Vida pela arte, diversidade cultural após estado sitiado pelo futebol
A vida imita a arte ou a arte imita a vida? Só a vivência multicultural poderá dizer.
A mostra “Artevida” explora a relação entre ‘arte e vida’, com foco nas práticas artísticas brasileiras e, particularmente do Rio de Janeiro, entre os anos 1950 e início de 1980. A exposição se propõe conectar e ler certa produção de arte deste período, do Brasil e do sul global, extraindo ligações e correspondência pelas narrativas múltiplas, e desafiar cânones históricos, fora do eixo do hemisfério norte.
A partir destas hipóteses curatoriais, artevida reúne cerca de 110 artistas, oriundos de quatro continentes, e quase 300 obras, em alguns dos espaços culturais mais importantes da cidade: Casa França-Brasil, Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Biblioteca Parque Estadual. São pinturas, esculturas, instalações, fotografias, desenhos e vídeos, selecionados pelos curadores, de cerca de 25 países do Leste Europeu, da África, Ásia, do Oriente Médio e das Américas, com ênfase em artistas do sexo feminino.
A exposição está dividida em em quatro eixos, com duas seções principais: Artevida (corpo), na Casa França-Brasil, compreende subseções em torno do autorretrato, do corte e do corpo em transformação; a linha orgânica e a trama como alternativas para a ortodoxia da abstração geométrica; obras interativas, articuladas e participativas, como as obras Bichos de Lygia Clark.
Artevida (política), no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, reúne obras feitas sob ou na resistência a regimes autoritários e segregacionistas, em torno de temas como vultos, feminismos, banners, mapas e símbolos nacionais, guerra e violência, racismo, votos e eleições, manifestações, trabalho, censura e prisão.
Os outros dois eixos são: Artevida (arquivo), na Biblioteca Parque Estadual, com cocuradoria de Cristiana Tejo, contará com parte do arquivo de Paulo Bruscky, artista baseado em Recife, com cerca de 400 ítens, expostos em vitrines temáticas, selecionados a partir de seu arquivo de 70 mil documentos: livros de artista, arte postal, convites de exposições, cartas entre artistas, carimbos, adesivos, revistas, recortes de jornal etc. Também faz parte desta seção, na Biblioteca, o Arquivo Graciela Carnevale, membro do Grupo de Arte de Vanguardia de Rosário (Argentina).
Artevida (parque), na Escola de Artes Visuais do Parque Lage estarão obras da artista maceioense Martha Araújo, no palacete neoclássico, a instalação da japonesa Tsuruko Yamazaki no parque e um projeto inédito, o único comissionado pela exposição, do artista do Benin Georges Adéagbo, nas Cavalariças, dentro dos jardins do Parque Lage.
*A parte da exposição que acontece no MAM entra em cartaz no dia 19 de julho.
SERVIÇO
CASA FRANÇA-BRASILBIBLIOTECA PARQUE ESTADUAL
ESCOLA DE ARTES VISUAIS DO PARQUE LAGE
Terça a domingo, 10 às 20h. Grátis.
De 28 de junho até 21 de setembro de 2014
O QUE
ArteVidaQUANDO
de 26/06 a 21/07Terças, Quartas, Quintas, Sextas, Sábados e Domingos das 10:00 às 20:00
QUANTO
Catraca LivreONDE
Escola de Artes Visuais do Parque Lagehttp://www.eavparquelage.rj.gov.br/eavText.asp?sMenu=ESCO&sSume=PNOVA
Rua Jardim Botânico, 414
Jardim Botânico - Sul
Rio de Janeiro
(21) 3257-1800
Casa França-Brasil
http://www.fcfb.rj.gov.br/
R. Visc. de Itaboraí, 78
centro - Centro
Rio de Janeiro
(21) 2332-5120
Biblioteca Parque Estadual - Rio
Av. Presidente Vargas, 1261
Centro - Centro
Rio de Janeiro
Estação do Metrô Central
Central do Brasil
Evento conta com espetáculos de música, dança, artes plásticas, cinema, teatro, além de oficinas de diversos temas.
De 14 de julho a 2 de agosto, todas as unidades do estado do Teatro Sesi receberão espetáculos de música, dança, artes plásticas, cinema, teatro, além de oficinas de diversos temas. Trata-se da edição de 2014 do festival “X-Tudo Cultural Sesi”.O evento conta tanto para artistas já reconhecidos nacionalmente como para novos talentos locais, oferecendo ao público um panorama do cenário cultural da atualidade. O cantor Otto será o responsável pela abertura do festival com um show no Teatro Sesi Centro.
