Scientia Ad Sapientiam

Scientia Ad Sapientiam
“Não há homem imprescindível, há causa imprescindível. Sem a força coletiva não somos nada” - blog da retórica magia/arte/foto/imagem.

Pesquisar este blog

Novidade no mercado de cameras: Mirrorless Digitais e o fim das DSLR?

Leave a Comment
Com a chegada do formato Micro 4/3 e dos dispositivos sem espelho, as reflex digitais de lente única podem ter apenas um destino: o nicho dos fotógrafos profissionais
O mundo da tecnologia fotográfica entrou numa nova era. As câmeras compactas de lentes intercambiáveis, chamadas mirrorless, vieram para imprimir um novo padrão ao futuro dos equipamentos.
mirrorless-cameras
Não se fala em outra coisa no PMA 2010 (Photo Marketing Association Annual Show – Apresentação Anual da Associação do Mercado Fotográfico). Esse evento traz as inovações e os últimos projetos e lançamentos que as grandes companhias apresentam para o próximo ano. E o grande assunto desse PMA são as câmeras mirrorless e o padrão Micro Four Third.
Esse novo modelo de equipamento caiu nas graças dos entusiastas e profissionais que querem manter a mesma qualidade de imagem, sem ter que carregar uma enorme DSLR. E o mercado só tende a crescer. Além das pioneiras Olympus e Panasonic, a Samsung já apresentou sua câmera mirrorless e um conjunto de mais de oito objetivas em cerca de dois meses. A Sony não ficou para trás. Também já anunciou seus planos de concorrer no mercado de câmeras compactas de lentes intercambiáveis.
Mas para o blog Gadget Lab da revista Wired, essa nova tecnologia pode ser uma ameaça ao futuro das DSLR, que durante muito tempo foram os equipamentos que mais cresceram dentro do mercado fotográfico.
As Digital Single Lens Reflex, (Reflex digital de lente única, em português) eram a única alternativa para aqueles que buscavam um sensor maior e uma boa resposta do obturador. Unindo a isso, as DSLR também eram as únicas câmeras digitais que permitiam a troca de objetivas. Com a chegada das mirrorless e do formato Micro 4/3 os consumidores podem ter tudo o que tinham numa DSLR em um corpo muito menor.
Isso por si só já é motivo suficiente para dar uma sacudida no mercado. Mas como se não bastasse, a criação de adaptadores para as compactas Micro 4/3 permite que lentes das mais variadas marcas, como Canon, Nikon e Leica sejam usadas nas mirrorless. Isso significa que aquelas antigas objetivas vindas do formato analógico até as mais atuais, podem, a partir de agora, ter um novo destino.
Ainda de acordo com a Wired, os adaptadores existem há muito tempo, mas não funcionavam bem. A distância extra entre o sensor e a objetiva imposta pelo adaptador, fazia com que muitas lentes perdessem seu foco no infinito. Já com as compactas de lente intercambiável, os adaptadores funcionam muito melhor. Já que essas câmeras não possuem a caixa de espelhos, as lentes, naturalmente, ficam próximas demais do sensor. Com os adaptadores, as objetivas DSLR são colocadas um pouco mais distantes desse sensor mantendo assim sua funcionalidade.

A grande questão agora é: se com esses adaptadores, todas as objetivas, de diferentes marcas podem ser utilizadas em qualquer corpo de formato mirrorless, qual será o futuro das DSLR? Continuarão existindo? Vão se direcionar unicamente aos profissionais da área? E as empresas como Canon e Nikon? Também vão entrar no mercado Micro 4/3? Lançarão seus próprios adaptadores permitindo que suas objetivas, além de funcionarem em modo manual, mantenham suas funções de autofocus e controle de abertura?
É esperar pra ver.
Postado por Fabiana Baioni - fabiana.baioni@gmail.com

Read More...

Fotografia ainda e um investimento bom

Leave a Comment

Com valores cada vez mais altos, a fotografia brasileira ganha leilões, feiras e galerias, consolidando de vez o status de arte

Fotos ilustrando este post: coleção "Um passeio no mundo livre" - fotos de celular Motorola by LeoBarros de variadas fontes








No mercado internacional, uma fotografia pode atingir cifras milionárias. O alemão Andreas Gursky é um exemplo.


Presente em museus como o MoMa de Nova York, o Centre Georges Pompidou, em Paris, e a Tate Modern, em Londres, o sujeito já teve um trabalho vendido por R$ 12 milhões. Por aqui, o mercado só agora começa a crescer de fato. Mas os valores já representam uma nova era, em que a fotografia ganhou de vez as paredes das galerias e conquistou o status de arte. Um Miguel Rio Branco, o nome mais caro da nossa safra de fotógrafos contemporâneos (excluindo-se Vik Muniz, artista que usa a fotografia para registrar suas obras), chega a R$ 150 mil. Um Mario Cravo Neto bate R$ 100 mil, valor que deve aumentar com a sua morte, ocorrida no último dia 9. Geraldo de Barros, representante da geração dos anos 40, alcança R$ 50 mil. O paraense Luiz Braga vai a R$ 40 mil.


E jovens fotógrafos, como os badalados mineiros João Castilho, Pedro Motta e Pedro David, custam entre R$ 3 mil e R$ 22 mil. Mario Cravo Neto tem uma importância fundamental nessa história: foi um dos primeiros fotógrafos brasileiros a ter sua obra valorizada lá fora e a trazer para cá a idéia de fotografia como arte.


Fotógrafos como Miguel Rio Branco e Mario Cravo Neto já tinham o reconhecimento de museus, fundações, curadores. Mas não tinham o reconhecimento comercial. Isso vem de muito pouco tempo para cá. Talvez início dos anos 2000 — diz Jones Bergamin, presidente da Bolsa de Arte do Rio de Janeiro.




“Esses fotógrafos são pioneiros que lutaram num mercado adverso. Na década de 70, ninguém pagava por uma fotografia



Nos anos 80, vendia-se muito pouco. Nos 90, começaram a surgir colecionadores. E agora todo mundo quer fotografia. Ninguém mais fala que foto não é arte.



Essa frase já caiu em desuso”.




O mercado nacional está em pleno frenesi, com iniciativas pequenas e grandes derramando por todos os lados. A SP-Arte, a maior feira de arte do Brasil, que acontece anualmente em São Paulo, criou um braço específico só para a fotografia: a SP-Arte/Foto, que está no terceiro ano. A Bolsa de Arte realizou em setembro de 2008 o primeiro leilão de fotografias do país, com a participação de 90 artistas. Segundo a organizadora do evento, Fernanda Feitosa, a separação foi uma consequência da lei da oferta e da procura: as pessoas queriam ver e comprar fotografia e o número de galerias oferecendo o produto cresceu geometricamente.


Sites que vendem fotos, como o recém-criado Arte na Parede, que reúne 21 jovens artistas, se multiplicam pelo país.


E, no Rio, os fotógrafos Bruno Veiga, Ricardo Fasanello, Alexandre Sant'Anna e Ana Stewart, todos oriundos do fotojornalismo, inauguraram esta semana a Galeria/ Estúdio da Gávea, um escritório de arte para a comercialização de fotos. A turma pretende realizar quatro exposições por ano. E, com hora marcada, atender gente interessada em entender e colecionar fotografia. A curadora é Isabel Amado, uma veterana, que trabalhou com Thomaz Farkas, fundador da Fotoptica, nos primórdios da comercialização de fotos, lá nos anos 80.


A organizadora da SP-Arte conta que a feira era exclusiva de artes plásticas:


— Há três anos, identificamos a preponderância do interesse pela fotografia e o crescimento do número de galerias vendendo fotografia. Nós conseguimos então um espaço e iniciamos a SP-Arte/ Foto. Atualmente participam 17 galerias, que comercializam desde coisas históricas até expressões contemporâneas. Costumo dizer que a fotografia migrou do quarto para o corredor e do corredor para a sala de estar — diz Fernanda Feitosa. Na Galeria da Gávea, fizemos uma seleção de 18 nomes para essa primeira exposição.


São quase todos fotógrafos que têm um trabalho de grande valor estético, mas que não mostravam em galerias. Eles apresentam o princípio da arte contemporânea na sua produção — comenta Isabel Amado, citando entre os participantes nomes como Luiz Braga, Antônio Guerreiro, Renan Cepeda, Rogério Reis e Walter Carvalho.


Falar da trajetória da fotografia no mercado de arte é dividir o mundo em dois: aqui e lá fora.


Nos Estados Unidos, a primeira galeria a misturar num balaio só fotos e pinturas surgiu em 1905, em Nova York. Idealizada por Alfred Stieglitz e Edward Steichen, a galeria 291 juntava tudo do que os críticos falavam mal: fotografia, arte moderna, cubismo, dadaísmo etc.. Naquela época, discussões acaloradas já tomavam conta dos chamados foto clubes.


A questão era: foto pode ser arte?








