"Grandes almas sempre encontraram forte oposição de mentes medíocres..."
( Albert Einstein )
"Condenação sem investigação é o cúmulo da ignorância."
( Albert Einstein )
"Deixe sua comida ser seu remédio e seu remédio ser sua comida."
( Hipócrates )
Quando a ignorância for vencida pelo amor, todos verão a luz!
FILOSOFANDO NA FOGUEIRA
Se a vida resumi-se a uma resposta, qual seria a pergunta?
Palavras são insuficientes quando expressões e sentimentos são grandes demais para conterem-se nelas.
Ainda assim são as perguntas que nos levam a alguns lugares, logo, quais as palavras que deveriam estar aqui?
SITUAÇÃO DO MERCADO DE AGROTÓXICOS NO MUNDO E NO BRASIL
- Fontes oficiais de diversos estudos realizados por: BNDES, FIESP, SINDICATO DAS INDÚSTRIAS DE DEFENSIVOS AGRÍCOLAS, DIEESE E ANVISA
Baixe o relatório aqui
CAMPANHA NACIONAL CONTRA O USO DE AGROTÓXICOS E PELA VIDA
Comer é um ato político.
Quais as implicações disso?
Por Marco Weissheimer
Em nossa vida diária, manifestamos indignação contra muitos acontecimentos da vida política e social do país, aos quais temos um acesso, na maioria das vezes, mediado pela forma como eles nos são apresentados pelos meios de comunicação em suas diversas plataformas e modalidades, que hoje não são poucas. A indignação com a corrupção é um exemplo disso. É difícil encontrar uma pessoa que não tenha opinião e convicção formada sobre esse tema. Em geral, nos colocamos fora dele. O corrupto é sempre um outro, um político de modo geral, e nós não temos responsabilidade pelo que ocorre nesta dimensão. No entanto, pouquíssima gente se preocupa com um tema que diz respeito diária e diretamente a nossas vidas, que é a qualidade da nossa alimentação.
A presença de agrotóxicos, hormônios e transgênicos em nosso cardápio diário tornou-se um fato natural como o sol e a chuva e pouca gente parece disposta a pensar sobre o que está comendo e qual a relação que isso tem com a atual ordem econômica, política e social do país. Comer teria algo a ver com a corrupção, por exemplo? A pergunta parece esdrúxula, mas talvez não seja. O agronegócio representa hoje um dos principais elementos formadores do PIB brasileiro, responsável por alguns dos principais produtos que integram a pauta de exportações do país.
Essa força econômica tem expressão direta no Congresso Nacional, nos parlamentos estaduais e municipais, e nos Executivos, no Judiciário, na definição da linha editorial dos grandes meios de comunicação e da pauta de produção das grandes agências de publicidade. O agronegócio é um fator positivo para a economia do país, mas isso não encerra o assunto. Há uma contrapartida que não é exatamente positiva: ele desenvolveu um modo de produção de alimentos que faz do Brasil um dos maiores consumidores mundiais de agrotóxicos. É impossível dissociar o agronegócio da indústria dos agrotóxicos, assim como é impossível dissociá-los da indústria dos transgênicos. Quando iniciou o debate sobre a utilização de Organismos Geneticamente Modificados (OGMs) na agricultura, uma as principais promessas feitas por seus defensores era que o cultivo de transgênicos, entre outros benefícios, traria uma diminuição do uso de agrotóxicos, em função do desenvolvimento de plantas resistentes a pragas. Passadas cerca de duas décadas, o que se viu no Brasil foi exatamente o contrário. A crescente liberação do plantio de variedades transgênicas de soja, milho e outros cultivos trouxe não uma diminuição, mas um aumento da utilização de agrotóxicos.
Em 2005, quando foi aprovada a Lei de Biossegurança nº 11.105, que impulsionou a liberação de transgênicos no país, o consumo de agrotóxicos no Brasil estava na casa dos 700 milhões de litros/ano. Em 2011, seis anos apenas depois, já estava na casa dos 853 milhões de litros/ano. Em 2013, as estimativas apontam para um consumo superior a um bilhão de litros/ano, uma cota per capita de aproximadamente 5 litros por habitante. O Brasil consome hoje pelo menos 14 agrotóxicos que são proibidos em outros países do mundo. Esse uso intensivo, além dos problemas para a saúde e o meio ambiente, vem provocando o surgimento de novas pragas mais resistentes aos venenos, que demandam o desenvolvimento de novos venenos, numa espiral que parece não ter fim e que vem sendo construída sem os estudos de impacto ambiental necessários.
De 60 a 70% dos alimentos que a população brasileira compra em mercados hoje são controlados por um grupo de apenas dez empresas. A produção da maior parte desses alimentos envolve uso de agrotóxicos, hormônios e transgênicos. Em busca de uma vida mais saudável, os mais ricos aumentam o consumo de produtos orgânicos. Os mais pobres, que não têm acesso aos orgânicos, seguem consumindo alimentos com agrotóxicos, hormônios e transgênicos sem terem acesso a informações sobre o que estão ingerindo. Comer tornou-se, portanto, mais do que nunca, um ato político. O alimento tornou-se um elemento simbólico e material para ligar a realidade de quem vive e produz no campo e de quem vive e produz nas cidades.
As implicações desse laço para a saúde andam de mãos dadas com as implicações para o meio ambiente. No dia 10 de março, em uma audiência pública na Assembleia Legislativa, mulheres integrantes da Via Campesina entregaram para o Ministério Público Estadual e para o MP Federal um dossiê denunciando o impacto dos agrotóxicos no Rio Grande do Sul. Doenças como o câncer, contaminações das mais variadas formas e desaparecimento de abelhas estão entre os problemas apontados. Pense um pouco nisso em sua próxima refeição. Essa reflexão pode ser uma condição para uma digestão mais tranquila e saudável.
fonte: http://www.extraclasse.org.br/edicoes/2015/04/comer-e-um-ato-politico-quais-as-implicacoes-disso/
Conheça o perfil psicológico das corporações do Agronegócio: QUEM SÃO OS PSICOPATAS1?
O Mundo Segundo A Monsanto (Dublado Portugues Brasil)
Este vídeo tem intuito informativo e educacional e não infringe direitos autorais.
O Mundo segundo a Monsanto
Marie-Monique Robin
Excelente documentário produzido pela autora do livro "O mundo segundo a Monsanto". Mostra como essa multinacional está patenteando sementes transgênicas e introduzindo-as em países emergentes como o Brasil. Presente em 46 países, a Monsanto se tornou líder mundial em sementes e plantações transgênicas e também uma das empresas mais controvertidas na história industrial. Desde sua fundação em 1901, a empresa foi processada judicialmente inúmeras vezes devido à toxidade de seus produtos. Hoje se reinventou como a empresa das "ciências da vida" que se converteu às virtudes do desenvolvimento sustentável.
Usando de documentos até agora não publicados e os testemunhos de vítimas, cientistas e políticos, "O Mundo Segundo a Monsanto" reconstitui a gênese de um império industrial construído sobre mentiras, cumplicidade do governo americano, pressões e tentativa de corrupção. A empresa se tornou principal fabricante de sementes do mundo, espalhando seus cultivos transgênicos para todo o planeta -- em meio à falta de controle em relação a seus efeitos para com o meio ambiente e a saúde humana.
Uma empresa que quer o seu bem seguindo as regras do codex alimentarius até quando vamos engolir isso.
São Paulo, maio de 2012
Transgênicos contribuem para aumento do consumo de agrotóxicos no Brasil
Publicado por Daniel Borgo - 1 ano atrás JusBrasil – Notícias 24 de novembro de 2014
O consumo dessas substâncias aumentou 190%, atingindo quase um milhão de toneladas na safra 2010/2011. No Brasil, a soja concentra 40% do volume total de venenos agrotóxicos.
O uso indiscriminado de agrotóxicos está diretamente associado ao aumento dos transgênicos no campo. A safra 2010/2011, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), teve um consumo somado de herbicidas, inseticidas e fungicidas, entre outros, de 936 mil toneladas, que movimentou 8,5 bilhões de dólares no país. Não à toa, o Brasil responde a 20% do consumo mundial total desses venenos.
Ainda segundo a Anvisa, órgão responsável por liberar tais produtos no país, o mercado brasileiro de agrotóxicos cresceu 190% nos últimos 10 anos, um ritmo muito mais acentuado do que o do mercado mundial, que foi de 93% no mesmo período.
A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), já liberou cinco tipos de soja, 18 de milho, 12 de algodão e uma de feijão que, com exceção da nacional Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), utilizam tecnologia transgênica e defensivos agrícolas produzidos pelas seis grandes empresas transnacionais que também lideram o setor em nível global: Monsanto (Estados Unidos), Syngenta (Suíça), Dupont (EUA), Basf (Alemanha), Bayer (Alemanha) e Dow (EUA).
Relatório do Grupo ETC, organização socioambientalista internacional que atua no setor de biotecnologia e monitora o mercado de transgênicos, revelou em março deste ano que estas empresas, apelidadas de “Gene Giants” (Gigantes da Genética), controlam atualmente 59,8% do mercado mundial de sementes comerciais e 76,1% do mercado de agroquímicos, além de serem responsáveis por 76% de todo o investimento privado no setor.
No Brasil, a soja concentra 40% do volume total de venenos agrícolas, seguida pelo milho (15%) e pelo algodão (10%). Entre os alimentos mais com taxas mais elevadas de veneno estão a cana de açúcar, o tomate, a uva, a alface e o pepino.
Relatório do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (Para), da Anvisa, apontou índices elevados de agrotóxicos em seis alimentos no Espírito Santo: pepino, alface, arroz, tomate, uva e abacaxi, referentes aos anos de 2011 e 2012. Ao todo, no Estado, a Anvisa analisou 67 amostras de alimentos em 2011, das quais 22 foram consideradas insatisfatórias. Em 2012, foram 77 amostras coletadas de alimentos – diversos e não necessariamente os mesmos do ano anterior –, dos quais 18 amostras foram consideradas insatisfatórias.
Em âmbito nacional, no mesmo relatório, foi registrado o uso de aldicarbe em uma amostra de arroz. O aldicarbe é o ingrediente ativo de maior toxicidade aguda dentre todos os agrotóxicos de uso agrícola e muito conhecido por ser usado como raticida ilegal, o popular “chumbinho”. Em amostras de uva, foram registrados os ingredientes ativos tebufempirade e azaconazol, que nunca foram registrados no país. Por isso, o seu uso sugeriu a ocorrência de contrabando. No ano de 2012, todos os resultados insatisfatórios das amostras de alimentos, caso da cenoura e do arroz, por exemplo, foram devido à presença de agrotóxicos não autorizados para estas culturas.
Segundo a Anvisa, atualmente 130 empresas atuam no setor de agrotóxicos e, destas, 96 estão instaladas no país. Mas só as dez maiores empresas do setor foram responsáveis por 75% das vendas de agrotóxicos na última safra, dividindo o mercado brasileiro entre si conforme a demanda do produto.
