre a vida e a carreira do rapper que conseguiu fazer o triângulo formado pelo rap, o R&B e o pop convergirem de uma maneira nunca vista antes. “Eu me considero a primeira pessoa que consegue fazer rap e cantar ao mesmo tempo”, disse ele uma vez.
Fique em casa se puder. Ajude os mais vulneráveis se tiver chance. O Brasil do futuro agradece.
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