O movimento vigente denominava-se pictorialismo, que começou na década de 1890, congregando fotógrafos europeus e americanos que ambicionavam produzir fotografia artística.


No Brasil, a onda do foto clubismo começou, tímida, no início dos anos 20. O primeiro foto clube importante nasceu no Rio, o Photo Club Brasileiro. A coisa só esquentou, porém, em 1939, com a inauguração do Foto Clube Bandeirante, uma salinha no edifício Martinelli, em São Paulo. A agremiação reuniu nomes como Geraldo de Barros, José Oiticica Filho, Thomaz Farkas e German Lorca.


Lá fora, Man Ray já propunha um rompimento total. Aqui, essas questões modernas chegam com o Foto Clube Bandeirante. Geraldo de Barros foi o primeiro fotógrafo brasileiro a ter um trabalho em Bienal — conta Márcia Mello, uma das donas da Galeria Tempo, no Rio, que abre no dia 9 de setembro uma mostra dedicada a essa fotografia modernista dos anos 40, intitulada "Salão de arte fotográfica".


A turma do Foto Clube Bandeirante questionou a fotografia. Os pontos de vista eram inusitados. Alteravam a questão espacial. Fotografavam de cima, de baixo. A câmera já não estava mais na frente do umbigo, como dizem — arremata Georgianna Basto, sócia de Márcia.


Nos anos 60, com a instauração da ditadura, a fotografia, digamos, autoral saiu de moda. Entrou na onda o fotojornalismo. O grande barato dos fotógrafos era denunciar, captar momentos cruciais, fazer História.


Já na década de 70, artistas plásticos como Rubens Gerchman, Waltercio Caldas, Antônio Dias e Hélio Oiticica apropriaram-se da fotografia. A coisa começou a se misturar, sem fronteiras, sem divisores de águas. Miguel Rio Branco, por exemplo, registrava fotograficamente os trabalhos perecíveis, como as instalações, de Oiticica e Gerchman. Todos viviam em Nova York e bebiam nas modernidades do mercado de lá. Posteriormente trouxeram para cá essa noção contemporânea de arte. No início dos 80, Thomaz Farkas inaugurou em São Paulo a Galeria Fotoptica, a primeira dedicada exclusivamente à fotografia.


Nessa época nenhuma galeria sequer vendia fotos. Segundo Isabel Amado, que militou com Farkas nesse então embrionário mercado, a Fotoptica vendeu Bob Wolfenson, Cláudia Jaguaribe, Juvenal Pereira, Cláudio Edinger, entre outros nomes hoje consagrados.


A primeira fotografia que vendi na galeria já vai fazer aí 25 anos ou mais. Mas de uns três, quatro anos para cá é que o mercado nacional de fato acordou não só para as possibilidades estéticas da fotografia, mas também para o seu valor como investimento — diz Claudio Edinger, cujos trabalhos costumam valer R$ 30 mil.


A Hallmark, por exemplo, começou a colecionar fotos lá nos anos 50. Em 2003, calcularam ter gasto uns US$ 2 milhões com seu acervo. Em 2005, venderam parte, só parte, da coleção para um novo museu em Kansas City por US$ 67 milhões. A fotografia é o que se faz de mais interessante em arte hoje.


A fotografia ralou para ser aceita no seleto mundinho das artes plásticas. E teve também que se adaptar. Duas transformações são importantes nesse cenário: o surgimento da tiragem e a evolução tecnológica e de técnicas de conservação que conferem durabilidade às fotos de pelo menos 150, 200 anos. A noção de tiragem é coisa que apareceu primeiro nos Estados Unidos. Na Europa, existe há menos de uma década.


O que é tiragem?


O artista garante que o trabalho em questão será limitado, o que imprime exclusividade para quem compra.


Normalmente, os grandes nomes fazem tiragens de cinco fotos. É comum encontrar no mercado tiragens de três, cinco e 20. Alguns fotógrafos consagrados, porém, continuam se recusando a violar o princípio da fotografia, que é o da reprodução ilimitada. Sebastião Salgado, por exemplo, o fotógrafo brasileiro mais conhecido no mundo, não faz tiragem. E, por isso, vende mais barato do que outros nomes menos conhecidos.Uma foto dele custa em torno de R$ 30 mil.


Márcia, da Galeria Tempo, explica as noções de valor:


A tiragem é uma exigência do mercado de arte. Na minha opinião, se você gosta de um fotógrafo, não vai deixar de compra-lo porque o trabalho tem mais de três, cinco cópias. Tem um francês, o Marc Riboud, que diz que quanto mais uma imagem dele vende, mais caro ela custa. Só que colecionadores não compram foto sem tiragem. Quem compra é quem vai pela emoção, sem pensar em valorização, mercado.


Outra coisa que vale muito é o que se chama de foto vintage, a impressão feita na época que o fotógrafo a clicou. O Geraldo de Barros vintage custa cerca de R$ 79 mil.


Uma impressão nova da mesma imagem custa cerca de R$ 8 mil. É o fetiche do mercado.


Silvia e Juliana Cintra, da Galeria Silvia Cintra, representantes de Miguel Rio Branco, dizem que a tiragem, apesar de limitar, tem a função, ao mesmo tempo, de tornar uma obra quase exclusiva acessível:


— Se o Rio Branco fosse um pintor, um trabalho dele custaria uma fortuna. Como faz tiragem de cinco, fica mais acessível. No Brasil, todas as cópias de um mesmo trabalho custam igual. Normalmente, um artista bacana faz cinco cópias e duas provas do autor. As PAs, como chamamos, são mais caras — comenta Juliana. — Nos Estados Unidos, é diferente. A primeira cópia é muito mais barata do que a última. Vai encarecendo progressivamente, porque vai ficando cada vez menos disponível.


Tecnicamente falando, a turma entendida de fotografia fala em papel de algodão, jato de tinta, durabilidade de até 200 anos. O Instituto Moreira Salles é hoje uma referência em termos de preservação de fotos. O acervo do IMS já bateu 600 mil imagens, com obras completas de fotógrafos do século XIX como Marc Ferrez, e também obras completas de artistas modernos como Thomaz Farkas, Otto Stupakoff e Maureen Bisilliat.


Nos domínios da casa da Gávea, foi erguido um prédio de três andares climatizado e preparado para abrigar o precioso arquivo. O lugar conta com um laboratório superequipado, que começou recentemente a fazer tiragens limitadas e numeradas dos artistas adquiridos pela instituição. O curador é Sérgio Burgi, um especialista quando o assunto é a parte técnica da fotografia. Segundo ele, a grande revolução dos últimos tempos foi o surgimento do chamado fine art. digital printing, um processo de impressão baseado em jatos de tinta.


— Estamos falando de pigmentos de tinta e papel de qualidade. Tem que haver uma conjugação para garantir a conservação. Mas existem fotógrafos muito famosos, como o Andreas Gursky, que ainda produzem usando processos analógicos tradicionais com durabilidade de 80 anos — comenta Burgi.


É responsabilidade do galerista indicar o processo técnico de cada tiragem. Nós, no Instituto Moreira Salles, damos um certificado informando exatamente como aquela foto foi ampliada.


Diante de toda essa trajetória, da adequação da fotografia ao mercado de arte, dos preços astronômicos pagos hoje por uma imagem, nós, os leigos, ficamos encasquetados com uma pergunta clichê, talvez démodé: quando fotografia, afinal de contas, é arte?


Fotografia antropológica, de moda, documental, artística, todos os aspectos da fotografia estão sendo incorporados pela arte. A grande novidade hoje é justamente isso: tudo o que é bom pode ir para uma galeria. E tudo vende — diz Márcia, da Galeria Tempo. A fotografia que está nas galerias se divide em duas vertentes: o artista que pensa e trabalha fotografia e o artista que usa a fotografia como suporte, como registro de uma escultura, uma instalação, uma obra que em si é perecível, como Vik Muniz.


Não existe hoje uma coleção de arte contemporânea que não tenha foto. Muita coisa boa está sem feita em foto ou com foto — comenta Juliana Cintra, da Galeria Silvia Cintra. O que acho mais interessante hoje é a inserção da fotografia não-manipulada, da fotografia que se baseia no princípio fundamental da documentação, no mercado de arte. A fotografia calcada em elementos da tradição fotográfica, com pequenas sutilezas, se insere nas artes plásticas, sem abandonar suas características primordiais — comenta Burgi, do Instituto Moreira Salles.


Eu não gosto de pinceladas de luz. Isso não me interessa. O que me interessa é o documental, a narrativa, o movimento do vivo, que através da linguagem do artista ganha um caráter estético. Gosto disso que chamo de uma evolução do fotojornalismo — aposta a curadora Isabel Amado.