Monsanto
Entre as razões que justificaram o "Ajuntamento Mundial Contra a Monsanto e em Favor das Sementes Desobedientes", em outubro, estão as descobertas científicas recentes de que os Organismos Geneticamente Modificados (OGMs) da Monsanto podem fazer com que os consumidores desenvolvam problemas graves de saúde, como tumores cancerígenos, infertilidade e anomalias congênitas, além de serem prejudiciais para o meio ambiente. Dossiê da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) relaciona os ingredientes ativos utilizados nos agrotóxicos no Brasil aos riscos à saúde humana e afirma que seu uso intensivo pode causar “doenças como cânceres, má-formação congênita, distúrbios endócrinos, neurológicos e mentais”.
A Monsanto tem, em sua história, o março da fabricação do agente laranja, poderoso veneno usado como desfolhante pelos militares americanos durante a Guerra do Vietnã. O herbicida causou anomalias genéticas, diversos tipos de cânceres, abortos e irritações cutâneas às pessoas que a ele foram expostas. Em 1997, a multinacional foi refundada como empresa agrícola, produtora de sementes - como as de milho e algodão supostamente resistentes a pragas lançadas nos anos 1990 - e demais produtos desse setor.
Em todo o mundo, a versão de que as sementes geneticamente modificadas são realmente resistentes a pragas, e por isso não precisam de agrotóxicos, é amplamente contestada. Há relatos de que se precisa de cada vez mais herbicidas para manter as lavouras desses produtos. Os transgênicos da Monsanto são resistentes aos agrotóxicos da própria marca como, por exemplo, o Roundup, que mata todas as plantas do local onde é aplicado - exceto os transgênicos da Monsanto, preparados para serem especificamente resistentes a ele.
A Monsanto também é acusada de biopirataria, de contrabando de sementes, de manipulação de dados científicos, além de ser responsável pelo suicídio de agricultores indianos, endividados devido aos altos custos das sementes transgênicas e dos insumos químicos necessários a essas plantações. A cada plantio, os agricultores têm que comprar mais sementes porque, devido à patente obtida pela multinacional, cada semente só pode ser usada em um plantio – o que os impede de guardar uma parte da colheita para o próximo ano, como é feito na agricultura tradicional.
Fonte: EcoAgência
Disponível em: http://danielborgo.jusbrasil.com.br/noticias/112119692/transgenicos-contribuem-para-aumento-do-consumo-de-agrotoxicos-no-brasil
13/11/2013 - 09:31
22 novembro 2014 5:09 PM
Kátia Abreu e transgênicos viram alvo de protesto de camponeses no RS
por NINJA
Manifestantes marcham por 10km em direção a fazenda improdutiva durante a madrugada. Foto: Mídia NINJA
Na manhã deste sábado (22), cerca de 2 mil jovens ocuparam a Fazenda Pompilho, com 2 mil hacteres de cultivo de milho transgênico à beira da BR 158, que liga a cidade de Palmeira das Missões à região oeste de Santa Catarina.
O objetivo da ocupação, segundo os participantes, foi denunciar "o modelo do agronegócio, defendido amplamente pela bancada ruralista, e que tem a Senadora Kátia Abreu (presidente da Confederação Nacional da Agricultura) como referência política".
A Senadora do PMDB acaba de ser convidada pela presidenta Dilma Rousseff para assumir o comando do Ministério da Agricultura. Apesar da nomeação já ser aguardada há algumas semanas, como parte das negociações para assegurar o espaço do partido no novo governo, diversos setores da sociedade se dizem abismados com a possibilidade de um governo do PT abrigá-la num ministério de Estado.
O jornalista Leandro Fortes, por exemplo, disse não ver "racional e emocionalmente, uma justificativa minimamente plausível para ofender os milhões de trabalhadores do campo que, desde sempre, foram perseguidos, usurpados e trucidados por pessoas como a Senadora. Simplesmente, é inacreditável que isso esteja acontecendo".
Camponeses arremessam mudas de milho transgênico de fazenda no interior do Rio Grande do Sul. Foto: Mídia NINJA
A plantação de milho foi ocupada pelos manifestantes, que denunciam o uso de sementes transgênicas. Foto: Mídia NINJA
Para os movimentos da Via Campesina (articulação que agrega diversos movimentos do campo) o agronegócio envenena a terra e contamina a produção dos alimentos e a água da população brasileira. O veneno está na mesa do brasileiro. O consumo de alimentos transgênicos causam inúmeras doenças como o câncer, depressão, doenças de pele, contaminação do leite materno, e etc. Além disso o agronegócio é um dos grandes responsáveis por retirar violentamente camponeses, indígenas e povos originários do meio rural para garantir seu plantio em larga escala para a exportação.
Marcha reuniu mais de 2000 pessoas no pequeno município de Palmeira das Missões, no RS. Foto: Mídia NINJA
Presentes para o Acampamento da Juventude Latinoamericana, jovens de todas as partes do mundo participaram da ação. Foto: Mídia NINJA
"Empresas estrangeiras passaram a controlar o território brasileiro se associando com os latifúndios improdutivos, que se apropriam de terras que deveriam ser destinadas à Reforma Agrária. Não produzem alimentos para o povo brasileiro, deterioram o ambiente com o uso da monocultura, como de soja, eucalipto, cana-de-açúcar, milho e pecuária intensiva” relata Raul Amorim do MST.O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo desde 2009. Mais de um bilhão de litros de venenos foram jogados nas lavouras, de acordo com dados oficiais. Por isso a ocupação da Fazenda Pompilho tem caráter de denuncia, mas também de propor um novo modelo de agricultura.
Sementes de alimentos orgânicos foram distribuidas no terreno após a retirada das mudas transgênicas. Foto: Mídia NINJA
Paisagem desoladora. A região do norte do Rio Grande do Sul tomada por grandes latifúndios. Foto: Mídia NINJA
“Propomos uma agricultura que tenha como base a agroecologia, a produção de alimentos saudáveis, onde a natureza e os seres humanos sejam respeitados e valorizados.” explica Catiane Cinelli, da direção nacional do Movimento de Mulheres Camponesas.
O ato começou às 4h da manhã com uma batucada de despertar dos participantes do 14º Acampamento Latino-Americano da Juventude da CLOC-Via Campesina para a caminhada em direção à rodovia. Reunindo ativistas de 18 países, o encontro aconteceu todas as vezes na Argentina, tendo sua primeira edição realizada no Brasil esse ano.
* Com informações de mst.org.br
Transgênicos e agrotóxicos: uma combinação letal
Expansão dos organismos geneticamente modificados fez aumentar o uso de defensivos agrícolas. Diversos estudos os relacionam ao crescimento da incidência de câncer
Por Maurício Thuswohl
A expansão dos cultivos transgênicos contribuiu decisivamente para que o Brasil se tornasse, desde 2008, o maior consumidor mundial de agrotóxicos, responsável por cerca de 20% do mercado global do setor. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão vinculado ao Ministério da Saúde e responsável pela liberação do uso comercial de agrotóxicos, na safra 2010/2011 o consumo somado de herbicidas, inseticidas e fungicidas, entre outros, atingiu 936 mil toneladas e movimentou 8,5 bilhões de dólares no país. Nos últimos dez anos, revela a Anvisa, o mercado brasileiro de agrotóxicos cresceu 190%, ritmo muito mais acentuado do que o registrado pelo mercado mundial (93%) no mesmo período.
Não à toa, as lavouras de soja, milho e algodão, principais apostas das grandes empresas de transgenia, lideram o consumo de agrotóxicos no Brasil. Ao lado da cana-de-açúcar, essas três culturas representam, segundo a Anvisa, cerca de 80% das vendas do setor. A soja, com 40% do volume total de venenos agrícolas consumidos no país, mais uma vez reina absoluta, seguida pelo milho (15%) e pelo algodão (10%). De acordo com a Campanha por um Brasil Livre de Transgênicos e Agrotóxicos, somente Brasil e Argentina jogam em suas lavouras transgênicas cerca de 500 mil toneladas de agrotóxicos à base de glifosato a cada ano.
Segundo a Anvisa, 130 empresas atuam hoje no setor de agrotóxicos no Brasil, sendo que 96 estão instaladas no país. Somente as dez maiores empresas do setor, no entanto, foram responsáveis por 75% das vendas de agrotóxicos na última safra, dividindo entre si o mercado brasileiro de acordo com as categorias de produto. Os herbicidas representam 45% do total de agrotóxicos comercializados no país, seguidos por fungicidas (14%), inseticidas (12%) e outras categorias (29%). Quando comparadas as vendas por ingredientes ativos, o glifosato lidera com 29% do mercado brasileiro de venenos agrícolas, seguido pelo óleo mineral (7%), pela atrazina (5%) e pelo novo agrotóxico 2,4D (5%).
A gente já previa há uns anos atrás que os transgênicos iriam alavancar as vendas de agrotóxicos, e é exatamente isso o que está acontecendo
“Entre os principais riscos trazidos pelos transgênicos está o aumento do uso de agrotóxicos”, diz Paulo Brack, professor do Instituto de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS): “Temos, nos últimos dez anos, um aumento de mais de 130% do uso de herbicidas e de 70% do uso de agrotóxicos, enquanto a expansão da área plantada foi bem menor do que isso. A gente já previa há uns anos que os transgênicos iriam alavancar as vendas de agrotóxicos, e é exatamente isso o que está acontecendo”, diz.
Brack alerta que a situação tende a piorar nos próximos meses: “Entre o fim de setembro e o início de outubro, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) se debruçará sobre três eventos transgênicos de soja e milho adaptados ao uso do 2,4D, que é um dos componentes do agente laranja”, diz, antes de fazer uma comparação: “Sabemos que o glifosato é tóxico, mas ele é considerado pela Anvisa como sendo de toxicidade baixa. Agora, em relação ao 2,4D, a própria Anvisa reconhece se tratar de um produto altamente tóxico. Isso é um retrocesso violento”.
Segundo o professor da UFRGS, a comunidade científica engajada contra a proliferação indiscriminada de transgênicos e agrotóxicos e as organizações do movimento socioambientalista farão uma grande campanha para que os eventos transgênicos ligados ao veneno 2,4D não sejam aprovados pela CTNBio em outubro: “O uso de transgênicos e agrotóxicos vai aumentar ainda mais. A sociedade tem de se levantar contra isso, pois a nossa saúde está em risco”, diz Brack.
Sem redução Dirigente da AS-PTA, Jean Marc Von der Weid chama atenção para a desmistificação de uma “propaganda enganosa” feita pelas empresas: “Apesar de a propaganda das empresas falar de redução do uso de agrotóxicos, isso só ocorreu nos EUA, nos três primeiros anos do emprego da tecnologia. Depois, como todos os cientistas independentes previram, as ervas tratadas com doses maciças de glifosato adquiriram resistência ao produto e hoje infestam agressivamente os campos de soja, milho e algodão resistentes ao glifosato, produzindo reduções de produtividade que chegam a 50% em casos mais extremos. A perda de eficiência das plantas transgênicas no controle de invasoras e pragas significou que os volumes de agrotóxicos foram aumentando para compensar esse efeito. Além disso, os agricultores tiveram de usar outros agrotóxicos mais agressivos no lugar dos que perdiam sua eficiência, como o glifosato, que está sendo substituído pelo 2,4D, vulgo agente laranja”, afirma.