Nomes como Metá Metá, Nicolas Krassik, Mahmundi estão na programação musical do X-Tudo, que também contará apresentações de novos nomes do rap e rock. Entre as apresentações teatrais estão os espetáculos “Blefes Excêntricos”, ” Peça Ruim” e “Memória Inventada do Sonho de Alguém”.
Além disso, a agenda ainda conta com apresentações dos grupos de dança Rio Maracatu, Pulsar Cia. e, também, apresentações ao ar-livre no Largo do Machado e Feira de Vinil. Entre as oficinas e palestras estão temas como imersão teatral, consciência corporal e composição musical.
Os ingressos custam R$10. Confira a programação completa de apresentações e oficinas no site do X-Tudo Cultural, assim como a localização de todas as unidades do Teatro Sesi.
fonte:http://xtudo.firjan.org.br/novidades/novidades-do-x-tudo-cultural-2014-sesi-cultural.htm
O Baukurs Cultural apresenta a exposição “Linhas e Línguas, Curt Nimuendajú e os índios no Brasil”, em cartaz até o dia 26 de agosto, com entrada franca.
O espaço cultural mostra, em fotos e desenhos, a trajetória do autor do mais expressivo mapa etnográfico sobre culturas indígenas.Curt Nimuendajú é um etnólogo que traçou o mais importante e minucioso mapa dos povos indígenas no país, no início do século XX. Alemão de Jena, Curt Unckel viveu mais de 40 anos entre índios brasileiros relatando, com detalhes, seus costumes, riquezas materiais e línguas, em um trabalho que resultou na catalogação de mais de 50 etnias indígenas.
O espaço mostrará, em fotos e desenhos, a trajetória do autor do mais expressivo mapa iconográfico sobre culturas indígenas.
Curt Unckel é o etnólogo que traçou o mais importante e minucioso mapa dos povos indígenas no país, no início do século XX. Alemão de Jena, viveu mais de 40 anos entre índios brasileiros relatando, com detalhes, seus costumes, riquezas materiais e línguas, em um trabalho que resultou na catalogação de mais de 50 etnias indígenas.
O evento reúne fotos e desenhos doetnólogo, além da instalação, em escala real, do mapa etno/histórico dos índios e das suas línguas no Brasil, na primeira metade do século XX. O material exposto terálegendas em português e alemão.
SERVIÇO
O QUE
Linhas e línguas, Curt Nimuendajú e os índios no BrasilQUANDO
de 12/06 a 26/08Segundas, Terças, Quartas, Quintas e Sextas das 10:00 às 16:00
Domingos das 12:00 às 17:00
QUANTO
Catraca LivreONDE
Baukurs Culturalbaukurs.com.br
Rua Goethe , 15
Botafogo - Sul
Rio de Janeiro
21.2294-6017
O Instituto Moreira Salles apresenta de 9 de fevereiro a 23 de novembro a exposição “Em 1964″, que relembra o ano do início da ditadura no Brasil, com entrada gratuita.
A mostra faz parte de uma programação anual para discutir os 50 anos do golpe militar. Em 1964 propõe uma imersão neste momento decisivo para o país a partir do ponto de vista de artistas e intelectuais cujos acervos estão sob a guarda do IMS ou que têm vínculos diretos com suas atividades.Será possível visitar a exposição Em 1964, que permitirá ao espectador explorar os fatos culturais do período por meio de obras marcantes da literatura, da fotografia, do cinema e da música presentes nos acervos do IMS.
A exposição exibirá fotografias do cineasta Jorge Bodanzky, feitas em Brasília no momento do golpe militar, mas trará também fotos de Chico Albuquerque e Henri Ballot documentando o cotidiano, como feiras, supermercados e outros costumes da vida diária dos brasileiros. Outro destaque da fotografia será um ensaio inédito em espaços expositivos da fotógrafa Maureen Bisilliat sobre Iemanjá, além de muitas outras atrações.
SERVIÇO
O QUE
EM 1964QUANDO
de 09/02 a 23/11Terças, Quartas, Quintas, Sextas, Sábados e Domingos das 11:00 às 20:00
QUANTO
Catraca LivreONDE
Instituto Moreira Salles Rio de Janeirohttp://ims.uol.com.br/
Rua Marquês de São Vicente, 476
Gávea - Sul
Rio de Janeiro
(21) 3284-7400
Breve história da baderna
Desde Aristóteles se sugere que o Estado existe para o bem da população, mas raras são as vezes que os anseios do povo foram atendidos, além dos momentos de confronto, manifestações e protestos.
por Rodrigo Elias
And now you do what they told ya…
R.A.T.M.