Eu acho que fotografia, desde que tenha qualidade técnica e um olhar interessante, pode estar em uma galeria — avalia o diplomata Joaquim Paiva, dono de um acervo de 2.600 imagens, a maior coleção particular de fotografia do país, que comprou sua primeira foto, um Miguel Rio Branco, em 1978. Imagine o seguinte: acabou o romantismo, acabou a era clássica da pintura. Começa o impressionismo. Esse é o momento que vivemos na fotografia. A partir do impressionismo, surgiram todas as escola de pintura que conhecemos hoje. Agora começam a surgir todas as escolas de fotografia, indo nas direções mais diversas — compara Cláudio Edinger.


A priori, fotografia de arte é quando o autor diz que é arte.






O público, a crítica, o galerista pode dizer: isso é bom, isso é ruim, isso é mais ou menos. Mas quem fala se é arte ou não é o artista — resume Eduardo Brandão, dono da Galeria Vermelho, de São Paulo.


* Colaborou Alessandra del Bene









O `ranking' da Bolsa de Arte*




1. Vik Muniz (R$ 5 mil a R$ 300 mil) 2. Miguel Rio Branco (R$ 5 mil a R$ 150 mil) 3. Caio Reisewitz (R$ 5 mil a R$ 120 mil) 4. Mario Cravo Neto (R$ 5 mil a R$ 100 mil) 5. Artur Omar (R$ 10 mil a R$ 50 mil) 6. Geraldo de Barros (R$ 5 mil a R$ 50 mil) 7. Luiz Braga (R$ 8 mil a R$ 40 mil) 8. Júlio Bittencourt (R$ 5 mil a R$ 35 mil) 9. Claudio Edinger (R$ 10 mil a R$ 30 mil) 10. Iata Canabrava (R$ 5 mil a R$ 15 mil)


* Inaugurada em 1970 para ativar o mercado de arte brasileira através de leilões, a Bolsa de Arte do Rio de Janeiro realizou, no ano passado, o primeiro leilão só de fotografias do país


O `ranking' do colecionador*



1. Alair Gomes 2. Claudia Andujar 3. Cristiano Mascaro 4. Eustáquio Neves 5. José Medeiros 6. Mario Cravo Neto 7. Miguel Rio Branco 8. Rosângela Rennó 9. Sebastião Salgado 10. Walter Firmo





* Os preferidos de Joaquim Paiva, o maior colecionador de fotografia do Brasil


Por Karla Monteiro - Fonte: http://www.globo.com








Desculpe-me, amigo, mas sua fotografia não é boa





Ou não e tão boa quanto crê ou quanto lhe dizem ser…


Embora seja algo chocante isso dito acima, é a realidade e é aplicável à imensa maioria das fotografias que circula na rede em Flickr, fóruns, etc, que são mostradas e louvadas como boas fotografias.


É bastante interessante como a fotografia digital estipulou requisitos diferentes para uma fotografia ser considerada boa. São tantas fotografias que vemos todo dia e muito poucas destacam-se da massa, muito poucas deixam rastros em nossa memória. Ao contrário, essa massa termina por engolir e soterrar fotos que são, afinal, boas em muitos sentidos, têm boas cores, são tecnicamente corretas, nítidas, bem expostas, mas são mais uma entre tantas parecidas.


Recentemente, em um debate em um fórum de fotografia, excelentes fotografias feitas na década de setentaforam usadas como exemplo na conversa que se levava, algumas magníficas fotografias de futebol foram consideradas pelos debatedores menos boas, até mesmo ruins. Por que? Porque o filme rápido usado na época exibia grãos – e hoje detesta-se ruído. Porque as fotos não estavam perfeitamente em foco ou os movimentos perfeitamente congelados – e hoje existe foco contínuo e ISOs altos “limpos”. O que elas tinham de extraordinário foi ignorado pelos debatedores, foi soterrado pela visão atual na qual certas características técnicas muito dependentes da tecnologia embarcada na câmera são colocadas na frente de outras tantas características autorais, da força da imagem, sobretudo, de sua narrativa.


A palavra autoral, alias, é entendida de forma muito peculiar. É atribuída àquelas fotografias nas quais o fotógrafo, quando profissional, faz tentando ser artista, esquecido que a arte na fotografia é sempre completamente dependente do refinamento de seu discurso por imagens, não de uma atividade especial “artística” apartada de sua produção normal. Hoje vemos as fotografias do Doisneau feitas para a Renault e achamos nelas a graça e a arte do Doisneau, o traço inconfundível de seu discurso visual. São fotografias publicitárias, mas nelas há a inconfundível força da fotografia que encontramos no O Beijo. São fotografias publicitárias e são autorais, são claramente emergentes de uma visão fotográfica particular. Não há dicotomia: são ao mesmo tempo publicitárias e autorais.


Contudo, parece que na produção normal atual essa abordagem pessoal, essa visão pessoal, essa autoria é desnecessária e até evitada. A autoria, a abordagem autoral é vista, parece, como uma função de um computador que se pode habilitar ou desabilitar. O fotógrafo funcionaria em dois “modos”: o modo profissional e o modo autoral, e nesse último ele “pega uma compacta ou câmera de filme e sai por aí dando vazão ao fotografar que realmente gosta”. Naturalmente não é assim, pois pessoas não são computadores, ou quando fazem-se de máquinas sacrificam algo de si, e a autoria reprimida pelo anseio de produzir algo perfeitamente dentro dos cânones da estética banal dos meios de comunicação de massa termina por contaminar toda a produção. Não existe o “modo autoral”. Ou se é autor sempre, ou nunca.


Dorothea Lange produziu sua fotografia trabalhando. E a produziu porque não se limitou a fazer o que lhe foi encomendado. Não deixou sua humanidade em casa nem vestiu a camisa de perfeito funcinário da câmera. Fez o que lhe foi encomendado de uma forma única.


Mas tão poucas fotos vemos onde há discurso visual definido, que o o correto, o corretíssimo seria dizer o dito no título deste artigo: “sua fotografia não é boa”. Isso significando que ela não é nada além do comum, além daquilo que olhamos e esquecemos, que preenche o lugar do discurso visual clichê onde nenhum ponto de vista do autor se percebe. Não significa ela não ser bem feita e também contar um sem número de perfeições técnicas. Significa apenas não ser nada além daquilo que se vê toda hora.


Alguns sinais distintivos podem ser citados para saber se as fotos destacam-se do resto.


O primeiro, refere-se à trajetória do autor. “As fotos de fulano, têm um quê particular, característico dele?” Isso não significa serem perfeitas. Aliás, é irrelevante serem perfeitas a menos que o gênero exija perfeição. Significa haver nas fotos de fulano um depoimento visual característico e forte suficientemente para nos lembrarmos dele. Significa que suas fotos são um depoimento a partir de sua forma de ver o mundo.


O segundo sinal refere-se ao aprofundamento em algum assunto. Isso não é um exato sinônimo do sinal anterior, embora seja coisa parecida ou ocorra junto muitas vezes, pois também há fotógrafos que têm fixação em um tema mas apenas produzem os clichês do assunto, mesmo quando muito bem feitos.


Porém, significa que, dentro do ethos da fotografia, o autor procura seus espaço autoral fazendo fotografia, fazendo a fotografia de seu gênero de predileção ou de trabalho, e não tentando fazer arte. Fazer arte não faz parte do ethos da fotografia, hoje estou convencido disso. Mas manifestar um discurso visual de autor sim. Não existe fotografia de boa qualidade sem essa manifestação de autoria. A arte? Essa pode ser identificada à posteriori, mas na fotografia nunca será a mesma arte das Artes Plasticas, e quando se tenta fazer atrtes plásticas pela fotografia não é mais fotografia. A fotografia torna-se tão somente meio, e a produção ignora a questão fotográfica mesma.


É preciso lembrar que o Ansel Adams apenas tentou produzir boas paisagens. Chamar sua produção de arte é ato posterior de terceiros e isso não orientou sua produção.


Assim, o fotógrafo equilibra-se , consciente ou inconscientemente, entre dois grandes perigos, entre duas anulações. De um lado, a anulação da autoria, do outro a anulação da fotografia. De um lado ele é puro funcionário do dispositivo (Flusser), um repetidor de imagens médias do universo de imagens contemporâneas. Do outro ele é artista plástico que usa a fotografia, pois perdeu sua conexão com o ethos da fotografia.


Talvez a coisa mais importante seja distinguir entre a boa fotografia e a fotografia meramente correta. Essa distinção pode ser impossível para o iniciante, mas é essencial mais além. Quem não distingue ficará retido em um nível onde será louvado exatamente pelo cumprimento de modelos, não por sua narrativa por imagens, por seu depoimento através da fotografia. Quem é prisioneiro de todas as opiniões nada cria, e quem não leva nenhuma em consideração torna-se alienado do mundo. Mas não há muito como fugir do fato de que, para se produzir fotografia autoral no bom sentido, qual seja, produzir fotografias que atendendo ao seu propósito expressem também uma visão de mundo definida, é preciso em grande dose saber quais as opiniões deve-se ouvir, e saber quando não se deve ouvir opinião alguma.