Jean-Marc cita um exemplo de como a propaganda feita pelas empresas jamais se confirmou na prática: “O milho Bt, que mata uma lagarta cuja infestação no Brasil nunca foi importante antes do uso desse produto, teve desde o começo da sua utilização um problema de efeito colateral. As lagartas ‘mastigadoras’ morriam, mas os insetos ‘sugadores’ se multiplicavam como nunca antes e, no balanço geral, o resultado em termos de produtividade e gastos com os controles de pragas davam empate com os sistemas convencionais”, diz.
Avião despejando pesticidas em plantação (Foto: Jay Oliver/UGA CAES)
Doenças Um dossiê elaborado pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) relaciona com detalhes os diversos ingredientes ativos utilizados nos agrotóxicos no Brasil ao risco que cada um deles representa para a saúde e afirma que seu uso intensivo pode causar “doenças como cânceres, má-formação congênita, distúrbios endócrinos, neurológicos e mentais”. O dossiê cita estudos sobre o aumento da incidência de câncer na população de cidades muito expostas aos agrotóxicos, como, por exemplo, Lucas do Rio Verde, em Mato Grosso, e Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, entre outras: “Mesmo que alguns dos ingredientes ativos dos agrotóxicos, por seus efeitos agudos, possam ser classificados como medianamente ou pouco tóxicos, não se pode perder de vista os efeitos crônicos que podem ocorrer meses, anos ou ate décadas após a exposição”, alerta o documento.
Há poucos estudos científicos sobre o impacto do uso dos transgênicos, pois a questão de conflito de interesses é grande
A falta de estudos sistemáticos e com abrangência nacional que possam comprovar a inter-relação entre transgênicos, agrotóxicos e câncer, no entanto, contribui para que a questão não seja enfrentada corretamente pelo poder público: “A questão dos transgênicos é bastante complexa em termos de impacto para a saúde humana. Há poucos estudos científicos sobre o impacto do seu uso, pois a questão de conflito de interesses é grande e, em geral, há pouco financiamento de estudos sobre esse tema”, diz Anelise Rizzolo, integrante da Comissão Executiva que elaborou o dossiê da Abrasco sobre agrotóxicos. Na opinião de Anelise, que também é professora da Universidade de Brasília (UnB), “o Princípio da Precaução deve ser o critério utilizado enquanto não houver estudos suficientes que atestem sobre os reais impactos dos transgênicos na saúde”.
Paulo Brack, entretanto, ressalva que os riscos são mais do que conhecidos: “Existem vários trabalhos que comprovam não só a incidência de câncer, mas também de outras doenças. O próprio 2,4D, além de ter uma toxicidade elevada, é também um disruptor endócrino, ou seja, provoca alterações hormonais e pode causar problemas genéticos teratogênicos. Com ele, nós vamos ter mais risco de crianças nascerem defeituosas. No caso do glifosato, que é o mais utilizado, existem vários trabalhos mostrando que altera a divisão celular. Os trabalhos estão cada vez mais fortalecendo essa questão de que ele está relacionado ao surgimento de câncer”, diz.
Outros países Em outros países também já começam a aparecer denúncias sobre o aumento da incidência de cânceres relacionado ao alto consumo de agrotóxicos. Na cidade de Córdoba, na Argentina, um levantamento feito no Bairro Ituzaingó, onde existem centenas de residências ilhadas pelas lavouras de soja transgênica e expostas a banhos de agrotóxicos jogados por aviões, revelou que a incidência de câncer aumentava com a proximidade dos campos de soja. Até 2010 foram registrados naquela região 169 casos da doença, dos quais 32 resultaram em óbito.
Nos Estados Unidos, um estudo do Instituto Nacional do Câncer (NCI, na sigla em inglês) afirma que “toda a população dos EUA é exposta diariamente a numerosos produtos químicos agrícolas, muitos destes suspeitos de conterem propriedades cancerígenas ou atuarem como disruptores endócrinos”. Segundo o documento, “pesticidas (inseticidas, herbicidas e fungicidas) aprovados para uso pela Agência Ambiental dos EUA [EPA, na sigla em inglês] contêm quase 900 ingredientes ativos, muitos dos quais tóxicos”.
O NCI alerta que “pesticidas, fertilizantes agrícolas e medicamentos de uso veterinário são importantes contribuintes para a poluição da água e, como resultado de processos químicos, formam subprodutos tóxicos nocivos à saúde humana quando suas substâncias entram na rede de abastecimento de água”. O perfil das vítimas se repete: “Agricultores e suas famílias, incluindo migrantes trabalhadores, sofrem maior risco com a exposição aos produtos agrícolas”, diz o estudo estadunidense.
A falta de testes exaustivos e conclusivos também é lamentada nos EUA: “Muitos dos solventes, agentes de enchimento e outros produtos químicos incluídos como ingredientes inertes em rótulos de pesticidas são também tóxicos, mas não são necessários testes quanto ao seu potencial para causar doenças crônicas, como o câncer. Os produtos químicos agrícolas muitas vezes são aplicados como misturas, por isso tem sido difícil distinguir claramente os riscos de câncer associado a seus agentes individuais”, diz o estudo do NCI.
Leia também:
Volume de agrotóxicos ilegais no Brasil mobiliza fiscalização
Fiscalização
O Ibama tem intensificado ação na fronteira do Brasil e Uruguai
por Portal BrasilPublicado: 03/10/2013 17h23Última modificação: 29/07/2014 09h24
Divulgação/Ibama
Ibama intensifica fiscalização nas lavouras do Rio Grande do Sul
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Por conta do grande volume de registros de entrada de agrotóxicos importados ilegalmente para o País, os agentes ambientais do Escritório Regional do Ibama em Bagé (RS) têm intensificado as fiscalizações nas lavouras da divisa entre Brasil e Uruguai nestes meses de maior uso do produto.
Após pesquisa e levantamentos, o Ibama escolheu algumas rotas a serem fiscalizadas com o uso de helicóptero e já visitou diversas propriedades rurais onde verificou o uso de agrotóxicos em lavouras, mas após revista, foi comprovado o uso de apenas agrotóxicos com registro no Brasil, portanto legais.
As multas para quem for flagrado utilizando agrotóxico importado ilegalmente variam de R$ 500 a R$ 2.000.00,00. Além de apreensão do maquinário e embargo da lavoura onde o produto ilegal esteja sendo utilizado.
Lei
A produção, o transporte, a comercialização e o uso de agrotóxicos no Brasil são regulamentados pela Lei Federal n° 7.802/1989 e pelo Decreto Federal n° 4.074/2002. Somente agrotóxicos avaliados e registrados pelos órgãos federais responsáveis pela agricultura, meio ambiente e saúde podem ser comercializados e utilizados no País.
O transporte, a comercialização, o armazenamento e uso de agrotóxicos ilegais (não registrados, contrabandeados e falsificados) constituem crime e representam riscos para a saúde pública e ao meio ambiente. O contraventor pode responder por crime ambiental, crime de sonegação fiscal, contrabando ou descaminho, além de responder a processo administrativo. As lavouras onde houve aplicação de agrotóxicos ilegais podem ser interditadas (destruídas).
Como reconhecer agrotóxicos ilegais
Os agrotóxicos ilegais geralmente são transportados e encontrados nas regiões agrícolas dos principais Estados produtores, como Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás. Segundo a Polícia Federal, a principal porta de entrada é a região da tríplice fronteira (Brasil, Argentina e Paraguai).
As embalagens e rótulos apresentam informações no idioma Espanhol, na grande maioria dos casos. As embalagens são do tipo sacos plásticos, metalizados ou caixas de papel cartão, com peso líquido de 10 a 200 gramas, para facilitar o transporte. Normalmente, os agrotóxicos ilegais são provenientes do Paraguai, China, Chile e Uruguai e são utilizados nas lavouras de soja, trigo e arroz.
Disque Denúncia
Para denunciar o transporte, comércio, armazenamento e uso de agrotóxicos ilegais, deve-se ligar para o número 0800 940 7030. Este número é do Disque Denúncia do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola (Sindag). Ele é gratuito e anônimo. Todas as denúncias recebidas são encaminhadas diretamente para as autoridades competentes (Polícia Federal, Civil, Militar, Rodoviária Federal, Ibama e Receita Federal).
Fontes:
Qual a quantidade que cada pessoa pode consumir de agrotóxico?
Lydia Cintra 19 de dezembro de 2013
Ao entrar em um supermercado e caminhar entre frutas, verduras e legumes, é possível que você já tenha notado gôndolas destinadas apenas a alimentos orgânicos, que, dentre outras coisas, são cultivados sem o uso de agrotóxicos – assunto que vem ganhando destaque ao longo dos últimos anos no Brasil.
As atenções dos holofotes direcionam-se a constatações como a da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco): um dos maiores problemas no Brasil é o uso de muitos princípios ativos que já foram banidos em outros países. De acordo com um dossiê da Associação, dos 50 produtos mais utilizados nas lavouras brasileiras, 22 são proibidos na União Europeia, o que faz com que o país seja o maior consumidor de agrotóxicos já banidos em outros locais do mundo. “Quando um produto é banido em um país, deveria ser imediatamente em outros. Quando chega ao Brasil para fazer o banimento é um luta enorme das entidades sanitárias”, diz a médica toxicologista Lia Giraldo, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz/ Ministério da Saúde).
Em 2011, uma pesquisa conduzida pela Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) em parceria com a Fiocruz comprovou que até mesmo o leite materno pode conter resíduos de agrotóxicos. O estudo coletou amostras em mulheres do município de Lucas do Rio Verde/MT, um dos maiores produtores de soja do país. Em 100% delas foi encontrado ao menos um tipo de princípio ativo. Em algumas, até 6 tipos.
Hoje, é difícil dissociar safras recordes e indústria química, responsável pela fabricação de herbicidas, inseticidas e fungicidas que matam e controlam a disseminação de plantas daninhas, insetos e fungos nas plantações. Só em 2012, 185 milhões de toneladas de grãos foram colhidas no Brasil. Números tão expressivos se justificam para além das extensões continentais do território brasileiro. Um sem-fim de opções tecnológicas para evitar perdas de produção está disponível aos agricultores. Dentre elas, mais de 1.640 agrotóxicos registrados para uso.