O governo instaurado, evidentemente, não chama a população para “conversar pacificamente”, uma vez que aquele não reconhece nesta um interlocutor político; o governador do Rio de Janeiro, recentemente, afirmou que a população não age politicamente de forma “espontânea”, o que é apenas uma atualização da negação que o Estado dispensa desde sempre à maior parte da sociedade no que diz respeito à sua capacidade “política”. A única ação “política” que o Estado pode reconhecer na sociedade, em nosso caso, é o voto.
A ideia de que o Estado existe para o bem da sociedade é tão antiga quanto infantil
Aristóteles, talvez o mais importante filósofo político da Antiguidade (seguramente o mais famoso), expôs ainda no século IV a.C. o princípio segundo o qual o que conhecemos como “Estado” (ele chamava de πολις, “cidade”) existe para garantir a felicidade de um grupo – a coisa mudava de figura quando o governo se corrompia. É bom lembrar, entretanto, que Aristóteles se empenhou em construir sistemas explicativos muito gerais, “filosóficos” no melhor sentido do termo. Ele estava muito mais preocupado em entender como as coisas funcionavam do que em dar conta da real constituição, por exemplo, dos regimes políticos - não custa lembrar que cultivava um certo desprezo pela História.Muito diferente, por exemplo, do seu contemporâneo Platão. Este outro grego, pelo menos no que vemos em seu relato em "A república" sobre os fatos que levaram à condenação de Sócrates, seu mestre, sabia muito bem que o Estado não era necessariamente guardião de virtudes. Podia ser, aliás, o exato oposto.
O fato é que a ideia exposta por Aristóteles acabou caindo nas graças dos líderes políticos e religiosos ocidentais ao longo de toda a Idade Média. Era muito comum, quando se tentava explicar a origem do poder político dos governantes (por si só eticamente inexplicável), dizer que este, além de dado por Deus, existia para o bem dos súditos. Toda teoria política ao longo de mil anos foi uma variação deste tema. Ora pendendo mais para o lado de Deus, que só poderia querer o bem da sua criação, ora para um suposto acordo feito entre homens em um passado remoto no qual decidiam pela fundação de um Estado para a garantia da felicidade e da segurança de todos. Registre-se que nunca houve prova de que este suposto acordo ancestral tenha acontecido, mesmo que uma única vez. Trata-se evidentemente da mais eficaz mitologia política da qual se tem notícia e que não está totalmente fora de uso.
Boa parte das teses mais radicais ao longo do período posterior, sobretudo entre os séculos XVII e XIX, recorrem a esta ênfase humana do mito do Estado – e podemos colocar neste mesmo saco todos os livres-pensadores franceses, os constitucionalistas ingleses, os “pais fundadores” norte-americanos, os filósofos iluministas, os revolucionários de 1789, os liberais e democratas do século XIX, os comunistas do século XX. A naturalização da necessidade da existência do Estado ficou mais associada ao nome do inglês Thomas Hobbes (1588-1679), porém esta talvez tenha sido apenas uma das vozes mais perceptíveis em um coral muito bem afinado.
Mas é claro que nem todos concordavam com isso. Maquiavel, há exatos quinhentos anos, em 1513, expunha de maneira crua em "O príncipe" qual era o objetivo do Estado. Nada de felicidade da comunidade. Nada de segurança dos cidadãos. O Estado existia para perpetuar a si próprio. A verdade era tão evidente e tão desconcertante que o escritor florentino foi condenado unanimemente: suas obras foram consideradas heréticas por católicos e protestantes (em uma época na qual estas facções não se entendiam sobre nada), liberais e comunistas. Ser chamado de “maquiavélico” ainda é ofensivo. Entretanto, Maquiavel não estava apenas dando conselhos a um governante para conquistar o governo e manter o poder: ele estava mostrando que os governantes bem-sucedidos e as formações estatais que tiveram alguma perenidade (as cidades-estados italianas da sua época viviam grande instabilidade) gastavam todas as suas energias na autopreservação, independente do julgamento das suas ações.