A criação fotográfica em algum momento nos remeterá àquela nossa solidão essencial, e termos de, diante de uma fotografia que não atende perfeitamente a ideia de boa fotografia afirmá-la como obra e dizer: esta é a minha fotografia! Aqui estou dizendo algo, algo de minha maneira de ver a existência. E sustentar essa afirmação contra o mundo que cobrará dela o cumprimento de modelos. Nesse momento, o criador estará sozinho contra um mundo hostil, tão mais hostil quanto maior for o afastamento entre a sua criação e os modelos normais.


O criador terá razão ou apenas estará tomado por um sonho alienado? Para isso não há resposta. É uma resposta que será dada pelo tempo, pela aceitação gradativa de suas fotos. E não necessariamente a aceitação provirá dos meios fotográficos com que convive.





Ou se aceita isso, ou apenas se fará a fotografia do funcionário do aparelho, aquela que será muito bem aceita e louvada, mas esquecida.
Read More...

Aos Mestres com carinho

Leave a Comment
Minhas primeiras referências

Os Fotógrafos






obs: slideshow com fotógrafos,ilustradores,3D designers, game programmers, cartonistas e animadores, e futuras referências de artistas de variadas fontes.



Henri Cartier Bresson

http://www.henricartierbresson.org/
Henri Cartier-Bresson
(22 de agosto de 1908, Chanteloup-en-Brie, Seine-et-Marne, França — 2 de agosto de 2004, Cereste, Vaucluse, França)



bresson


Foi um dos mais importantes fotógrafos do século XX, considerado por muitos como o pai do fotojornalismo.
bresson-last-daysCartier-Bresson era filho de pais de uma classe média (família de industriais têxteis), relativamente abastada. Quando criança, ganhou uma câmera fotográfica Box Brownie, com a qual produziu inúmeros instantâneos. Sua obsessão pelas imagens levou-o a testar uma câmera de filme 35mm.
cartier-bresson-sevilhaAlém disto, Bresson também pintava e foi para Paris estudar artes em um estúdio. Em 1931, aos 22 anos, Cartier-Bresson viajou à África, onde passou um ano como caçador.
Porém, uma doença tropical obrigou-o a retornar à França. Foi neste período, durante uma viagem a Marselha, que ele descobriu verdadeiramente a fotografia, inspirado por uma fotografia do húngaro Martin Munkacsi, publicada na revista Photographies (1931), mostrando três rapazes negros a correr em direção ao mar, no Congo.

Cartier-Bresson_first_Leica
A primeira câmera Leica de Henri Cartier-Bresson
Quando eclodiu a Segunda Guerra Mundial, Bresson serviu o exército francês. Durante a invasão alemã, Bresson foi capturado e levado para um campo de prisioneiros de guerra.
Tentou por duas vezes escapar e somente na terceira obteve sucesso. Juntou-se à Resistência Francesa em sua guerrilha pela liberdade.

Henri Cartier-Bresson - Ile de la Cite 1952Quando a paz se restabeleceu, Cartier-Bresson, em 1947, fundou a agência fotográfica Magnum junto com Bill Vandivert, Robert Capa, George Rodger e David Seymour "Chim". henri_cartier_bresson_cultura
Começou também o período de desenvolvimento sofisticado de seu trabalho. Revistas como a Life, Vogue e Harper's Bazaar contrataram-no para viajar o mundo e registrar imagens únicas.cartier-bresson_italy
henri-cartier-bresson11Da Europa aos Estados Unidos da América, da Índia à China, Bresson dava o seu ponto de vista especialíssimo.
Tornou-se também o primeiro fotógrafo da Europa Ocidental a registrar a vida na União Soviética de maneira livre. Fotografou os últimos dias de Gandhi e os eunucos imperiais chineses, logo após a Revolução Cultural.

cartier-bresson-1954Na década de 1950, vários livros com seus trabalhos foram lançados, sendo o mais importante deles "Images à la Sauvette", publicado em inglês sob o título "The Decisive Moment" (1952).
bresson2Em 1960, uma megaexposição com quatrocentos trabalhos rodou os Estados Unidos em uma homenagem ao nome forte da fotografia. bresson_obras




Henry Cartier-Bresson - Fotógrafo

(© Henri Cartier-Bresson/ Magnum Photos)
Hyères, France, 1932

Choffeurs de Taxi, Berlin, 1932
Sniragar, Cachemire, 1948
"Dans un camp de déportés, une indicatrice de la Gestapo est reconnue par une Femme qu'elle avait dénoncée, Dessau, Allemagne, 1945"
"Henri Matisse, Vence, France, 1944"
"Castille, Espagne, 1955"
"Jean Paul Sartre, 1946"
São alguns títulos das obras que eu aprecio do Bresson.




Sebastião Salgado
http://www.amazonasimages.com/

Quis provocar um debate sobre o estado do planeta. Esta globalização de que tanto se fala não são apenas cifras. Também são pessoas que estão sendo globalizadas. Deixaram-me fotografá-las, tenho a responsabilidade de mostrar estas imagens da maneira mais ampla possível. É uma exposição global.

Gênesis é um trabalho fotográfico à longo prazo, que segue a linha dos precedentes projetos desenvolvidos por Sebastião Salgado.
seba-salgado
Como exemplos, a série de reportagens sobre o trabalho manual, apresentado sobre o título Trabalhadores no Brasil e Trabalho em Portugal e ainda sobre os movimentos de população no mundo apresentado sobre o título Êxodos. Este novo projeto é sobre o tema do nosso planeta, a natureza e a imensa beleza que ainda existe, ao lado das inúmeras destruições causadas pelas atividades humanas.
sebastiao-salgado-05 sebastiao-salgado-04 sebastiao-salgado-03
Trata-se de tentar fazer um retrato, da beleza e a grandeza dos lugares ainda prístinos, as paisagens, a vida animal e as comunidades humanas que ainda continuam a viver segundo as antigas culturas e tradições. Trata-se de ver, de se maravilhar e de compreender a necessidade de preservar, enfim, inspirar ações no caminho da preservação. Esta série de reportagens começou em 2004 e será concluída em 2012.


Como os outros trabalhos de Sebastião Salgado, as reportagens de Gênesis são publicadas regularmente por Paris Match na França, Rolling Stone nos Estados-Unidos, La Vanguardia na Espanha, Visão em Portugal, The Guardian na Inglaterra, La Repubblica na Itália, entre outros.

sebastiao-salgado-01 sebasti_salgados_kuwait arealmanmed-seba-salgado

Sebastião Ribeiro Salgado (Aimorés, 8 de fevereiro de 1944) é um fotógrafo brasileiro reconhecido mundialmente por seu estilo único de fotografar. Nascido em Minas Gerais, é um dos mais respeitados fotojornalistas da atualidade. Nomeado como representante especial do UNICEF em 3 de abril de 2001, dedicou-se a fazer crônicas sobre a vida das pessoas excluídas, trabalho que resultou na publicação de dez livros e realização de várias exposições, tendo recebido vários prêmios e homenagens na Europa e no continente americano.

Espero que a pessoa que entre nas minhas exposições não seja a mesma ao sair" diz Sebastião Salgado

.

Acredito que uma pessoa comum pode ajudar muito, não apenas doando bens materiais, mas participando, sendo parte das trocas de idéias, estando realmente preocupada sobre o que está acontecendo no mundo

 

Formado em economia pela Universidade de São Paulo, trabalhou na Organização Internacional do Café em 1973, e trocou a economia pela fotografia após viajar para a África levando emprestada a câmera fotográfica de sua mulher, Lélia Wanick Salgado. sebastiao-salgado-00
Seu primeiro livro, Outras Américas, sobre os pobres na América Latina, foi publicado em 1986.
sebastiao-salgado-rabo-baleia
Na seqüencia, publicou Sahel: O Homem em Pânico (também publicado em 1986), resultado de uma longa colaboração de quinze meses com a ONG Médicos sem Fronteiras cobrindo a seca no Norte da África.