Um dos pontos importantes do processo político de incentivo ao uso de venenos no Brasil aconteceu na época do regime militar, quando, em 1975, foi instituído o Plano Nacional de Defensivos Agrícolas, que condicionava a obtenção de crédito rural pelos agricultores ao uso dos produtos químicos nas lavouras. “Foi também nesta época que apareceram as primeiras denúncias de contaminação de alimentos e intoxicação de trabalhadores rurais”, explica engenheiro agrônomo e consultor ambiental Walter Lazzarini, que teve participação ativa na formulação da Lei dos Agrotóxicos brasileira (7.802) em 1989.
A lei vigora até hoje, com algumas mudanças no texto original. O gargalo, porém, fica visível nocumprimento do que prevê a legislação. “Existe um descompasso entre a regra e os mecanismos para cumpri-la. O país investe menos do que deveria em fiscalização e monitoramento”, comenta Decio Zylbersztajn, professor e criador do Centro de Conhecimento em Agronegócios da FEA/USP.
Um estudo da USP revela que, entre 1999 e 2009, o Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox) registrou 62 mil intoxicações por agrotóxico no país – uma média de 15,5 por dia. Apesar de altos, os números não refletem totalmente a realidade, já que projeções do próprio Sistema indicam que para cada caso de intoxicação notificado, 50 acabam no desconhecimento. “Faltam dados de registro das intoxicações para suportar a necessidade de uma política de fiscalização na aplicação”, alerta Lazzarini.
A repercussão dos números levanta debates entre movimentos civis e órgãos regulatórios. Aumentar a rigidez das fiscalizações e proibir o uso dos produtos químicos já banidos em outros países são algumas das exigências da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, que reúne entidades, organizações civis e comunidade científica em Comitês Populares presentes em quase todos os estados brasileiros. Outra proposta da Campanha é a rotulação dos produtos alimentícios com as informações sobre os agrotóxicos utilizados.
Saúde é quantificável?
Para a aprovação de novos agrotóxicos, são obrigatórios estudos conduzidos em animais de laboratório, que supostamente indicam a quantidade máxima de resíduos que uma pessoa pode consumir por dia. É o IDA: Índice Diário Aceitável.
De acordo com a Anvisa, a ingestão dentro do índice não causa dano à saúde. Mas a médica Lia Giraldo contesta a sua eficiência, uma vez que os testes não levam em conta concentrações prolongadas, mesmo que baixas. “Criou-se uma teoria de que o efeito é decorrente da quantidade e não do produto, das reações químicas. É uma teoria científica muito linear, dose-efeito, como se tudo dependesse só da quantidade. Essa ideia ainda está vigente na regulamentação”, explica. “O que se faz para aceitar os agrotóxicos no mercado são estudos experimentais em animais que tem vida muito curta. Não há tempo para eles desenvolverem as doenças crônicas degenerativas que os humanos manifestam por viverem mais”.
A intoxicação crônica, que se desenvolve ao longo de meses, anos ou até décadas, pode levar a doenças hepáticas e renais, câncer, malformação congênita, problemas de fertilidade, reprodução, além de distúrbios neurológicos, mentais e endócrinos. “Considero que os indicadores fazem uma inversão de complexidade. É anticientífico. Um ser humano é diferente do outro, cada organismo vai manifestar as alterações na sua singularidade. A saúde plena não pode ser garantida, mesmo se o indicador for respeitado”, diz Lia.
Um exemplo: o índice chega a um valor que permite que as pessoas comam um tomate e não morram intoxicadas. “Mas isso não quer dizer que se você comer um tomate todos os dias ao longo de anos você não desenvolva um câncer”, explica a médica. “Não existe quantidade ‘menos pior’. Temos que ser críticos. Há uma convenção baseada em um indicador que não tem sustentabilidade científica, embora se utilize de uma determinada ciência pra justificar sua existência”.
Além disso, analisar e identificar os efeitos combinados de diferentes substâncias químicas, em situações distintas de exposição (ar, água, solo, alimentos), são verdadeiros desafios para a ciência chegar a números que possam ser considerados seguros. “No cozimento quanto é degradado e se transforma em outras substâncias que podem ser até mais tóxicas? O ideal é garantir que não tenha resíduos, e pra isso seria necessário não ter agrotóxicos”.
Leonardo Melgarejo, engenheiro agrônomo que representa o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) na Comissão Nacional de Biossegurança (CTNBio), também defende que “é equivocado supor que pequenas doses de veneno devem ser aceitas nos alimentos porque causam pequenos danos”. Para ele, a alternativa é buscar produtos orgânicos, que devem (e podem) ser disponibilizados para todos. “A produção em policultivo é maior por unidade de área, mais intensiva em mão de obra e menos demandante de insumos externos. Com ela é possível gerar ocupações produtivas, ampliar a oferta de alimentos e minimizar riscos de intoxicação, custos com a saúde”. (Leia a entrevista com Leonardo Melgarejo na íntegra no post anterior).
Lavar os alimentos resolve?
Na verdade, a prática é importante apenas para higienizá-los, mas não retira os produtos químicos, já que os resíduos circulam nos tecidos vegetais pela seiva. “O agrotóxico é utilizado por todo o ciclo da produção e atinge a planta sistemicamente”, explica a médica.
A Anvisa também alerta que mesmo os chamados agrotóxicos “de contato”, que agem externamente no vegetal, podem ser absorvidos pelas porosidades da planta. A Agência aconselha que produtos in natura devem vir de fornecedores qualificados pelo cumprimento das Boas Práticas Agrícolas, como o respeito ao período de carência (intervalo entre a aplicação do agrotóxico e a colheita).
Este texto é um complemento à reportagem “Comida Química”, publicada na edição verde da Superinteressante, que está nas bancas este mês.
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Lavar os alimentos remove todos os agrotóxicos? Anvisa proíbe substância utilizada na fabricação de agrotóxico de veneno de rato
Imagens: 1. SXC.HU; 2. Lydia Cintra
“A natureza reage às monoculturas. É algo que ela considera equivocado”
Lydia Cintra 18 de dezembro de 2013
“A natureza reage, felizmente”
No último dia 12, pesquisadores, professores universitários, representantes de órgãos públicos e cidadãos se reuniram em Brasília em encontro promovido pelo Ministério Público Federal e expuseram suas visões sobre os riscos da liberação para uso comercial de sementes de milho e soja geneticamente modificadas tolerantes ao herbicida 2,4-D.
Os agrotóxicos ganharam destaque especialmente a partir da Segunda Guerra Mundial, com investimentos massivos em armas químicas. Muitos dos produtos desenvolvidos para conflitos foram posteriormente destinados à agricultura. Um dos exemplos mais emblemáticos é o agente laranja, usado como desfolhante pelos Estados Unidos na Guerra do Vietnã (1959-1975). Quando pulverizado nas densas florestas vietnamitas, arrancava as folhagens das copas das árvores e aumentava o campo de visão dos soldados norte-americanos. Um dos seus princípios ativos é justamente o 2,4-D, autorizado no Brasil em plantações como arroz, cevada, café, cana-de-açúcar, milho, soja e trigo.
O engenheiro agrônomo Leonardo Melgarejo, Mestre em Economia Rural e Doutor em Engenharia de Produção pela Universidade de Santa Catarina (UFSC), esteve presente no encontro. Melgarejo é representante do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) na Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), responsável pela aprovação de transgênicos no Brasil, e faz parte do Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural do MDA.
Nessa entrevista, ele explica porque o sistema agrícola baseado em monoculturas é problemático e defende um olhar crítico em relação à aprovação sistemática de sementes transgênicas no país. “Faço parte da CTNBio como membro de um grupo minoritário que é derrotado. Frequentemente pedimos informações e estudos não detalhados nos processos, mas não contamos com a compreensão da maioria, que tende a se satisfazer com os dados gerados pelas empresas, elaborados de forma alinhada aos interesses corporativos”, diz. Leia a entrevista completa abaixo.
Em breve, a gravação da audiência pública estará disponível no site da TV MPF.
1. Você acredita em uma agricultura sem uso de pacotes químicos e tecnológicos em um país como o nosso, de dimensões continentais e clima tropical? É verdade que no clima tropical as lavouras naturalmente estão mais susceptíveis a pragas?
É verdade que nas regiões tropicais e sub-tropicais a natureza é mais ativa. Nos lugares úmidos a massa verde é mais abundante e isso dá sustentação a universos mais vastos, em termos de vida. As redes tróficas são mais complexas, o que implica em maior número de alternativas de enfrentamento. A natureza reage às tentativas de homogeneização que o homem produz, com as monoculturas. Isto implica em maior incidência de agressão da natureza às monoculturas, trata-se de uma reação a algo que ela considera equivocado. Na natureza não existe a homogeneização porque esta é a pior maneira de aproveitamento dos espaços, do sol, da água etc. Então, em uma visão simplificada, se poderia assumir que sim, existem mais “pragas” em regiões tropicais. Mas também existem mais opções naturais para o controle. Manejos dos agroecossistemas das regiões tropicais e subtropicais oferecem melhores alternativas de produção do que seu paralelo, nas regiões temperadas.
Agora, se vê claramente que a transferência e adaptação de culturas, práticas, agroquímicos e hábitos desenvolvidos em regiões temperadas, para as regiões tropicais e sub tropicais traz consequências. As culturas mais ajustadas a nosso meio tendem a ser desprezadas. O mesmo ocorre em relação às particularidades de nossos ecossistemas. Eles claramente podem oferecer melhores respostas, em dimensões continentais, se trabalhados com práticas que otimizem seu potencial. A agroecologia ensina isso: o manejo deve focar o ecossistema e não uma cultura ou uma prática que o agrida. O esforço e os custos necessários para a manutenção de largas áreas de monocultura sustentadas por agroquímicos não justificam os resultados que são obtidos. Seria possível obter mais e melhores alimentos através da policultura e do manejo de sistemas.
A Embrapa e as organizações de produtores dispõem do conhecimento necessário para isso. Seriam necessárias outras mudanças, envolvendo políticas de planejamento e desenvolvimento territorial, programas de crédito, pesquisa e extensão. A estrutura fundiária, as possibilidades de acesso e uso da terra deveriam ser modificadas. Em poucas palavras, parte do esforço dirigido para a implantação, consolidação e manutenção do atual modelo deveria ser redirecionado para a construção de outro modelo, mais compatível com as necessidades da maioria. É claro que a relação entre os agrotóxicos, as lavouras transgênicas, os oligopólios envolvidos e a rede de influências controlada por seus interesses nega estas possibilidades ao mesmo tempo em que estabelece limitações para sua consolidação.
2. O Brasil está preparado para ser o “celeiro agrícola” do mundo de forma responsável com os consumidores, as populações do campo e com o meio ambiente? Existem níveis seguros de ingestão e aspersão de agrotóxicos?
Sim, o Brasil tem condições sem paralelo para ocupar este espaço. O mercado europeu prefere produtos não transgênicos e o mundo todo prefere alimentos sem venenos.