Outros dois que perceberam de maneira bastante clara – ou tiveram a audácia de colocar isso em letra impressa – esta natureza das formações estatais foram Marx e Engels (em cujos nomes cometeram-se e cometem-se, injustamente, muitas atrocidades, não apenas físicas, mas intelectuais). O primeiro, observando o funcionamento corriqueiro do parlamento da Renânia, ainda na década de 1840, percebeu que o Estado funciona basicamente para proteger aqueles que controlam o próprio Estado; Engels, 40 anos depois, em seu "A origem da família, da propriedade privada e do Estado" (1884), mesmo com todas as críticas possíveis ao flagrante evolucionismo (aliás, comum na época) e, talvez, sua incorporação de tese já anunciada por John Locke (1632-1704), também vai expor o funcionamento do Estado em termos de uma proteção muito seletiva de grupos sociais: os que controlam o Estado.
O objetivo do Estado não é a sua segurança e a sua felicidade: é que você obedeça e pague impostos. O governo em prol da sociedade só existe quando a sociedade está mobilizada contra o Estado. Para criar e garantir direitos, a sociedade precisa constranger permanentemente e de todas as formas possíveis quem é o governo. Pelo menos é o que tem acontecido nos últimos 600 anos.
Em tempo 1: Houve uma experiência no século XX na qual o Estado dizia ser (e acreditava ser) a manifestação total da vontade da sociedade, assim como a maior parte da sociedade acreditava (com uma boa dose de medo, é verdade) que o Estado era a manifestação suprema de todas as suas vontades. O nome desta experiência é “nazismo”.
Em tempo 2: Os vândalos eram um povo germânico que vivia no norte da Europa e foi um dos invasores do Império Romano no século V. Fugiam da fome e da guerra, e acabaram entrando em território imperial. Em pouco tempo, chegaram às margens do Mediterrâneo e atravessaram para o norte da África. Eles eram cristãos, mas de uma dissidência chamada de "arianismo", considerada uma heresia pela Igreja romana - motivo pelo qual eram amaldiçoados, perseguidos e combatidos. Quando invadiram a África, elegeram como alvos preferenciais as igrejas e os mosteiros cristãos romanos - "vandalismo" passou a significar, no vocabulário de origem latina, a destruição daquilo que é respeitável por sua beleza e por sua antiguidade. Os vândalos, bem como os outros povos germânicos, acabaram triunfando sobre o Império Romano. Não porque eram mais fortes: a população romana, sobrecarregada, faminta e violentada com a opressão do Estado e da Igreja, aderiu aos recém-chegados. A primeira grande transformação na sociedade ocidental em nossa era se deu naquele momento.
Leia esta história na íntegra
Leia também o especial "MANIFESTAÇÕES" no site da revista de história, e compreenda quem é o VÂNDALO.
fonte: http://www.revistadehistoria.com.br/secao/artigos/breve-historia-da-baderna
Observatório da Imprensa
Adital
Por Cátia GuimarãesUm consenso em torno da coerção necessária
É cada vez mais concreto o quanto essa noção abstrata de democracia e o seu correspondente Estado de direito são dois elementos circulares de uma farsa produzida para manter ou estabilizar as relações de dominação. Em nome da democracia e do Estado de direito, vale tudo, até ferir a democracia e o Estado de direito, desde que se faça isso através de instituições como a polícia, o judiciário e a imprensa, que compõem o Estado de direito garantidor da democracia. Há muito que a tradição marxista sabe que a forma assumida pelo Estado – democracia, ditadura, monarquia... – representa variações coerentes com a correlação de forças e o grau de hegemonia vigente em cada local, em cada contexto histórico, mas que, em todas essas situações, a função do Estado é garantir, com as armas que estiverem disponíveis, os interesses da classe dominante. Por isso, no capitalismo, a combinação de mecanismos de cooptação e consenso nos regimes ditatoriais com mecanismos de violência e coerção nos contextos democráticos é e sempre será parte do jogo.
Isso se expressa de forma muito direta na grande imprensa que é, também, instrumento da democracia burguesa. Por isso, ela pode pluralizar seus públicos, diversificar os colunistas, usar de vez em quando uma imagem produzida por midiativistas, denunciar um senhor aqui, ajudar a prender um policial violento acolá. Pode até escrever e ler em voz alta um belo editorial demea culpa, lamentando seu apoio à ditadura encerrada. Mas sempre que for preciso, ela vai afiar as ferramentas, espalhar a poeira, tirar a ferrugem e usar todas as armas de que dispuser para, em nome da democracia, legitimar um consenso em torno da coerção necessária. Está no seu DNA.
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