Entre 1986 e 1992, ele concentrou-se na documentação do trabalho manual em todo o mundo, publicada e exibida sob o nome Trabalhadores rurais, um feito monumental que confirmou sua reputação como foto documentarista de primeira linha.
sebastiao-salgado spiegel artwork_images_sebastiao-salgado
De 1993 a 1999, ele voltou sua atenção para o fenômeno global de desalojamento em massa de pessoas, que resultou em Êxodos e Retratos de Crianças do Êxodo, publicados em 2000 e aclamados internacionalmente.
Na introdução de Êxodos, escreveu:

Mais do que nunca, sinto que a raça humana é somente uma. Há diferenças de cores, línguas, culturas e oportunidades, mas os sentimentos e reações das pessoas são semelhantes. Pessoas fogem das guerras para escapar da morte, migram para melhorar sua sorte, constroem novas vidas em terras estrangeiras, adaptam-se a situações extremas…

Trabalhando inteiramente com fotos em preto e branco, o respeito de Sebastião Salgado pelo seu objeto de trabalho e sua determinação em mostrar o significado mais amplo do que está acontecendo com essas pessoas criou um conjunto de imagens que testemunham a dignidade fundamental de toda a humanidade ao mesmo tempo que protestam contra a violação dessa dignidade por meio da guerra, pobreza e outras injustiças.
africaabertawa9-seba-salgado  salgado_cattlecamp arts_seba-salgado sebastiao-salgado-06 sebastiao-salgado-02
Ao longo dos anos, Sebastião Salgado tem contribuído generosamente com organizações humanitárias incluindo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, (ACNUR), a Organização Mundial da Saúde (OMS), a ONG Médicos sem Fronteiras e a Anistia Internacional.Com sua mulher, Lélia Wanick Salgado, apóia atualmente um projeto de reflorestamento e revitalização comunitária em Minas Gerais.
Em setembro de 2000, com o apoio das Nações Unidas e do UNICEF, Sebastião Salgado montou uma exposição no Escritório das Nações Unidas em Nova Iorque, com 90 retratos de crianças desalojadas extraídos de sua obra Retratos de Crianças do Êxodo. Essas impressionantes fotografias prestam solene testemunho a 30 milhões de pessoas em todo o mundo, a maioria delas crianças e mulheres sem residência fixa.
Em outras colaborações com o UNICEF, Sebastião Salgado doou os direitos de reprodução de várias fotografias suas para o Movimento Global pela Criança e para ilustrar um livro da moçambicana Graça Machel, atualizando um relatório dela de 1996, como Representante Especial das Nações Unidas sobre o Impacto dos Conflitos Armados sobre as Crianças. Atualmente, em um projeto conjunto do UNICEF e da OMS, ele está documentando uma campanha mundial para a erradicação da poliomielite.

Sebastião Salgado foi internacionalmente reconhecido e recebeu praticamente todos os principais prêmios de fotografia do mundo como reconhecimento por seu trabalho. Fundou em 1994 a sua própria agência de notícias, "a Imagens da Amazônia" , que representa o fotógrafo e seu trabalho.
Salgado e sua esposa Lélia Wanick Salgado vivem atualmente em Paris, autora do projeto gráfico da maioria de seus livros. O casal tem dois filhos.

Prêmios

Prêmio Príncipe de Asturias das Artes, 1998.
Prêmio Eugene Smith de Fotografia Humanitária.
Prêmio World Press Photo
The Maine Photographic Workshop ao melhor livro foto-documental.
Eleito membro honorário da Academia Americana de Artes e Ciência' nos Estados Unidos.
Prêmio pela publicação do livro Trabalhadores.
Medalha de prata Art Directors Club nos Estados Unidos.
Prêmio Overseas Press Oub oí America.
Alfred Eisenstaedt Award pela Magazine Photography.
Prêmio Unesco categoria cultural no Brasil.

Bibliografia

Trabalhadores (1996) ISBN 8571645884
Terra (1997) ISBN 8420428744
Serra Pelada (1999) ISBN 2097542700
Outras Américas (1999) ISBN 8571649030
Retratos de Crianças do Êxodo (2000) ISBN 8571649359
Exodos (2000) ISBN 8571649340
O Fim do Pólio (2003) ISBN 8535903690
Um Incerto Estado de Graça (2004) ISBN 9722109839
O Berço da Desigualdade (2005) ISBN 8576520389
África (2007) ISBN 3822856223

Resumo

No ano 2000, quatro cidades no mundo abrigaram ao mesmo tempo a exposição "Êxodos", do fotógrafo Sebastião Salgado.
Salgado passou sete anos retratando migrantes, excluídos, marginais e miseráveis - gente sofrida do mundo inteiro.
Filho de pecuaristas, Sebastião Salgado é o único filho homem entre sete irmãs.
Mudou-se para São Paulo para estudar economia na Universidade de São Paulo, tornando-se mestre em economia em 1968. Em Paris, passou a estudar na Escola Nacional de Estatísticas Econômicas, onde obteve o doutorado em 1971.
Passou a trabalhar na África, para a Organização Internacional do Café, atividade a que se dedicou até 1973. De volta a Paris, começou a trabalhar como repórter-fotográfico free-lancer. Passou depois a trabalhar para agências de prestígio, como a Magnum Photos, em 1979.
De 1979 a 1994 dedicou-se a vários projetos, entre os quais a cobertura da guerra de Angola, o seqüestro de israelenses em Entebe e o atentado ao presidente Ronald Reagan, dos EUA.
Viajando pela América do Sul, captou imagens que resultaram na exposição e no livro "Outras Américas", em 1986.
Em 1993 dedicou-se a um projeto sobre a extinção do trabalho manual, em 26 países, do que resultou o álbum "Trabalhadores".
Sebastião Salgado fundou sua própria agência, a Amazonas Images, em 1994, e realizou diversas viagens para documentar populações marginalizadas de 41 países.
As imagens desse projeto foram reunidas na exposição "Êxodos", em 2000.

Fotógrafo andarilho de um planeta não revelado


Sebastião Salgado finaliza o ambicioso projeto Gênesis e fala da arte que tem como ofício


Sebastião Salgado tem o mundo impresso na memória. E pode comprovar isso. Aos 65 anos de idade, 36 deles dedicados à fotografia, cruzou o planeta em todas as direções, inclusive emburacando-se pelos lugares mais recônditos, para compor este que já é certamente um dos maiores acervos autorais de imagens de que se tem notícia. Mas Sebastião Salgado, pasmem, garante na entrevista a seguir que está ficando velho. E que um dia pode parar de fotografar. A previsão surpreende na voz que ainda se exalta, e se transporta, ao explicar as andanças pelo mundo em busca de rostos, gestos, corpos, lugares. "Para fazer fotografia documental é preciso ter sempre a ‘vontade de ir’. E eu tenho."


Em 2004, este mineiro de Aimorés, famoso no mundo inteiro pelo que vê e dispara de sua Leica (depois pôs-se a fazer o mesmo da Pentax e agora da Canon) anunciou que passaria oito anos fotografando lugares prístinos, ou seja, paraísos terrestres habitados por agrupamentos humanos cujos laços com a natureza são ainda primordiais. E que o projeto receberia o batismo bíblico de Gênesis. Pois a empreitada vai chegando ao fim. Prestes a embarcar em um navio para a Geórgia do Sul, contornando as Malvinas, Sebastião Salgado - Tião para os próximos - está quase no fim da série de 32 reportagens fotográficas por cinco continentes, numa geografia estranha aos roteiros turísticos convencionais. Longe disso: o economista que se bandeou para a fotografia aos 29 anos, hoje admite escalar a antropologia visual.


Não o faz sozinho. Tem a seu lado a arquiteta Lélia Wanick Salgado, a Lelinha, para Tião, mulher, mãe de seus dois filhos e "minha sócia na vida". Isso diz tudo. Foi com a Leica de Lélia que começou a fotografar nos anos 70 (ambos estudavam e moravam em Paris). Foi com o apoio de Lélia que trocou de profissão (era economista da Organização Internacional do Café e decidiu procurar emprego em agências fotográficas como Gamma, Sigma e Magnum) e foi com Lélia que montou, nos anos 90, a Amazonas Images, especializada em Sebastião Salgado. É Lélia quem edita os livros de fotografia dessa grife consagrada - entre eles, Trabalhadores, Terra, Êxodos e tantos outros - assim como é Lélia quem arquiteta e controla a montagem de exposições do marido pelo mundo (dentro de alguns dias vai inaugurar uma em Tóquio). Por muito menos, Lelinha já seria "a mulher de verdade", como diz o samba famoso, só que tem mais: ela preside o Instituto Terra, um vasto e bem-sucedido projeto ambiental, concebido com o marido na região do Vale do Rio Doce.



Foto: Sebastião Salgado/Amazonas Images

Da experiência direta com o ambientalismo veio a vontade de fotografar o planeta em lugares onde poucos pisaram, como explicará Sebastião. Gênesis estará concluído no ano que vem e, a partir daí, começam exposições de imagens do projeto que, a depender da vontade do casal Salgado, serão eventos ao ar livre, em grandes parques, por várias capitais do mundo. As fotografias também serão tema de um filme de Wim Wenders, com trilha do jovem compositor americano Jonathan Elias. Nestas páginas, quatro imagens dão apenas uma amostra do que vem por aí. Como o grupo de índios Zo’e, do Pará, povo que hoje não chega a 280 pessoas - vistos na mata, com seus cocares brancos, em fotografia jamais divulgada. Cenas de uma beleza desconcertante para ‘ocidentais’ tão domesticados.







Laura Greenhalgh, de O Estado de S. Paulo - SÃO PAULO
Fonte://www.estadao.com.br/arteelazer/not_art433790,0.htm

Entrevista com Sebastião Salgado



Você tem dito que o Gênesis é seu último grande projeto fotográfico. Por que estabelecer o limite?