E esta é uma questão básica: os agrotóxicos são venenos. É equivocado supor que pequenas doses de veneno devem ser aceitas nos alimentos porque causam pequenos danos. Uma lavoura transgênica que recebe banhos de veneno carrega resíduos daquele veneno até o consumidor final. A alternativa é buscar produtos orgânicos, que podem ser disponibilizados para todos. A produção em policultivo é maior por unidade de área, mais intensiva em mão de obra e menos demandante de insumos externos. Com ela é possível gerar ocupações produtivas, ampliar a oferta de alimentos e minimizar riscos de intoxicação, custos com a saúde etc.
Um exemplo? A produção de arroz ecológico nos assentamentos de reforma agrária do RS. Este ano mais de 3 mil hectares foram cultivados sem o uso de venenos. Aqueles agricultores vieram dos acampamentos de lona preta e já estão colhendo mais de 15 mil toneladas por ano. Dominam uma tecnologia que concorre com a lavoura mais moderna e sofisticada do RS, praticam custos inferiores, não poluem as águas, agridem menos o ambiente e ainda oferecem apoio à saúde dos consumidores.
Outro exemplo? A Associação Brasileira de Produtores de Grãos Não Geneticamente Modificados (ABRANGE) sustenta que o Brasil já é o maior produtor e exportador de produtos não transgênicos. Ela relata que a produção de soja “limpa” passou, entre 2009 e 2011, de 12 para 14 milhões de toneladas e que apenas no Mato Grosso agricultores do programa Soja Livre receberam, naquela última safra, receitas adicionais de R$ 235,3 milhões. Eles ainda teriam economizado R$ 47,4 milhões não recolhendo royalties para multinacionais que controlam aquelas tecnologias. Neste último caso, temos lavouras que usam tecnologias tradicionais, sem transgênicos, e que poderiam evoluir para lavouras sem agrotóxicos ou não, dependendo dos estímulos de políticas e mercados.
Portanto, não há dúvida de que podemos avançar muito. Se estes resultados foram obtidos sem apoio intensivo de políticas públicas, o que podemos esperar na presença de crédito, pesquisa e assistência especializada?
3. O modelo baseado em monoculturas é um dos fatores que eleva o Brasil ao patamar de um dos maiores consumidores de agrotóxicos do mundo?
Sim. O modelo agrícola implantado no Brasil articula os mercados de agroquímicos e de produtos. As grandes áreas de monocultura exigem aplicações massivas de agroquímicos. Nas frutas e verduras cultivadas em larga escala, ocorre a mesma coisa. É o mesmo nas grandes áreas de arroz. No caso do arroz, os agricultores assentados resolveram este problema pelo fracionamento das lavouras. As áreas são divididas e gerenciadas em grupo, o controle das plantas indesejáveis é realizado pelo manejo da água, o arroz vermelho é controlado com marrecos… existem conhecimentos e tecnologias que permitem alcançar os resultados que eles vêm obtendo, sem agroquímicos. Mas isto exige fracionamento das lavouras, multiplicação no número de gestores e expansão no uso de mão de obra não mecanizável. Trata-se de outro modelo de agricultura, algo que caminha na direção inversa à busca de ganhos de escala, com padronização de insumos e práticas produtivas, sob gerenciamento único e à distância.
Se é possível fazer diferente? Sim, é possível. Mas exige políticas de suporte, processos de capacitação e pesquisa, apoio de crédito, de estruturas para comercialização. Enfim, exige algo semelhante ao que é oferecido para a agricultura empresarial baseada em agroquímicos, mas em menor escala. Com menos do que é oferecido para o agronegócio, através da agroecologia seria possível obter melhores resultados com vantagens ambientais e sócio-econômicas.
4. Você acredita que há maior tolerância no Brasil comparativamente a outros países para registro de produtos agroquímicos? Ou o problema está na forma como os agrotóxicos são usados (sem respeito ao limites e intervalos de segurança, por exemplo)?
A ANVISA enfrenta dificuldades sempre que propõe discussões para reavaliação de agroquímicos, portanto existem dificuldades muito abrangentes e complexas associadas a esta questão. Também é verdade que existem problemas de uso. Os resíduos destes venenos detectados pela ANVISA nos alimentos apontam desde limites acima do tolerado, envolvendo agrotóxicos legalizados para uso no Brasil (alguns proibidos em seus países de origem) até resíduos de agrotóxicos ilegais, ou adulterados no processo de fabricação.
A dissociação entre os produtores e o produto: os produtores se percebem ofertando mercadorias e esquecem que se trata de alimentos. Os consumidores compram alimentos e se esquecem que para os produtores se trata de mercadoria. Há um rompimento de vínculos de responsabilização.A alternativa passa por mudança de hábitos de consumo. Uma campanha pública de conscientização, com apoio para estruturação de canais de comunicação e estabelecimento de relações de reciprocidade positiva, poderia romper a barreira. Organizações e instituições públicas certificando a qualidade do alimento, como elo de conexão entre agricultores e consumidores, possivelmente contribuiria para fortalecer os mercados de produtos limpos.
5. O Brasil carece de estudos independentes e confiáveis sobre as consequências do uso de determinados pesticidas? Sim. O mesmo se aplica aos produtos transgênicos. São necessários e não são disponíveis estudos independentes assegurando sua inocuidade para a saúde e para o meio ambiente. Universidades e fundações públicas, de pesquisas, deveriam ser contratadas para prestação deste tipo de serviço.
A própria ANVISA deveria receber recursos e infraestrutura para tanto. No caso dos transgênicos, os estudos que atestam segurança para a saúde e o ambiente são produzidos pelas empresas interessadas na venda daqueles produtos. Raramente são publicados na literatura especializada e os dados utilizados nos testes não são disponibilizados para revisão. Eventualmente, a literatura especializada apresenta estudos independentes e estes trazem motivos para preocupação, com indícios ou mesmo evidências de danos para a saúde e o ambiente.
6. Qual a vantagem da chamada tecnologia BT, que coloca dentro das próprias plantas uma bactéria que “mata” a praga? Podemos dizer que o milho bt, por exemplo, funciona, ele próprio, como um inseticida? É correto afirmar isso?
Sim, a tecnologia BT gera plantas inseticidas. A afirmativa de que estas proteínas existem nas bactérias e que os agricultores já usavam este tipo de inseticida em práticas de controle biológico é enganosa. A proteína BT presente nas bactérias só se torna ativa depois de ingerida por determinados insetos. Os agricultores, quando faziam tratamentos com inseticidas BT, só aplicavam o produto em caso de incidência relevante de lagartas.
Com o milho BT, temos bilhões de plantas com proteínas inseticidas ativas, presentes desde a ponta da raiz até o grão de pólen, todos os anos, em todos os cantos do país. Após a colheita das espigas, os pés de milho que permanecem na lavoura mantêm a atividade inseticida. Após a decomposição daquelas plantas, o solo mantém as proteínas inseticidas ativas por períodos variáveis. Alguns estudos afirmam que, em solos argilosos, o tempo de permanência das proteínas ativas supera os 200 dias. Isto implica em ameaça ainda não bem esclarecida sobre a rede de organismos que assegura a fertilidade dos solos, e, portanto, a produtividade futura.
A afirmativa de que estas proteínas são específicas, só afetam alguns insetos que apresentam determinados receptores intestinais, vem sendo desmascarada pela evidência de que as proteínas Cry1, supostamente específicas para a ordem lepidóptera [borboletas, mariposas], causam danos a coleópteros, enquanto as proteínas Cry3, alegadamente específicas para a ordem coleóptera [besouros], vêm causando danos a lepidópteros. Mas, além disso, e mais grave, é o fato de que sequer conhecemos a totalidade de insetos dos gêneros lepidóptera e coleóptera. Ignoramos sua função completa e estamos criando ambientes que lhes são hostis.
Não podemos deixar de considerar que as reações da natureza aos cultivos transgênicos, mais do que um alerta, podem carregar resultados de nosso interesse coletivo. Como avaliar o que pode vir a acontecer com a fertilidade dos solos, em função desta pressão das plantas inseticidas e dos agrotóxicos sobre as cadeias tróficas? Felizmente a natureza reage.
7. As indústrias de sementes transgênicas argumentam que uma das vantagens das sementes modificadas geneticamente é o baixo uso de agrotóxicos. Até que ponto este é um argumento verdadeiro? Como se dá a relação entre transgênicos e agrotóxicos?
As Plantas Geneticamente Modificadas (PGM) atualmente no mercado incorporam fundamentalmente duas características: a tolerância a herbicidas (tecnologia HT) e a resistência a insetos (Tecnologia BT), de forma isolada ou combinada. Na tecnologia HT as plantas transgênicas se capacitam a metabolizar determinados herbicidas, de modo a suportar aspersões em cobertura. Isto facilita as decisões de gestão de lavouras, no que diz respeito ao controle de plantas concorrentes pela luz, água, etc. Como a PGM não sofre danos após os banhos daqueles agrotóxicos, a complexidade das decisões sobre sua utilização se reduz enormemente.
Por outro lado, os herbicidas aplicados permanecem algum tempo na planta, o que implica em riscos para os consumidores. As rações animais, as forragens, os alimentos transformados a partir daquelas PGMs apresentam maiores riscos ao consumo, neste caso, do que em situações onde os herbicidas são aplicados apenas entre (e não sobre) as linhas de cultivo.
Mas além disso, as aplicações sucessivas de um mesmo herbicida, em um mesmo local, ao longo dos anos, estimulam reações da natureza. Estas reações se dão na forma de emergência deplantas tolerantes àqueles herbicidas. Diante desta situação, na busca dos mesmos resultados de controle, os agricultores ampliam os volumes e intensificam as dosagens daqueles agrotóxicos.
Mais recentemente, tem sido observado que na sucessão de cultivos transgênicos (por exemplo: no plantio de soja GM após o plantio de milho GM, ambos contendo genes de tolerância a um mesmo herbicida) a safra anterior deixa resíduos que comprometem a safra seguinte. Grãos de milho GM permanecem no solo após a colheita e germinam no meio da lavoura de soja. Como se trata de milho tolerante a herbicida, ele não morre no tratamento previsto pela tecnologia HT, exigindo aplicações de outros produtos. Isto claramente amplia o volume de aplicações e também o custo das lavouras. Como alternativa, estão sendo propostas novas plantas transgênicas, tolerantes ao herbicida 2,4-D. Se trata da mesma tecnologia HT, com um agravante: passa-se de herbicidas considerados de baixa toxicidade (como o glifosato) para herbicidas extremamente tóxicos (uma vez no ambiente, o 2,4-D dá origem a dioxinas, compostos sabidamente cancerígenos). Os riscos envolvidos nesta transição são evidentes e agravados pelo fato de que estamos tratando de produtos que são distribuídos, principalmente, por aviões, em pulverizações aéreas de larga escala.
No caso da tecnologia BT, as PGMs incorporam genes de bactéria letais para alguns insetos. Isto significa que a planta produz seu próprio inseticida, dispensando aplicações de venenos para aqueles insetos. Em tese se trata de uma boa idéia. Entretanto, mais uma vez a natureza reage, e já temos insetos resistentes, que atacam as plantas BT. Mais grave do que isso: as toxinas produzidas pelas PGM não atacam todos os insetos e a redução na população de uma determinada praga abre espaços nos ecossistemas, que são preenchidos por outros insetos.