Digo que é o último projeto desse porte. Falo de projeto que leva anos para se concretizar, com viagens às vezes muito duras, desafios como o de andar 850 quilômetros até chegar a um determinado ponto. É preciso estar muito motivado e ter enorme disposição para encarar tudo isso. Não que eu vá parar de fotografar, mas encarar projetos nessa escala já pesa na minha idade. Tento me manter em forma, faço ginástica todos os dias, cruzo Paris de bicicleta, só que chega aquela hora em que o joelho começa a não querer obedecer. Como também vai chegar a hora em que vou preferir editar o meu material, talvez esse seja o trabalho mais importante que eu tenha pela frente. Sempre trabalhei muito, produzi um volume incrível de imagens. Tenho mais de 500 mil cópias de leitura, fora a imensidão de negativos que ainda não mexi. E uma imensidão de fotos paralelas.


Como assim?

Por exemplo, Lélia e eu começamos a editar nossas fotografias de família, material feito ao longo das nossas vidas, com nossos meninos crescendo. Então, penso um dia trabalhar no meu acervo, considerando que a idade vem chegando, que eu posso vir a me repetir e que os novos fotógrafos estão aí, vamos deixar lugar para eles. Tenho pensado nisso tudo. Inclusive na pertinência dos meus trabalhos. Falo de pertinência histórica, ideológica, pessoal. Hoje só faço aquilo com o qual tenho profunda identificação.


De que suporte financeiro você dispõe ao fazer um projeto das dimensões do Gênesis?

Temos o suporte de várias publicações: Rolling Stone, Paris Match, Guardian, La Republica, entre outras. Temos o apoio financeiro de duas fundações americanas, como também da Vale, nossa parceira de longa data. Agora mesmo vou passar dois meses na Geórgia do Sul e vem sendo montado um barco para essa reportagem, partindo das Malvinas. São viagens caras desde a fase da preparação. Quando comecei a propor projetos de três, cinco anos, os parceiros não entendiam bem. Hoje creio que ganhamos credibilidade. Quando falo para esses veículos que passarei oito anos fotografando e que, de tempos em tempos, eles terão minhas reportagens, ninguém duvida de que isso aconteça.


Depois de ter fotografado intensamente nestes últimos 36 anos, de propaganda de carro à vida dos garimpeiros, como é que você definiu o escopo do Gênesis? Por que buscar os lugares intocados do planeta?

A ideia do Gênesis nasce da experiência no Instituto Terra, uma reserva ambiental que começou a surgir no momento em recomprei as terras que foram da minha família, na região do Vale do Rio Doce. Ali passamos a lidar com o tema da biodiversidade, já optando pelo reflorestamento de uma área que estava bem degradada. As primeiras 500 mil mudas foram doadas pela Vale, com quem também nos associamos para fazer um programa de educação ambiental de longo alcance, o Terrinha. Lá na região, replantamos 1,5 milhão de árvores. Então, foi lidando com esse tipo de coisa que bateu a vontade de fotografar o planeta. Desenvolvemos um conceito, elaboramos o projeto fotográfico e fomos embora. Lélia e eu fizemos um sem-número de leituras, procuramos organizações ambientalistas pelo mundo. Por exemplo, grande parte da pesquisa foi feita nos arquivos da Conservation International, em Washington. Trabalhamos ainda com o Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas, em Nairóbi, e com a Unesco. Quando iniciei o projeto por Galápagos, em 2004, estava tudo planejado para os anos seguintes.


E por que Galápagos? Tem a ver com Darwin?

Exatamente. Eu tinha vontade de entendê-lo. Já havia lido a teoria da evolução das espécies, sobre a viagem do Beagle, mas lá em Galápagos, hoje um patrimônio da humanidade, fica muito mais fácil compreender Darwin. Porque é possível conferir, visualmente, como uma determinada espécie se desenvolve de maneira diferente de uma ilha para outra. Em Galápagos você tem um microcosmos que retrata o universo. Acabei ficando por lá mais tempo do que o próprio Darwin. Ele passou 47 dias lá, eu passei 90. Tive autorização da Fundação Charles Darwin e do Parque Nacional de Galápagos para visitar todas as ilhas do arquipélago.


O que você privilegia no Gênesis: o homem, o bicho ou a natureza?

Ainda é o homem. Se você imaginar que 30 a 40% do projeto são fotos de pessoas e que a natureza tem muito, muito mais espécies, então o humano prevalece. Fotografei agrupamentos que vivem, em relação ao planeta, naquele mesmo equilíbrio dos tempos primordiais. Este foi o meu critério, por isso desisti de fotografar comunidades esquimós no Alasca ao ver que vários grupos já caçam com rifle e há chefe esquimó que tem até avião particular.


Afinal, encontrou esse humano 100% "in natura"?

Há vários grupos assim. Os mentawai, que vivem na ilha de Sumatra, na Indonésia, ainda mantêm uma relação tão forte com a natureza a ponto de fazê-la "deus". É preciso pedir permissões à natureza o tempo todo. Quando fotografo essas pessoas, às vezes preciso isolá-las do contexto para fazer um bom retrato. Posso improvisar um estúdio na mata com folhas, ou tecidos, fundos relativamente neutros. Pois para fazer um estúdio precisei tirar algumas palhas das casas mentawai. Tivemos que pedir autorização "divina" e a resposta só veio depois que a comunidade leu o futuro nas tripas dos animais, como é a tradição. Daí uma cobra entrou na nossa casa e meu assistente teve que matá-la. Pronto, os mentawai não gostaram, porque seria um aviso de que as coisas não estavam indo bem. Eles atravessam hoje um estágio evolutivo interessantíssimo: estão agora domesticando plantas e animais. Trabalhei também com os chamados bushmen, de Botswana e da Namíbia, que vivem como há 50 mil anos. São coletores-caçadores.


Sempre viaja com intérpretes?

Sim. No caso dos Zo’e, no Pará, fui com uma estudiosa da língua deles.


Existe um estranhamento quando você trava o primeiro contato com um humano que vive num estágio evolutivo tão remoto e diverso do seu?

Não. Primeiro porque, mesmo que demore um certo tempo, acabo sendo aceito ali. Como com o grupo, durmo onde o grupo dorme, me desloco com ele, enfim, passo a fazer parte desse núcleo. As reações, a maior parte delas, são previsíveis, porque são humanas, ainda que não se entenda uma conversa feita na base de estalos de língua. Eu nunca vi relações tão amorosas com os filhos quanto em grupos coletores-caçadores. Nos Zo’e, por exemplo, não existe o conceito do "não" para pôr limites nas crianças. Um dia eu estava fotografando e o indiozinho não parava quieto, não me deixava em paz, pulava pra cá, pra lá, derrubava coisas... daí eu pedi à intérprete que falasse com a mãe dele. A intérprete hesitou, mas falou. E a mãe ficou desesperada, porque não sabia me atender naquilo que eu pedia. Entre estes índios, padrões de comportamento mais maduros e responsáveis se desenvolvem naturalmente, à medida que pessoas crescem e envelhecem.


Você mostra as fotos que faz dessas pessoas para elas próprias?

Para os Zo’e cheguei a mostrar no visor da máquina digital. Para outros grupos, não, e nem terei como mandar as fotos, pois são nômades. Os índios adoraram, pois, como em todos os grupos visitados, sem exceção, demonstram grande preocupação com a estética. As mulheres, todas, andam com um espelho. E a todo momento arrumam o cocar de penas de urubu branco.


Mas são índias com espelho?

A Funai deu para eles quatro instrumentos de branco: o espelho, do qual as mulheres não desgrudam, lanterna, facão e faquinha. O caso da lanterna é interessante: porque ela já vem com pilhas e a Funai só dá outras mediante a entrega das velhas. A lanterna foi de grande ajuda, pois havia muita picada de cobra em caçada noturna.


Você se refere ao seu trabalho como reportagem e fala das fotos como documentos. Qual é o limite entre a foto documental e a foto artística?

O que é artístico? Eis o problema. Recentemente vi uma exposição de arte africana em Barcelona, num belo museu. A maioria das obras era de uso cotidiano, cestas, jarros, ferramentas agrícolas, peças que são vendidas por milhares de euros. Vá conferir no Museu d’Orsay, em Paris, os salões dedicados à arte da África e da Oceania: 90% do que é exposto são utensílios de uso diário ou religioso. Hoje aumenta o número dos meus colecionadores, minhas fotos vêm ganhando preço no mercado de arte, mas não perco de vista o que faço. Como aquela foto da invasão do MST na Fazenda Giacometti, no Paraná, numa situação-limite, às 5 da madrugada, e eu ali, com um filme de 3200 ASA, quase sem luz para operar. Fiz um documento. Um dia o MST não terá mais força, ou desaparecerá, eu mesmo vou desaparecer, mas a fotografia permanecerá. Será referência da nossa sociedade, ganhando dimensão artística. Dizer que faço foto de arte, ah, isso não rola comigo. Porque sou repórter, tenho carteira de jornalista, nossa agência, a Amazonas Images, é de imprensa.


Como você mesmo diz, cresce o número dos seus colecionadores. Sebastião Salgado virou um clássico?

Estou me tornando. No Gênesis, pela primeira vez na vida admiti fazer fotografias com número limitado de reproduções. Porque sempre fotografei pessoas em suas situações de vida, jamais tive qualquer problema com direitos de uso de imagem e sempre distribuí minhas fotos em séries ilimitadas, o que reduz muito o preço delas. Agora quero lidar com número limitado de cópias, reproduções feitas em papel platinum, caras, porém maravilhosas. Creio que esse trabalho merece. Já fizemos algumas cópias e, no futuro, pretendemos lançar as séries limitadas. Aí, sim, será a estreia no mercado de arte.


Especialmente nas fotos de paisagem do Gênesis você parece mais formal, preocupado em mostrar texturas, realçar formas, captar nuances tonais.

Fui acusado de estetizar a miséria. E sabe por quê? Porque minhas fotografias sempre foram bem compostas. Sabe de onde vêm as texturas? Do filme de imprensa que sempre usei, o TRI-X, que dá grão. Quase só fotografo na contraluz e demorei a perceber isso. Um dia a Lélia montou uma exposição minha em Havana e um professor de uma escola de artes em Cuba veio visitá-la com os alunos. Eu o ouvi dizer a eles ‘este fotógrafo aqui só trabalha contra a luz’. Daí me toquei! Fazia aquilo instintivamente, sem me dar conta de que é na contraluz que se destacam os relevos, pois a zona de luz e sombra permite criar a noção de volume. Quando você me fala das paisagens que tenho feito, não significa que esteja procurando um estetismo na natureza. É que a natureza é profundamente estética.


Dê exemplos.

Fotografei os dois vulcões mais altos da placa euro-asiática, na península da Kamchatka, na Rússia, com mais de 4 mil metros de altura. Acordo de manhã, com aquelas nuvens fantásticas no céu, aquilo me deu a impressão de estar no fundo do mar enxergando o topo de uma montanha. Vi chuva de luz em Kamchatka, tal a beleza dos raios solares atravessando aquelas nuvens. Ora, não preciso ser esteta diante desse espetáculo. Procuro registrar os prístinos, locais no mundo onde poucos pisaram, então é natural que essas imagens nos provoquem sensações fortes. Como a foto que fiz de um iceberg na Antártica, que mais parecia um castelo medieval na Escócia, no entanto, trata-se de uma escultura mutante da natureza.


Mas você concorda que algumas dessas imagens beiram o abstrato?

Pode ser. A rigor, sou um esteta desde o início, porque não se esqueça de que a fotografia é uma linguagem formal: você tem um plano, tem um fundo, tem um sistema de linhas, é preciso organizar esse negócio. O bom fotógrafo é aquele que domina as suas variáveis.


Como é que você ‘ataca’ a cena? Porque as variáveis também são externas: por exemplo, nuvens dançam no céu. As patas dos animais movem-se pelas matas.

São tempos internos distintos. Dou como exemplo a foto que fiz da mão da iguana. Eu vi aquela pata, que é uma mão na verdade, com cinco dedos e tudo. E quis fotografá-la, mas teria de ser com uma lente macro, bem de perto, para captar o detalhe. A iguana como que autorizou a foto, porque, normalmente, é bicho que não aceita aproximação a menos de 2 metros. Tive que ir me chegando, de joelhos, com delicadeza: ela me observava, eu a observava; eu avançava um pouco mais, ela sabia que alguma coisa estranha iria acontecer, mas aceitava; daí finalmente fiquei bem perto daquela mão e fiz a foto. Aí fui recuando, rastejando para trás, bem devagar. E ela me observava. Quando uma foto como esta é finalmente feita, o cansaço que bate é total. Porque, ali, o fotógrafo sabe que tem a possibilidade de fazer uma fotografia incrível, mas, numa fração de segundos, poderá perdê-la. Ou não. São extenuantes essas situações.

É o "momento decisivo" de Cartier-Bresson?

Sim e não. Esse conceito é parcialmente válido para mim, porque trabalho noutra realidade. O conceito de "momento decisivo" em Cartier-Bresson é de corte representativo: só existe aquele momento, o antes não é bom, e o depois, também não. Para mim isso não é verdade. Penso num fenômeno fotográfico feito de aproximações e ajustes, um fenômeno em evolução, com envolvimento das pessoas, dos lugares, com muitas conexões, enfim.


Quando você olha suas fotos de publicidade reconhece nelas o mesmo Sebastião Salgado do Gênesis?

Claro. Nunca fiz foto de publicidade que eu não me sentisse realmente motivado a fazê-la. Isso vale também para meus tempos nas agências Gamma, Sigma, Magnum. Quando inauguraram o aeroporto de Malpensa, em Milão, fui contratado para fazer fotos de promoção do lugar, mal aceito pela população do norte da Itália. Seriam fotos para estampar pôsteres distribuídos pelo país. Adorei a encomenda, não só porque me pagaram uma fortuna, mas porque eu tive a oportunidade de conhecer o que cerca e envolve um aeroporto. E saí fotografando. Descobri uma "cidade" que emprega 15 mil pessoas. Tem de tudo lá: do pessoal da limpeza bruta ao pessoal dos ajustes mais finos. Vi as famílias desembarcando, o encontro dos parentes, fabulosas histórias de vida. Descobri um grupo de aposentados, fanáticos por avião, que passa os dias controlando o tráfego aéreo das cercas de arame que circundam Malpensa. Propus aos meus clientes que fizessem um livro com aquele material. E toparam. Foi uma experiência genial.


Como você se sente quando dizem que só faz fotografia engajada?

Isso é um comentário limitador. Não sou um fotógrafo militante, embora me engaje profundamente naquilo que eu faço, quase como forma de vida. O que é muito diferente. Tenho minha ideologia, que pode ou não ser aceita, e fotografo tudo, da natureza ao carro da montadora, com a mesma doação pessoal.


Como é fotografar gente célebre?

Fiz e ainda faço isso. São momentos especiais. Porque peço sempre um tempo maior para fazer portraits, não aceito correrias. Como no caso do retrato do Bill Clinton para a Vogue americana. Pedi uma semana com ele, se não fosse assim, nada feito. Muitas vezes fiquei amigo dos fotografados. Como no caso do Italo Calvino. O New York Times pediu um retrato dele, viajei até Roma, me instalei num hotel e fui para a casa do escritor. Apertei a campainha, Italo veio até a porta e perguntou se eu era o fotógrafo do Times. Daí indagou quanto tempo eu precisaria para o serviço, já dizendo que uma hora estaria de bom tamanho. Eu expliquei: "Não, preciso de três dias." Ele reagiu de pronto, disse que jamais daria três dias da vida dele para mim ou para o Times. E eu rebati, então não dá para fazer. Estávamos nessa discussão quando chegou a mulher dele, uma argentina decidida, e botou ordem no pedaço. Não só ordenou ao Italo que ficasse à minha disposição o tempo que fosse preciso, como ordenou que eu me mudasse para a casa deles. Fotografei-o em casa, pelas ruas de Roma, fui para a casa deles em Paris, assim nasceu uma amizade que durou a vida inteira do Italo. Retrato precisa de tempo. E quem me pede para fazer um já sabe disso.


E a sua fidelidade ao preto e branco? Justamente por andar pelo mundo fotografando paraísos, muita gente lhe cobra a foto em cor.

Preto e branco é o que sei fazer. E não sou o único. Tem uma porção de fotógrafos que continuam fiéis a isso. Vou citar apenas um: o Cristiano Mascaro, que é um megafotógrafo, só produz em preto e branco. Não sei fazer o que ele faz, mas tanto ele quanto eu nos identificamos com essa abstração. No P&B aprendi a lidar com densidade, a controlar a revelação, a fazer minhas reproduções e mesmo hoje, já inteiramente adaptado à tecnologia digital, sigo no mesmo caminho. Tanto que programo a máquina digital de tal forma que, através dela, só vejo em preto e branco. O descarte da cor se dá logo no início. Passei a minha vida aperfeiçoando, não vou abandonar isso agora.

No entanto, você fez a passagem da máquina analógica para a digital com tranquilidade.

Só mudei o suporte, porque o processo continua rigorosamente o mesmo. Trabalhei quase toda a minha vida com Leica, depois, como precisava de negativos maiores, passei para Pentax. E agora fotografo com Canon. Mas, digitais ou analógicas, as máquinas são as mesmas, como as lentes também.

Por que diz que o processo não mudou?