Assim, como resultado colateral da tecnologia, as plantas passam a ser atacadas por insetos que eram pragas secundárias e não exigiam aplicações de agroquímicos porque causavam danos irrelevantes.
Deve ser considerado, ainda, o fato de que a redução na população de um inseto (por exemplo, da lagarta Helicoperva) afeta a população de outros insetos na cadeia trófica. Logo, a população dos predadores daqueles insetos (por exemplo, da tesourinha do gênero Doru) se reduz. Quando a lagarta adquire resistência ao milho, sua população cresce na ausência de predadores e o controle de danos exige aplicações de inseticidas. E ainda temos a emergência de pragas novas, como a Helicoperva armigera, que provocou determinação de emergência fitossanitária em vista dos danos bilionários causados em lavouras de algodão, soja e milho. Neste caso, o governo autorizou a importação e a aplicação de um inseticida novo, o benzoato de emamectina. Trata-se de produto neurotóxico, tão perigoso para a saúde que a ANVISA recomendou proibição de seu uso no Brasil.
Enfim, as tecnologias BT e HT se associam à expansão no uso de agrotóxicos e na transição de produtos para venenos cada vez mais tóxicos. Os grandes números mostram evidências claras neste sentido. Três a quatro anos após a liberação comercial das PGMs a natureza reage, os agricultores ampliam os volumes de agrotóxicos utilizados, novas PGMs são lançadas, e assim sucessivamente.
Imagens: 1. SXC.HU; 2. Pratos Limpos; 3. Lydia Cintra; 4. SXC.HU
Frei tem prisão decretada por divulgar vídeo sobre feijão contaminado fornecido a escolas de MG
Lydia Cintra 6 de novembro de 2012
Há alguns meses, o frei Gilvander Luís Moreira, de Belo Horizonte, publicou no YouTube o vídeo“O feijão de Unaí está envenenado?”, em que uma diretora de escola municipal da região de Unaí, no noroeste mineiro, narra experiências com o feijão que é fornecido para a merenda escolar.
“Na entrevista ela afirma que ao tentar cozinhar 30 quilos do Feijão Unaí para a merenda das crianças teve que jogar fora todo o feijão, porque ao abrir os saquinhos as cozinheiras sentiram ocheiro forte de veneno. Em outra ocasião lavaram o feijão, deixaram de molho de um dia para o outro, mas ao cozinhar, o mau cheiro fez as cozinheiras sentirem mal. Havia excesso de gosma acumulando na panela. Não foi possível dar o feijão para as cerca de 200 crianças da escola”, explica o frei em texto divulgado em seu site nesta segunda-feira.
Há alguns dias, o vídeo ganhou projeção e virou polêmica. A empresa responsável pelo feijão Unaí entrou com um processo por danos morais contra o Frei e contra os diretores do Google/YouTube, pela divulgação do material. Não bastasse isso, um juiz da cidade pediu a prisão de Gilvander sob o argumento de crime de desobediência. (Quem desobedece? O que usa veneno acima do permitido ou o que enxerga o problema e o divulga?)
O vídeo, que de acordo com o despacho do juiz deveria ter sido retirado da internet no dia 29 de outubro, continua na rede – e tem sido disseminado por meio de outros canais. Assista abaixo:
Organizações da sociedade civil e movimentos sociais lançaram o Manifesto Contrário ao Uso Excessivo de Agrotóxicos e Contra a Criminalização do Frei Gilvander Luís Moreira. “Um vídeo como este, que pretende alertar as pessoas para o cuidado com o veneno nos alimentos, chegou ao cúmulo de se transformar em um processo no qual a empresa alega ter sofrido ‘danos materiais’ e ‘danos morais’, de haver sido vítima de ‘difamação’”, alerta o texto. “Não há uma narrativa de cunho difamatório, senão apenas informativa em que pessoas dizem sua opinião e o que pensam sobre o dito feijão”.
Veneno em excesso
Segundo a prefeitura de Unaí, o município é o maior produtor mundial de feijão. O excesso de uso de veneno, no entanto, está vinculado à alta incidência de casos de câncer na cidade. A conclusão é de um estudo da Subcomissão Especial Sobre Uso de Agrotóxicos e Suas Consequências à Saúde, criada pela Comissão de Seguridade Social e Família, da Câmara dos Deputados, em 2011.
O relatório final é claro: “A incidência de câncer em regiões produtoras de Minas Gerais, que usam intensamente agrotóxicos em patamares bem acima das médias nacional e mundial, sugere uma relação estreita entre essa moléstia e a presença de agrotóxico. Neste estado, na cidade de Unaí, está sendo construído um Hospital de Câncer, em virtude da grande ocorrência desta doença na região”.
Os números ajudam a clarear o problema: são cerca de 1.260 casos de câncer por ano para cada 100.000 pessoas. A média mundial não ultrapassa 400 casos/ano para cada 100.000 habitantes.
O hospital, na mídia local, é tratado como “ousado, moderno e contagiante”. Uma reportagem divulgada na internet apresenta o projeto como o “tão sonhado hospital do câncer de Unaí”.
O relatório ainda recomenda à Secretaria Geral da Presidência da República e ao Ministério da Casa Civil que “a União promova um estudo específico, por intermédio principalmente dos órgãos do Ministério da Saúde, sobre o uso dos agrotóxicos e suas consequências à saúde da população, principalmente na região de Unaí/MG, devido a constatação de um alto índice de casos de câncer nesta região”.
Não parece claro que a lógica da solução está invertida? A região concentra grande parte da produção nacional de feijão, os produtores abusam do uso de agrotóxicos, a população adoece em índices muito acima da média, a discussão não pode ser levada à público e a construção de um hospital é o que de melhor se pode fazer? Como coloca o Frei Gilvander na descrição do seu vídeo, o município se tornou campeão na produção de feijão, no uso de agrotóxico e no número de pessoas com câncer. Algum deles deve ser motivo de orgulho?
Leia mais: Por que se alimentar de forma diferente pode mudar o mundo (e a sua vida)? Pimentão, morango e pepino são os alimentos mais contaminados por agrotóxico Lavar os alimentos remove todos os agrotóxicos?
O que você coloca no prato está diretamente relacionado a um mundo melhor e mais humano. O texto traz à tona questionamentos sobre o nosso modelo de produção e distribuição de alimentos, com temas abordados em uma oficina ministrada pelas jornalistas Cláudia Visoni e Tatiana Achcar, fundadoras do grupo Hortelões Urbanos, de São Paulo.
Tudo começa com a convicção de que há uma relação estreita entre a saúde do ser humano e a saúde do planeta. “Não há como dissociar uma coisa da outra”, dizem. Hoje, boa parte da alimentação brasileira é baseada em monoculturas, ou seja, extensas plantações mecanizadas que desmatam áreas naturais, empobrecem o solo e demandam adubos químicos, fertilizantes e agrotóxicos. “É o modelo do desmatamento. Estamos fabricando um deserto com a monocultura”.
Aproveite e não deixe de assistir o documentário “O Veneno está na mesa”, de Silvio Tendler, que está na íntegra no post.
É possível existir um supermercado que não visa somente ao lucro? O “The People’s Supermarket” é uma experiência inovadora em Londres. No novo modelo, as pessoas tornam-se membros do negócio (e cada membro é também dono) e oferecem horas de trabalho voluntário. Assim, ganham, entre outras coisas, o direito a descontos nas compras. Além do preço menor para os membros, os produtos já têm o valor reduzido, uma vez que o quadro de funcionários fixos é bem pequeno em relação a um supermercado comum.
O objetivo “é criar um comércio sustentável, uma empresa social que alcança o crescimento e as metas de rentabilidade enquanto opera dentro de valores baseados no desenvolvimento da comunidade”.
A água não está somente no chuveiro e na torneira. Indiretamente, ela faz parte do processo produtivo de tudo que comemos, usamos, vestimos… A segurança alimentar depende de um sistema que garanta a produção, distribuição e consumo de alimentos em quantidade e qualidade adequadas, mas que não comprometa a capacidade de alimentar as próximas gerações. “Cresce a importância dessa condição frente aos atritos produzidos por modelos alimentares atuais, que colocam em risco a segurança alimentar no futuro” – os grandes números de desperdício fazem parte desses modelos.
Segundo estudo da Anvisa, os alimentos que entram na estatística das amostras com níveis de agrotóxico acima do recomendando deixam evidentes práticas que estão em “desacordo com as determinações dos rótulos”: maior número de aplicações, quantidades excessivas de agrotóxicos aplicados por hectare, por ciclo ou safra da cultura, e não cumprimento do intervalo de segurança (intervalo entre a última aplicação e a colheita).
O primeiro lugar da lista é ocupado pelo pimentão. Os números realmente assustam: 91,8% das amostras foram insatisfatórias e quase a totalidade destas (84,9%) foram reprovadas com a presença de agrotóxicos não autorizados (NA). Um dos objetivos da pesquisa é ajudar a prevenir as chamadas doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) – consideradas um dos maiores problemas mundiais de saúde pública.
Por que ir a uma feira de rua seria melhor do que fazer compras em um supermercado? O Movimento Vá Pra Feira foi criado em 2011 com o intuito de inspirar pessoas a passearam pelas barracas de uma feira de rua, mas faz mais do que isso: argumenta sobre os motivos que levam esse tipo de comércio a melhorar a relação entre pessoas e cidade (e até mesmo entre as pessoas e sua própria comida). É uma parte do que pode ser feito para evitar que elas diminuam em ritmo constante até que não existam mais.
O Movimento sugere que as feiras são uma forma de valorizar questões urbanas comuns em grandes cidades como São Paulo e, diante de tantos espaços públicos fechados (baseados especialmente no consumo, como os shoppings), proporcionam um olhar diferente para o lugar em que se vive. “As feiras são símbolo de ocupação das ruas e trazem vivacidade ao espaço público, atendem a uma demanda local e por isso são periódicas, desmontáveis e adaptáveis”.
Por que se alimentar de forma diferente pode melhorar o mundo (e a sua vida)?
Lydia Cintra 15 de maio de 2012
As jornalistas e pesquisadoras em agricultura e alimentação Tatiana Achcar e Cláudia Visoni são grandes entusiastas da saúde no campo, na cidade e na mesa. Para elas, promover umaalimentação de qualidade é uma das formas de transformar o mundo. Alimentação de qualidade, aqui, significa uma rede de produção do que vai pra mesa do consumidor feita comresponsabilidade e saúde para a terra e para o homem.
Tatiana já viveu experiências como voluntária em fazendas orgânicas dos EUA por meio do WWoofing, rede internacional que conecta pequenos produtores no mundo todo com pessoas interessadas em trabalhar voluntariamente pra aprender o manejo rural em pequena escala, de forma conectada com a natureza e com os ciclos naturais da terra.