Explico: fotografo em digital, daí tenho dois assistentes que descarregam os cartões lá em Paris e preparam para mim os contatos. Só então começo a seleção de imagens, porque não sei vê-las em computador, necessito ter os contatos e os meus, sinceramente, são lindos. Bom, edito os contatos, tenho um assistente só para fazer as cópias de leitura, e daí entram outros dois assistentes, responsáveis pelas cópias finais. Sobre essas cópias fazemos negativos, pois se por acaso perder imagens no armazenamento digital, tenho lá meus negativos muito bem guardados.


A tecnologia da imagem poderá um dia subjugar o olhar do fotógrafo?

Não creio, principalmente num trabalho como o meu, que é jornalístico e depende da iniciativa pessoal. Só faz fotografia documental quem tem aquela "vontade de ir". Isso é fundamental. O resto são as tais variáveis que devemos aprender a dominar. Muitas vezes acordo de pesadelos em minha casa, em Paris, sem saber onde estou. Isso me dá aflição. Mas quando me encontro num canto remoto do mundo, a sensação que tenho é a de saber exatamente onde estou.


E a manipulação de imagem, hoje tão mais fácil, tão mais imperceptível e tão mais incontrolável no mundo digital? Isso é um pesadelo para você?

Mais ou menos grosseiras, manipulações de imagem sempre existiram, por que vou me preocupar com isso? A verdade do fotógrafo é aquela fração de segundo. Se fizerem manipulação sobre isso, então não estaremos mais falando de fotografia. Daí nem me compete opinar.

fonte: Focus Escola de Fotografia Cursos de Fotografia Digital Curso de Photoshop. Coordenação: Prof. Enio Leite


TIM McKenna




http://www.timmckennaphotography.com




Figura de destaque na fotografia de esportes de ação, Tim McKenna, tornou-se reconhecido como um dos melhores fotógrafos ao ar livre do mundo, inspirando sua geração revelando a beleza dos elementos através da captura de imagens mais espetaculares e performances desportivas em ambientes extraordinários.








Sua obra tem aparecido em inúmeras publicações e campanhas de publicidade, produto de vinte anos de viagem em todo o mundo, muitas vezes pioneiros de novos destinos.



Nascido em Sydney, em 1968, próximo às famosas praias de surf da Austrália, Tim cresceu na costa atlântica de SW França antes de regressar à Austrália em 1986, onde obteve um bacharelado em Queensland University.



Com grau universitário concluído, ele decidiu se concentrar na fotografia em seu tempo livre, desenvolveu sua técnica e apresentou as suas primeiras fotos. Surfing Life na Austrália e Surf Session em França foram os primeiros a acreditar no seu potencial.



Em 1990, a empresa desportiva europeia Oxbow levou-o e desencadeou o seu interesse em outro extremo de esportes “for fun”. Durante um período de dez anos, ele produziu mais de 60% dos catálogos brilhantes famosos.






Com o aumento da popularidade do surf e esportes relacionados com o seu 'carro chefe' (esportes de prancha), Tim logo se tornou um fotógrafo desportivo de esporte extremo superior e , em seguida, encontrou-se como o pioneiro de fotos em helicopteros, de destinos de esqui e snowboard, na França, no Alasca, no Cáucaso, Kamchatka , Uzbequistão, ou deserto árido para o motocross. Nos anos seguintes ele foi capaz de fotografar atletas de topo mundial em mais belos cenários naturais.

Tim utiliza apenas equipamentos Standards de arte em filme e formatos digitais. Suas imagens são processadas e digitalizadas pelos melhores laboratórios profissionais para os mais altos padrões de qualidade. Qualquer imagem de alta resolução em sua biblioteca pode ser enviado por FTP para qualquer lugar do mundo dentro de algumas horas ou por fedex em formato de CD ou DVD.



PHOTO EQUIPMENT

NIKON

- F6 & F5 & F100 bodies

- D3x, D3, D700 and D300 camera bodies

- Lenses : 10.5/2.8 mm ,14-24/2.8 mm , 16/2.8 mm, 17-35/2.8 mm, 18/2.8 mm, 20/2.8 mm, 24/2.8mm, 24-70/2.8 mm, 35-70/2.8 mm, 105/2.8 mm, 70-200/2.8mm, 200/2 mm, 500/4 mm

- Flash : SB 800 and SB 900

MAMIYA - 7 body

Lenses : 43mm, 80mm, 150 mm

FUJI GX 617 Panoramic camera

Lenses : 90mm, 300mm

WATER HOUSING

2 Liquid Eye fisheye water housings

1 Liquid Eye flash water housing

1 Aqualenz water housing

1 Liquid Eye Boardcam housing


FILM EQUIPMENT

MILLIKEN DBM 4

16mm high-speed camera.

Taro Pascual water housing

BOLEX Super 16mm


SCANNING & OFFICE EQUIPMENT


FLEXLIGHT professional drum scan.

NIKON COOLSCAN professional slide scanner.

LACIE calibrated screens.

EPSON flat bed scan

EPSON printers


Data secured by DROBO

Powered by APPLE MACINTOSH

Film processing and scanning by DUPON - France , A&I - U.S.A, POLYCOLOR-Tahit i, TRANNYS-Australia, HQ-New Zealand

Paolo Eleuteri Serpieri


(Veneza, Itália 29 de Fevereiro de 1944) é um escritor de histórias em quadrinhos eilustrador italiano, conhecido pelo alto nível de detalhes em seus trabalhos retratando as formas humanas, particularmente imagens eróticas de mulheres. É mais conhecido pelo seu trabalho na série erótica de ficção científica Druuna.serpieri-rough DCF 1.0 serpieri work
Serpieri mudou-se para Roma quando jovem para estudar pintura e arquitetura na Fine Art Academy em Roma comRenato Guttuso e iniciou sua carreira como pintor em 1966, mas em 1975 ele transferiu seu foco para os quadrinhos ao assumir um cargo na revista italiana Lanciostory[1]. Um grande fã do Velho Oeste americano, com o escritor Raffaele Ambrosio, Serpieri foi co-autor de L'Histoire du Far-West ("A História do Oeste"), uma série sobre a história do Velho Oeste que foi publicada nas revistas Lancio Story e Skorpio. Alguns dos títulos foram L'Indiana Bianca (The Índio Branco) and L'Uomo di Medicina (O Homem da Medicina). A partir de 1980 Serpieri trabalhou em coleções como Découvrir la Bible, assim como em pequenas histórias para revistas como como L'Eternauta,, Il Fumetto e Orient-Express.

Ligações externas

Paolo Serpieri Eleuteri nasceu em 1944 em Veneza, muito jovem mudou-se para Roma, onde completou seus estudos em desenho, ele se tornou um estudante de Renato Guttuso. Ele está envolvido na pintura por muitos anos antes de passar para os quadrinhos em 1975, com algumas histórias para Lanciostory. Colabora na Histoire du Far West Larousse e cria a série os grandes mitos do Oeste Skorpio. Em 1985, cria a série Morbus Gravis, uma história de ficção científica que é um sucesso internacional, em grande parte graças ao protagonista dos quadrinhos, a Druuna sedutora e avassaladora.
Será homenageado no Salão Internacional de Quadrinhos na Itália ano que vem, clique aqui para informações sobre o festival em Napoles
http://picasaweb.google.com/KarpaxNikolaidis/Druuna06AfrodisiaSpanish#slideshow/5401029838025426434 http://picasaweb.google.com/data/feed/base/user/KarpaxNikolaidis/albumid/5401029786722990177?alt=rss&kind=photo&hl=pt_BR

Adenor Gondim


Biografia e comentário aqui.
adenor-gondim-seba
Dona Rola - Salvador, manhã de 3 de dezembro de 1992.


Apesar da "modernidade e da tentativa de globalização ", na Bahia ainda sobrevive ritos e costumes.
Nos dias que antecedem as festas de Santo Antônio (13 de junho), São Roque (16 de agosto) Santa Barbara (08 de dezembro) e outros santos, encontramos nas ruas de Salvador e outras cidades do Reconcavo baiano devotos com imagens e/ou ou estampas em pequenos oratórios ou arranjos com pipocas, palhas e flores, pedindo esmola para a festa do santo homenageado.
Perguntei varias vezes qual era o nome da senhora da foto "É Dona Rola ou Rola meu filho, é assim que povo me conhece é assim que o povo me chama ROLA . Mas não é a rooola que você esta pensando. É a Fogo-Pagô. Pequena, bonita e ousada. É isso .... Eu sou assim. eu sou de Iansã.
Dona Rola saia de Gameleira - Ilha de Itaparica - para pedir esmolas para a Santa Barbara nas ruas de Salvador.





agora sim, agora não! quando vai lançar isso?


!THIS PART OF BLOG IS UNDER CONSTRUCTION! BE PATIENCE
Read More...

_hedonism_taken_serious

by The Hedonist Cover Art: "Portrait of Sun Ra", oil on canvas by Paul David Elsen

World_cloud

banner

Louco ou criativo, depende de que lado voce está.
Inovador ou bizarro, ousado ou abusado, diferente ou excêntrico, qual sua imagem?

Top_blog