Cláudia mantém um blog no qual dá dicas para quem quer começar a repensar a sua relação com a comida. São textos sobre como fazer uma horta em casa/apartamento, alimentos orgânicos, notícias sobre o tema e dicas gerais sobre alimentação.
Ambas estão entre as fundadoras do grupo Hortelões Urbanos. Hortelão é o nome dado a pessoas que cultivam hortas. A comunidade já conta com quase 900 pessoas conectadas pelo Facebook. Por lá, elas trocam informações, ideias e conhecimentos gerais sobre agricultura urbana e marcam encontros como o “picnic” de trocas de mudas e sementes que aconteceu em abril no Parque da Luz, em São Paulo. “Foi um momento riquíssimo de trocas, gente chegando com mudas, sementes, comidinhas especiais. Tudo ali tinha uma história que as pessoas contavam com amor e entusiasmo”, conta Tatiana. Qualquer um que faça parte da rede social pode se conectar e começar a entender e explorar mais o assunto.
Em Abril, Cláudia e Tatiana ministraram a oficina “No campo, no quintal, no prato: a revolução dos alimentos para um mundo melhor”, que fez parte da programação de atividades da Hub Escola de Outono, do Hub São Paulo, sobre o qual falamos aqui na semana passada.
Cláudia na sua horta, em São Paulo
Para elas, tudo começa com a convicção de que há uma relação estreita entre a saúde do ser humano e a saúde do planeta. “Não há como dissociar uma coisa da outra”, dizem. Hoje, boa parte da alimentação brasileira é baseada em monoculturas, ou seja, extensas plantações mecanizadas que desmatam áreas naturais, empobrecem o solo e demandam adubos químicos, fertilizantes e agrotóxicos. “É o modelo do desmatamento. Estamos fabricando um deserto com a monocultura”. Por isso, nossa alimentação se resume a quatro grandes commodities, que são a base de praticamente todos os outros produtos que consumimos: soja, milho, trigo e arroz.
“É um questionamento do modelo de produção e distribuição dos alimentos. No Brasil, essa discussão quase não existe ainda”. Na mesma medida em que somos uma potência do agronegócio mundial (condição exaltada em propagandas como a deste vídeo abaixo), os caminhos alternativos (alimentos saudáveis e livres de veneno) muitas vezes tornam-se mais difíceis de serem percebidos por grande parte da população. “Às vezes as pessoas até ficam bravas quando se inicia uma conversa sobre isso”, comenta Cláudia.
Por que tanto veneno? Além de resignificar a relação com o alimento, a agricultura urbana e orgânica é uma forma de fugir do uso indiscriminado de agrotóxicos no Brasil. Segundo Tatiana, a primeira medida de mobilização necessária é impedir que o Brasil compre produtos que são proibidos no resto do mundo. É isso mesmo: por conta de uma política dominada por grandes indústrias químicas, ainda comemos alimentos contaminados com venenos que foram banidos há anos em outros países.
A Anvisa mostra que somos responsáveis por usar 19% de todos os defensivos agrícolas produzidos no mundo, na frente dos EUA, que consome 17%. Em 2011, o Brasil registrou 8 mil casos de intoxicação por agrotóxicos.
Segundo dados apresentados pela professora de Geografia da USP Larissa Mies Bombardi em entrevista ao Brasil de Fato, seis grandes empresas controlam mais de 70% do mercado de agrotóxicos no Brasil e tiveram uma renda líquida de R$15 bilhões em 2010.
E mais impressionante ainda é que 84% dos agrotóxicos da América Latina são consumidos no Brasil, que é “muito permissivo” e “tem produtos que são proibidos na União Europeia e nos Estados Unidos há 20 anos”, comenta a pesquisadora. Larissa também explica porque o argumento de que esse sistema é necessário para alimentar toda a população mundial é “mentiroso”. Para ela, não é questão de produção, mas sim de acesso à renda.
O pesquisador Joel Cohen, chefe de Laboratório de Populações da Universidade Rockefeller, nos EUA, segue a mesma linha: “Em 2009-2010, o mundo cultivou 2,3 bilhões de toneladas de cereais. Do total, 46% foi para a boca de pessoas, 34% para animais e 18% para máquinas (biocombustível e plásticos). 90% da soja cultivada no mundo serve para alimentar animais. Nosso sistema econômico não precifica gente que passa fome. A fome é economicamente invisível. Com o que se planta agora, poderíamos alimentar de 9 bilhões a 11 bilhões, mas 1 bilhão passa fome”.
Fazenda Modelo – cultivando a morte
Charge do Angeli: qual modelo de fazenda nós queremos?
Para piorar, no Brasil não existem linhas de financiamento voltadas para a agroecologia. “Parece mentira, mas para conseguir liberação de dinheiro no banco, o produtor precisa mostrar a nota fiscal comprovando que adquiriu agrotóxicos”, diz Cláudia em seu texto “Por que os orgânicos são tão caros?”.
Nossas faculdades de agronomia formam cada vez mais profissionais que vão reproduzir essa forma de tratar a terra e a produção de alimentos. “Nas faculdades de agronomia predomina o ensino da agricultura baseada em insumos químicos, gerando carência de profissionais que sabem cultivar a terra sem apelar para eles. Para complicar de vez a situação, entidades como a FAPESP, o CNPQ e a CAPES não costumam liberar bolsas de estudos para quem se propõe a estudar agricultura orgânica e familiar”.
Muita gente se depara com o dilema do preço. É fato que, na maior parte das cidades brasileiras, ainda é mais caro comer alimentos orgânicos. Este é, no entanto, o típico caso do barato que sai caro para o país. Como enumera Cláudia, nosso sistema agrícola dominante não leva em conta questões como:
1. O custo social representado pelo abandono do campo pelos pequenos produtores e inchaço das periferias urbanas;
2. O custo em saúde pública que tem origem no enorme número de pessoas intoxicadas pelos agrotóxicos, seja de forma aguda ou crônica (câncer, doenças neurológicas e endócrinas entre outras);
3. O custo ambiental devido à contaminação química do ar, da água e do solo, à perda da fertilidade do solo e da biodiversidade.
Campanha
É importante destacar o papel da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, que luta por outro modelo de desenvolvimento nos campos brasileiros. As pessoas que estão nesta linha de frente acreditam em “uma agricultura que valoriza a agroecologia ao invés dos agrotóxicos e transgênicos, que acredita no campesinato e não no agronegócio, que considera a vida mais importante que o lucro das empresas”, diz o site oficial.
No ano passado foi lançado o documentário O Veneno Está na Mesa, do cineasta Silvio Tendler, que está disponível na íntegra na internet para cópia, veiculação e distribuição, e é uma ótima forma de entender melhor a questão. Veja abaixo:
Nascidos e acostumados a este sistema, acabamos perdendo a sensibilidade em relação ao que comemos. O gosto da cenoura ficou menos acentuado. A alface, sem gosto. O sabor do milho é aquele da latinha. Está certo que seja desta forma? Falta um “apreço pelo sabor e pela qualidade do alimento”, enfatizaram Cláudia e Tatiana.
Ao entender que a qualidade do que vai diretamente para dentro do corpo de cada um de nós foi profundamente afetada por uma indústria que objetiva a produtividade acima da saúde da população, o primeiro passo foi dado. Os próximos abrem um caminho longo de busca por mais saúde no prato, no planeta e na sociedade, com espaço para tentativas e aprendizados. “Na agricultura urbana é possível errar, em um mundo em que sempre é preciso acertar”, conclui Tatiana.
Não deixe de ler também:
Burger King altera o fornecimento de carnes e ovos. Por que esta é uma boa notícia? Lavar os alimentos remove todos os agrotóxicos? Pimentão, morango e pepino são os alimentos mais contaminados por agrotóxico Movimento Vá Pra Feira mostra como comprar nas ruas pode melhorar as cidades Entenda como funciona um supermercado colaborativo, que não visa ao “lucro pelo lucro”
(Imagens: 1 – sxc.hu; 2 – Cláudia Visoni; 3 – Getty Images; 4 – Reprodução Charge Angeli; 5 – Divulgação)
Dying to Have Known
(com legendas em pt - Morrendo para ter sabido)
A indústria farmacêutica aliada aos GMO e suas sementes do mal estão 'derrubando' todos os documentários da internet que TESTIFICAM A CURA PARA AS DOENÇAS - INCLUSIVE DEGENERATIVAS, CÂNCER ETC - pois vai de encontro aos seus interesses $$$. Não se espante ao notar que alguns links para estes documentários estão fora do ar. Agora você já sabe quem está por trás disso, com nome e sobrenomes. BOICOTE-OS, NÃO COMPRA, NÃO CONSUMA!
Dying to Have Known do cineasta Steve Kroschel fez uma viagem de 52 dias para encontrar a evidência para a eficácia da terapia Gerson..--a cura do câncer natural suprimido por muito tempo. Suas viagens levá-lo através de tanto o oceanos Atlântico e o Pacífico, de Nova Iorque para San Diego para o Alasca, do Japão e Holanda, Espanha e México. No final, ele apresenta os testemunhos de pacientes, cientistas, cirurgiões e nutricionistas que testemunham a eficácia da terapia está na cura do câncer e outras doenças degenerativas e apresenta a difícil prova científica para fazer backup de suas reivindicações. Você vai ouvir de um professor de escola médica japonesa que curou-se de câncer no fígado há 15 anos, um paciente com linfoma que foi diagnosticado como terminal há 50 anos, bem como notáveis críticos deste método de cura mundialmente renomado que rejeitá-lo fora de controle como "puro charlatanismo." Então a questão que permanece é: "por que esta poderosa terapia curativa ainda reprimida, mais de 75 anos depois foi claramente provado para curar doenças degenerativas?" Os espectadores são deixados para decidir por si próprios.
O Milagre Gerson - A cura para o Câncer - VERDADE INCONTESTÁVEL!
Este documentário produzido no ano de 2004, relata a terapia que CURA praticamente todas as doenças.
Foi desenvolvida por um médico judeu alemão chamado Dr. Max Gerson.
A Terapia Gerson, como ficou conhecida é baseada em nutrição, desintoxicação e suplementação, permitindo assim que os mecanismos de cura do nosso próprio corpo atuem.
Tudo o que você acreditou que era certo e confiou durante anos em relação a medicina, vai dar uma "balançada".
O documentário é rico em informações sobre os alimentos que devemos comer e os que devemos evitar, bem como os procedimentos de se fazer a desintoxicação dos elementos químicos nocivos acumulados durante a nossa vida.
- As informações contidas neste filme não são divulgadas nem apoiadas pela "MÍDIA TRADICIONAL e OFICIAL";
- Infelizmente existe uma campanha de desmoralização da Terapia Gerson até hoje;
- Para os que já não acreditam nessa MÍDIA e nessa MEDICINA CAPITALISTA a qual somos submetidos é muito fácil de entender;
- Essa mídia sofre constantes pressões dos lobbies da "INDÚSTRIA FARMACÊUTICA" da "INDÚSTRIA ALIMENTÍCIA" e da "INDÚSTRIA DO CÂNCER" para manter o "status quo" favorável aos interesses mercantilistas dos grandes laboratórios, bem como os órgãos reguladores do governo;
É preciso que este tipo de informação chegue a um maior número de pessoas.
Câncer como todas as doenças degenerativas estão aumentando a cada dia, é necessário que todos saibam; existem alternativas de cura sem efeitos colaterais para tratar estas doenças, além da Quimioterapia, Radioterapia e Mutilação, que causam danos irreversíveis.
"Condenação sem investigação é o cúmulo da ignorância."
( Albert Einstein )
"Deixe sua comida ser seu remédio e seu remédio ser sua comida."
( Hipócrates )
"Grandes almas sempre encontraram forte oposição de mentes medíocres..."
( Albert Einstein )
STARTER GUIDE
TO GERSON THERAPY
Encontrei no site do Pedro de Lisboa informações sobre a terapia no Brasil.
O site dele é muito informativo e segue resumindo qualificadamente a terapia. Vale a pena ler o site inteiro! O que eu compartilhei antes é material direto do instituto Gerson conduzido pela própria filha dele, a Charllote, por isso está em inglês.
Aqui destaco o que eu encontrei em português e no Brasil no site do Pedro:
Como fazer uma consulta com um médico do Instituto Gerson?* | Terapia Gerson | tgbrasil
Dr. Miven Donato, GPC, DC, DPT, MT O Dr. Donato é o instrutor clínico principal para o programa de treinamento de Gerson Practitioner:
LITERATURA FONTE SAÚDE E PAZ
INFORME-SE!
PROBIÓTICOS
Dr. Max Gerson nasceu em Wongrowitz, Alemanha em 1881.
Frequentou as Universidades de Bresleu, Wuerzburg, Berlin e Freiburg.
Emigrou para os Estados Unidos em 1936 e trabalhou na cidade de Nova York até sua morte em 1959.
Sua filha, Charlotte Gerson continua hoje à frente do Instituto Gerson em San Diego na Califórnia e no Gerson Healing Center em Sedona - Arizona - EUA .
A Terapia Gerson ainda está disponível no Hospital Meridien em Tijuana - México.
Não existem clínicas Gerson nem em Portugal, nem no Brasil, nem na América do Sul.
LINKS
Site Oficial = http://gerson.org/gerpress/
Instituto Gerson Traduzido em Português = http://translate.google.com/translate...
Norwalk, a máquina recomendada pelo Dr. Max Gerson= http://www.nwjcal.com/
Para a clínica na Hungria ver o Link=
Clínica Gerson no México =
Produtos para a Terapia Gerson =
Link Recomendado para Pesquisa em Português =
Alguns documentários recomendados que abordam o mesmo tema:
Food Matters - O Alimento é importante
Morrendo por não saber - 2006
The Beautiful Truth - 2008
O Veneno está na Mesa - 2011
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NO INFRINGEMENT OF COPYRIGHT IS INTENDED
Não constitui ofensa aos direitos autorais Lei 9.610/98 Art. 46
CURTA ESPECIAL CANNABINOIDES
INFORMAÇÃO CURA
CURTA - especial cannabinoides
"A Demonização da Cannabis" expõe as manipulações políticas e industriais que proibiram uma das mais valiosas plantas da história. O cânhamo já forneceu o papel no qual as notas de bancos dos Estados Unidos eram impressas, o algodão do jeans original da Levi´s e também as velas e cordas dos navios. Durante a Segunda Guerra Mundial, era de uma importância tão estratégica, que o Governo dos Estados Unidos encorajou fazendeiros a aderirem ao cultivo do cânhamo. O documentário mostra como esta variedade do cânhamo vem sendo pesquisada e cultivada internacionalmente, devido às qualidades versáteis da planta e ao fato de não ser nociva ao meio ambiente. Ele mostra como o cânhamo está sendo cultivado como uma fibra industrial para ser usada como uma alternativa à madeira para produção de papel, ao algodão para roupas e ao compensado para construções. Todos se beneficiam, especialmente as florestas e o solo.Exibições:
05/06/2015 23:30
07/06/2015 12:00
08/06/2015 00:00
08/06/2015 17:00
09/06/2015 11:00
RUN FROM THE CURE
TROCANDO A CURA POR DOENÇAS
1 Quem são os Psicopatas
"A Corporação" ataca questões éticas de grandes empresas
Por Richard James Havis
Lista de Reprodução com DOCUMENTÁRIOS DE ALERTA: http://www.youtube.com/view_play_list...
Excelente documentário canadense de 2002, que apresenta o poder das Corporações, mais forte que o poder politico. Através de seus lobbies junto aos governos e suas ferramentas de merchandising, marketing, branding, etc ,elas definem tendencias de consumo de produtos eletrônicos, vestuário, alimentos, entretenimento, medicamentos, etc.
Corporações farmacêuticas influenciam e ate definem o que será e o que não sera ensinado nos curriculos universitários de Medicina, Farmácia e outras áreas de Saúde, para defender seus interesses mercantilistas de vendas de inúmeros medicamentos nocivos.
Os ataques às práticas éticas e sociais das grandes empresas que compõem o documentário "A Corporação" não serão novidade para a maioria dos liberais bem informados.
Mas a pesquisa bem feita, a apresentação clara e a correlação precisa com os escândalos recentes envolvendo grandes empresas norte-americanas devem incentivar os espectadores bem menos informados a refletir mais profundamente sobre o papel das grandes firmas no mundo.
Se tivesse sido exibido alguns anos atrás, "A Corporação" provavelmente tivesse passado desapercebido. Mas o destaque ganho por "Fahrenheit 11 de Setembro" e os escândalos envolvendo empresas norte-americanas devem despertar o interesse do público. O fato de Michael Moore aparecer no filme, como entrevistado, é uma atração adicional.
A produção canadense é dirigida por Mark Achbar ("Manufacturing Consent: Noam Chomsky and the Media") e Jennifer Abbot a partir de um livro de Joel Bakan.
O documentário começa com um breve histórico legal das grandes empresas. De acordo com a lei, as firmas têm os mesmos direitos que os indivíduos: podem processar, ser processadas, etc.
Mas o foco do filme está em mostrar que existe uma grande diferença entre o indivíduos e a corporação. Espera-se dos indivíduos que demonstrem responsabilidade ética e social. Já a corporação tem, por lei, apenas uma responsabilidade: garantir a seus acionistas o maior lucro possível.
O longa-metragem afirma que esta é uma abordagem unidimensional que conduz à exploração da força do trabalho, à devastação do meio ambiente, a fraudes contábeis e várias outras coisas do gênero.
WTC E O OURO
Para comprovar seu argumento, os cineastas entrevistam cerca de 40 pessoas, incluindo Noam Chomsky, Milton Friedman, Mark Moody-Smith (ex-presidente da Royal Dutch Shell) e os jornalistas Jane Akre e Steve Wilson, ex-funcionários da Fox News.
Os temas variam desde fábricas de fundo de quintal no Terceiro Mundo até a destruição do meio ambiente, passando pela patenteação do DNA.
Uma parte perturbadora do filme mostra um negociador de commodities, Carlton Brown, dizendo que, ao assistir ao ataque terrorista contra o World Trade Center, os dealers de ouro acharam que a tragédia teria um aspecto positivo, na medida em que faria o preço do ouro subir.
Os cineastas deram a executivos-chefes como Mooy-Smith a oportunidade de apresentar argumentos em favor da responsabilidade empresarial.
O que Moody-Smith quer mostrar é que existem alguns líderes bons nas grandes empresas, capazes de conduzi-las num rumo positivo.
Os diretores respondem que esses poucos bons líderes não serão capazes de impor uma responsabilidade ética a uma máquina construída com o objetivo único de auferir lucros.
Um raio de esperança é lançado por Ray Anderson, executivo-chefe da Interface, a maior fabricantes mundial de tapetes. Anderson se conscientizou da questão ambiental e reestruturou um terço de sua empresa, que vale 1,4 bilhão de dólares, com base em princípios ecologicamente sustentáveis.
"A Corporação" não é um trabalho de ativismo global que defenda a derrubada do capitalismo. Uma seção final do filme analisa como o poder das grandes empresas pode ser reduzido por meios legais e sociais.
Alguns trechos do filme, como um em que Michael Moore, antes do lançamento de "Fahrenheit", comenta por que a Disney lança filmes de um inimigo declarado das grandes empresas, como ele, estão datados, e o filme fala muito pouco da Worldcom ou da Enron.
Mesmo assim, será muito bem-vindo pela parte do público cujas preferências políticas se situam à esquerda do centro.
(Texto fonte: http://cinema.uol.com.br/ultnot/2005/... )
Excelente documentário! Apoie os produtores, adquira o DVD!
Domínio [de] Público
Muito Além do Cidadão Kane - Dublado (Video PROIBIDO no Brasil) Globo
Vídeo Proibido no Brasil. O documentário acompanha o envolvimento e o apoio da Globo à ditadura militar brasileira, sua parceria com o grupo estadunidense Time Warner (naquela época, Time-Life), algumas práticas vistas como manipulação feitas pela emissora de Marinho (incluindo um suposto auxílio dado a uma tentativa de fraude nas eleições de 1982 para impedir a vitória de Leonel Brizola, a cobertura tendenciosa do movimento das Diretas-Já, em 1984, quando a emissora noticiou um importante comício como um evento de comemoração ao aniversário de São Paulo, e a edição, para o Jornal Nacional, do debate do segundo turno das eleições presidenciais brasileiras de 1989, de modo a favorecer o candidato Fernando Collor de Mello frente a Luís Inácio Lula da Silva), além de uma controversa negociação envolvendo ações da NEC Corporation e contratos governamentais à época que José Sarney era presidente da República. O documentário apresenta depoimentos de destacadas personalidades brasileiras, como o cantor e compositor Chico Buarque de Hollanda, que na época tinha um programa na emissora, os políticos Leonel Brizola e Antônio Carlos Magalhães, o ex-Ministro da Justiça Armando Falcão, o publicitário Washington Olivetto, o escritor Dias Gomes, os jornalistas Walter Clark, Armando Nogueira e Gabriel Priolli e o ex-presidente do Brasil Luís Inácio Lula da Silva.
A TV Brasileira Vista Pelos Estrangeiros (legendado)
Nome do programa original: The Greatest Shows On Earth. Episódio sobre o Brasil.
Ative as legendas (no canto inferior direito do vídeo)!
Neste programa, a apresentadora Daisy Donovan viaja pelo mundo conhecendo a programação de TV local.
Não é um trabalho acadêmico de cunho filosófico ou crítica profunda do patrimônio cultural de uma nação. É um programa de ENTRETENIMENTO que mostra a programação popular do mundo todo.
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